Veja exemplo de redação sobre o tema do ENEM 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil.
“Cenas de pais constrangidos em lojas em virtude do choro de crianças cujos desejos não foram atendidos são muito comuns em nosso cotidiano. Uma causa para tais episódios são as propagandas voltadas para o público infantil, que têm sido alvo de discussões entre vários setores da sociedade, por seu poder de influência. De fato, o consumismo precoce pode criar hábitos negativos capazes de prejudicar as crianças no futuro. Então é necessário reunir anunciantes e pais para que estabeleçam acordos que, por sua vez, minimizem o prejuízo à formação sociocultural das crianças.
É pertinente considerar, antes de tudo, que por meio de autorregulação, a indústria publicitária tende a priorizar o lucro em detrimento das crianças. Até seus quatro anos de idade, estas possuem uma conduta amoral, ou seja, não podem discernir quais as condutas morais adequadas da sociedade. Dessa forma, são vulneráveis à persuasão das propagandas que, utilizando-se de personagens, histórias infantis e até cores vibrantes, incitam-nas a consumir vertiginosamente.
Este consumir sem precedentes, no que lhe concerne, vigora com o passar dos anos até se tornar um valor para o indivíduo. Desse modo, constitui-se a cultura do “ser líquido”, termo cunhado por Zygmunt Bauman, que refere-se a tendência contemporânea de priorizar o “ter”, em oposição ao “ser”. Momentos e sentimentos tornam-se líquidos, assim como os produtos substituídos e atualizados a todo momento. A liquidez é um efeito colateral do consumo em massa que acentua a alienação.
É imprescindível, portanto, frear a propaganda perniciosa e educar as crianças com mais afinco. A primeira será alcançada por meio de fóruns de debate entre as comunidades e os anunciantes, de modo que se possa vetar anúncios capazes de influenciar as crianças. A segunda requer o envolvimento de toda a família, responsável por estabelecer limites e favorecer a reflexão.”