A pessoa detesta falar em público, não se sente nem um pouco confortável diante de um microfone ou uma plateia. Mas por influências, por não se conhecer, por falta de reflexão, decide escolher um curso em que essa competência é fundamental. Sem problemas, vai fazer uma especialização em oratória, melhorar seu ponto fraco e seguir em frente. Esse é o pensamento que define sua escolha.
O outro não tem paciência com gente. É objetivo, lógico, racional e detesta blá blá blá. É difícil para ele ficar escutando sobre crises existenciais, histórias de vida, traumas de passado. Mas então, como alguém da família tem uma empresa voltada exatamente para isso – o relacionamento com pessoas e seus problemas psicológicos – decide aproveitar a onda e escolher um curso voltado para pessoas. E tudo bem, vai administrar essa falta de paciência e ser um excelente profissional, porque se esforça para a excelência sempre! Assim ele decide…
Ela adora rotina, organização, disciplina, detesta mudanças de última hora e imprevistos. Gosta de ter o controle de sua vida, de ter um tempo definido de trabalho, com começo, meio e fim. E ao escolher a graduação, desconsidera tudo isso, que parece não ser tão importante, e decide por uma profissão totalmente dinâmica, em que tudo muda o tempo todo. Ou em que tem que viajar e se adaptar sempre. Em que de manhã nunca se sabe o que vai acontecer em seu dia… Tudo bem, vai gostar tanto do que vai fazer, que isso será só um detalhe. E assim, decide por um curso totalmente contrário ao seu perfil.
A outra detesta sangue, doenças, acidentes, quase passa mal se tiver que lidar com tudo isso. Mas decide por uma profissão, que pode “dar muito dinheiro”, em que esses são os desafios do dia a dia. Em que tem que enfrentar o que mais detesta, todo o tempo: problemas de saúde. Tem certeza de que aos poucos se acostumará com tudo isso e passará a amar esta rotina de lidar com a vida e a morte. Assim pensa e assim decide.
E ele adora arte, respira arte, sua mente fervilha de ideias inusitadas, que coloca naturalmente em prática, nas mais diversas manifestações de criatividade. Um sucesso, todos dizem. Mas como lidar com isso no Brasil, esse país tão repleto de crises econômicas? Então, busca uma profissão que realmente “dê dinheiro”. Quem sabe um concurso público? Ou um curso de gestão? Radicaliza, negando totalmente sua veia artística, que poderia ser aproveitada em dezenas de cursos, e se encaixa em uma profissão burocrática. Tudo bem, sonhos são bobagens, é preciso encarar a realidade. Este pensamento dirige suas escolhas.
Inúmeros exemplos poderiam ser dados aqui, indicando um ponto em comum entre todos essas escolhas profissionais: a decisão baseada em pontos fracos, em vez de pontos fortes. Isso é muito comum, quem trabalha com orientação profissional sabe disso. Escolhas que em geral levam a apenas um caminho: profissionais da mesmice, sem brilho, que por mais que se esforcem não se destacam. Que vão competir com pessoas que realmente fizeram escolhas baseadas em seus pontos fortes, que sairão na frente, por que são brilhantes no que fazem!
Está aí a fórmula perfeita para o fracasso profissional. Pessoas infelizes, que se sentem torturados a cada nova segunda-feira, a cada fim de férias, sonhando com a aposentadoria, que está cada vez mais distante de nossa realidade.
Se você quer ter sucesso profissional, não se iluda. Descubra seus pontos fortes, potenciais e talentos. Invista neles, e brilhe naturalmente! Não é preciso negar a realidade, deixar de ser pragmático. Há profissões fantásticas, com enormes possibilidades para todo tipo de potencial. Não conhece? É hora de descobrir!