Falar sobre saúde é essencial em qualquer sociedade, mas quando se trata da saúde masculina, ainda há muitos tabus e resistências que dificultam uma abordagem ampla e preventiva.
No Brasil, os índices de homens que procuram atendimento médico regularmente continuam baixos, e isso tem impacto direto sobre a qualidade de vida, a expectativa de vida e o diagnóstico precoce de doenças graves.
Para te ajudar nos estudos e na escrita acerca dessa temática de saúde pública, preparamos um conteúdo especial com uma redação pronta nota 1000 sobre o tema “A negligência em relação à saúde masculina no Brasil”, além do feedback completo após o texto.
Por que muitos homens não cuidam da saúde?
A negligência em relação à saúde masculina está fortemente ligada a fatores culturais e sociais que moldam o comportamento desde a infância. Muitos homens são educados sob a ideia de que demonstrar fragilidade ou buscar ajuda médica é sinal de fraqueza.
Esse padrão, associado ao machismo estrutural, contribui para a construção de uma masculinidade que valoriza a autossuficiência e o silêncio diante da dor ou do desconforto. Como resultado, a ida ao médico só costuma acontecer em situações de urgência — quando os sintomas já estão avançados e o tratamento, mais complexo.
Quais os impactos desse cenário?
Para ter uma boa noção sobre o panorama atual da saúde masculina no Brasil, confira alguns dados importantes e recentes do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Urologia, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde e do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo.
Frequência de consultas médicas
- Cerca de 46% dos homens acima de 40 anos só procuram atendimento médico quando já apresentam sintomas, o que compromete o diagnóstico precoce de doenças graves, como o câncer de próstata.
- No âmbito do SUS, esse número sobe para 58%, evidenciando a resistência à prevenção entre os usuários do sistema público de saúde.
Saúde urológica
- 59% dos homens não consultam um urologista com regularidade, mesmo sabendo da importância dessa especialidade para a saúde masculina.
- Entre os que buscam atendimento tardiamente, mais de 50% apresentam doenças em estágio avançado.
Proatividade médica
- 34% dos homens entre 20 e 59 anos não estão cadastrados em serviços de atenção primária à saúde, o que os afasta das ações preventivas básicas.
- 70% dos homens só procuram atendimento após incentivo de familiares.
Riscos à saúde e mortalidade
- Em média, homens vivem 7,1 anos a menos que as mulheres, com maior risco de morte por doenças cardíacas, respiratórias e causas externas.
- O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre homens, com projeção de cerca de 72 mil novos casos por ano até 2025.
Exemplo de redação sobre o tema: A negligência em relação à saúde masculina no Brasil
Agora, para se inspirar, leia uma redação pronta nota 1000 sobre o tema “A negligência em relação à saúde masculina no Brasil”:
O escritor Gilberto Dimenstein aponta, em sua obra “O Cidadão de Papel”, que os direitos e os deveres presentes na Constituição Federal de 1988 não são colocados em prática plenamente e, desse modo, permanecem inertes – apenas no papel. Analogamente, desafios para o enfrentamento da negligência em relação à vitalidade masculina no Brasil são exemplos claros dessa falha na aplicação dos princípios constitucionais, mais especialmente no que se refere à norma legal da saúde. Sendo assim, é preciso analisar como tal problemática surge em decorrência da falta de medidas estatais e da pouca repercussão midiática sobre o tema.
Sob este viés, evidencia-se como a carência de providências governamentais agrava o bem-estar dos homens no país. Nesse contexto, é necessário observar a sociedade brasileira sob a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman. Acerca dessa lógica, as instituições sociais perderam a capacidade de garantir os direitos inicialmente propostos. Assim sendo, essa precarização geral de garantias legais resulta na ausência de políticas públicas voltadas a prevenir os riscos causados pela indiferença dos brasileiros com a saúde. Diante disso, de acordo com informações coletadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os índices do sexo masculino indicam que não se considera necessário fazer exames de rotina e inventam desculpas para não comparecer em hospitais, mas nada é feito para mitigar tal pensamento conservador. Por conseguinte, devido à limitada intervenção estatal, essa lei (de saúde) permanece em estado de estagnação. Em vista disso, é urgente que o governo implemente políticas efetivas para reverter essa realidade.
Ademais, tais adversidades resultam da falta de abordagem midiática sobre o assunto. Nessa conjuntura, consoante ao site de notícias G1, aproximadamente 40% da população total de homens vão a consultas com especialistas rotineiramente. Logo, apenas uma pequena parcela de brasileiros consegue se prevenir de doenças e garantir uma melhor qualidade de vida. Nesse viés, cabe citar o filósofo Karl Marx e sua premissa do Silenciamento dos Discursos, a qual afirma que os meios de comunicação de massa ocultam temas importantes, priorizando tópicos superficiais. Conforme essa abordagem, a falta de visibilidade prejudica a conscientização e a mobilização social em torno da importância da prevenção de condições graves por aqueles que não buscam cuidados – apenas quando o caso já está agravado. Consequentemente, é urgente reduzir essa retenção temática e promover um debate mais amplo e informado sobre a saúde, contribuindo para a vitalidade dos homens.
Conclui-se, portanto, que é fundamental a criação de alternativas para melhorar o impasse citado. Para isso, é papel das agências de comunicação, como noticiários televisivos e canais de imprensa em diversas plataformas, que têm a responsabilidade de informar e de conscientizar a população, destacar a importância do enfrentamento da negligência em relação ao bem-estar masculino no Brasil. Destarte, essa ação deverá ser efetuada por meio de vídeos e de debates com especialistas na área. Assim, o objetivo é propor a implementação de medidas estatais e o aumento da cobertura midiática sobre o tema para garantir a saúde aos brasileiros, antagonicamente à fala de Dimenstein. Dessa forma, espera-se uma sociedade mais saudável.
Comentários sobre a correção da redação
Veja os comentários do corretor sobre a redação.
Competência I: demonstrar domínio da norma culta
- Seu texto apresentou precisão vocabular e obedeceu às regras gramaticais. Parabéns! O domínio da norma culta será fundamental para construção de sua nota no exame do ENEM.
Competência II: compreender a proposta
- Muito bom! Seu repertório sociocultural foi apresentado no texto de maneira produtiva.
- Apresentou boa compreensão da proposta, atendendo à delimitação temática.
- Atenção: Evite se limitar aos argumentos propostos nos textos motivadores. É fundamental que traga seu conhecimento de mundo para o texto para demonstrar repertório sociocultural próprio.
Competência III: selecionar e relacionar argumentos
- Muito bem! Explicitou logo na introdução a tese a ser defendida.
- Ótimo! Apresentou um argumentos válidos, completos e muito produtivos à argumentação.
Competência IV: conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação
- Bom uso dos conectivos!
Competência V: elaborar a proposta de intervenção para o problema
- Ao resolver os problemas apresentados na argumentação, você demonstra conhecer os aspectos necessários para elaborar uma boa proposta de intervenção. Para se manter focado, sugiro que sempre volte aos parágrafos de desenvolvimento e procure dar soluções para os problemas de acordo com a ordem em que eles aparecem e diga o que fazer, quem vai fazer, quais são os meios e quais são os resultados.
Nota
1000
Parabéns! Seu texto é bastante consistente e recebeu a nota máxima da nossa equipe de especialistas. Continue praticando e melhorando a cada dia!
Foto do post: Reprodução/pressfoto/Freepik