A revolução digital e seu impacto na educação são assuntos cada vez mais recorrentes nas escolas. De um lado, uns argumentam a necessidade do uso das tecnologias para potencializar o aprendizado. De outro, há quem defenda que isso poderá favorecer a distração dos alunos — vamos combinar que fazê-los manter a atenção na aula tem sido um dos maiores desafios dos professores em sala.
Para colaborar nessa análise, o blog Imaginie foi atrás de algumas informações que poderão ajudar as escolas a compreender melhor esse desafio e pensar numa saída positiva, sobretudo, diante da cobrança de alavancar o desempenho no ENEM.
Busca (incessante) pelo foco dos alunos
Estudos já demonstraram que a atenção do aluno na aula pode ter a duração média de 10 a 20 minutos. Outro dado apresentado por Daniel Goleman, no livro “Foco”, também nos convida a uma séria reflexão: ao ler qualquer material, em média, temos de 20% a 40% de atenção, o que torna muito baixa nossa capacidade de assimilação. Adicione a essas duas percepções os fatores externos que podem atrair o foco dos estudantes em sala.
Ninguém nega que se trata de uma combinação desafiadora: cada vez menos atenção por parte dos alunos e muita cobrança por uma boa média geral dos estudantes na prova do ENEM. No entanto, os dados acima reforçam que vencer a distração e manter o foco deles é uma questão bem mais atrelada ao comportamento humano. Tanto que alguns especialistas defendem que estamos numa era da economia de atenção. Ou seja, disputamos o tempo todo a atenção das pessoas (e nós, educadores, estamos com esse desafio também).
Geração cada vez mais conectada
A consultora em tecnologia na Educação e palestrante Martha Gabriel escreveu um livro que traz perspectivas bem interessantes ao tema, intitulado: “Educ@r — A Revolução Digital na Educação”. Entre as informações trazidas por ela, destaca-se uma bem intrigante: há casos em que crianças de seis meses já interagem com tablets e, pasmem, fazem até selfies (aquele autoretrato). A escritora enfatiza que os mais novos chegarão à escola com essa atitude e, se não estivermos preparados, não saberemos como despertar o interesse deles.
Entende-se por não estar preparados, não somente a questão estrutural que é, sim, importante para que sejam incluídas as novas tecnologias na educação, mas principalmente a capacitação dos docentes para que usem esses dispositivos em apoio ao processo de aprendizagem e não sejam dominados por esses aparelhos. Até por conta disso, Martha defende que o foco das escolas não deve ser somente na ferramenta. Em outras palavras, se não houver um preparo de como os professores e alunos podem utilizar tecnologias com foco educacional, todo esse esforço pode não colaborar no desenvolvimento dos estudantes.
Criatividade para aliar educação e tecnologia
Buscar saídas inovadoras, que sejam adaptadas ao contexto da sua escola, é o primeiro passo para entender essa transformação da educação. Olha que exemplo interessante: valendo-se da tecnologia, uma escola procurou uma associação de idosos nos Estados Unidos para propor que estes falassem pela internet (por um canal de vídeo) com alunos brasileiros. A proposta partiu de fazer uma aula de inglês diferenciada, colocando os estudantes para treinarem o idioma. A iniciativa também colaborava com os idosos, muitas vezes, sozinhos e que gostam de compartilhar sua experiência de vida com outras pessoas. Bom para todo mundo, não é mesmo?
Há inúmeras oportunidades de aproveitar com criatividade o uso das tecnologias no ambiente escolar. É preciso, no entanto, investir em capacitação para que usemos esses dispositivos como aliados e não como adversários.