Leia atentamente os textos a seguir:
Texto 1
Vou contar uma história: uma senhora ficou presa na porta giratória do banco e fez um boletim de ocorrência de constrangimento ilegal. O banco mandou uma estagiária à delegacia para verificar. Tempo depois, ela foi convocada para ir ao tribunal como se fosse autora do fato! Amedrontada, ela aceitou imposição de pagamento de cestas básicas e a proibição de sair da cidade por determinado prazo! O promotor mal leu os autos: pegou o primeiro nome que viu e convocou para tentar um acordo, para terminar logo o processo e esvaziar a prateleira! Em geral, essa rapidez tem significado injustiça, não justiça. O problema não é só acelerar os processos de quem tem acesso à Justiça, é levar a Justiça à maioria da população que não tem acesso a ela.
LOYOLA, Leandro. Júizes sob controle. Época, 2 de fev. 2004, p. 27. Entrevista de Miguel Reale Júnior.
Texto 2
Texto 3
A justiça está em crise? Sim, a justiça escrita está em crise. Os papéis avolumaram-se, os registros acumularam-se, as decisões de tantos legisladores e intérpretes foram formando uma montanha densa de enigmas e impossibilidades, até o ponto em que os tribunais inferiores, não sabendo o que fazer, têm de chutar cada vez mais os problemas para os escalões superiores e estes, como se fossem deuses, têm de arbitrar o inarbitrável, inteligir o ininteligível e produzir justiça desde o acúmulo de injustiças. A última coisa que eu desejaria ser, hoje, é ministro do Supremo Tribunal Federal. Contaram-me que cada uma dessas criaturas tem de examinar, em média, oito processos por dia. Algum de vocês já teve de tomar na vida uma decisão forçada pela urgência das circunstâncias? Pois esses senhores tomam uma atrás da outra, incansavelmente, movidos a comprimidos para não dormir e a enxertos de pontes de safena. Sim, a justiça dos homens letrados está em crise.
CARVALHO, Olavo de. Entrevista. Fonte: Buscas na Internet. Disponível em: http://pensadoresbrasileiros.home.comcast.net/OlavoDeCarvalho/19990826-AJustiçaBrasileiraPeranteANovaOrdemMundial.htm
Texto 4
O Poder Judiciário está sob ataque intenso – Executivo, Legislativo, mídia, até de bandidos! – que lhe visa o alicerce: a independência. A mídia espetacular não perdoa, pune, sem que lhe sejam exigidos ponderação, bom senso, educação, porquanto não lhe foi atribuído o poder de julgar. […] O controle externo atinge a independência do poder inerte da República, que é garantia antes do cidadão do que do juiz, a maior, diga-se. […] Juiz é trabalhador e honesto, em regra, constituindo o corrupto exceção intolerável. Violência, mesmo nas palavras, só gera mais violência. Que a mídia utilize sua força moral para auxiliar o poder a estruturar o mais evoluído dos controles: a democracia interna. Divulguem os casos de corrupção, preservem a imagem e a dignidade das pessoas, preservem a instituição da qual a democracia não prescinde para sobreviver, preservem a autoridade do juiz. Não ajudem a destruir a última barreira do cidadão frente ao abuso de poder, ajudem a aumentar a sua força para que atinja a todos, até os poderosos. […] Precisamos ampliar a competência do júri para julgar crimes de agentes públicos. Júri, exemplo de democracia interna, entre muitos.
BARBOSA, Alexandre Dalberto. Ataque ao Judiciário. Caros Leitores. Caros Amigos. Dez., 2003.