REDAÇÃO: O MARKETING DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS DESTINADO AOS JOVENS – PM GO (2003)
Relacionar bebidas alcoólicas a temas como alegria, juventude e sexualidade sempre foi uma estratégia eficaz utilizada pela propaganda para atrair novos consumidores. Nos últimos anos, contudo, o alvo dessa estratégia tem sido jovens e adolescentes, a despeito da lei que proíbe a venda de álcool a menores de 18 anos. A mais recente e importante investida da indústria de bebidas na busca de consumidores jovens brasileiros foi a introdução no mercado, a partir de 99, dos produtos “ices”, que misturam vodca, uísque, rum e cachaça com sucos, água ou qualquer outro líquido que dilua o álcool e disfarce seu sabor acentuado, tornando-o mais tolerável ao paladar juvenil.
Sobre esse assunto, apresentamos, abaixo, uma coletânea de textos. Leia-a atentamente, pois ela poderá contribuir para o desenvolvimento da sua redação.
TEXTO 1
Hoje, tratam-se crianças e adolescentes como adultos a não existe assunto ao qual não tenham acesso. Ainda que muitas vezes tenhamos vontade de mandá-las para fora da sala, prendê-las no quarto, só que é politicamente incorreto. E nada mais terrível que ser politicamente incorreto. Jornais, revistas, rádios e TVs atiram sobre crianças e jovens apelos sedutores para os quais eles não têm defesa. Não são como Ulisses que tapou os ouvidos para não ouvir o canto das sereias. Nem há como, seria necessário andar de olhos e ouvidos tapados. Culpar a quem? A indústria produz, o comércio precisa vender, os publicitários devem fazer campanhas… É o ciclo.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Os novos tiranos. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 1997. Revista de domingo. [Adaptado].
TEXTO 2
Beber, os adolescentes vão beber sempre. O importante é ajudá-los a não perder aulas, a não se envolver em violência, a não dirigir embriagados, a não transar sem camisinha. Se possível, fazer com que não caiam sobre seus próprios vômitos no banheiro. São lições que, por envolverem segurança e saúde dos adolescentes, deveriam constar do currículo das escolas e universidades. De forma simples, esse é o conceito de redução de danos aplicado ao álcool, ideia ainda polêmica que vem se espalhando no mundo e que no ano passado mereceu o primeiro encontro internacional, justamente no Brasil. “Uma vez que o beber está presente na sociedade, é melhor que se comece a ensiná-lo na escola”, afirma Florence Kerr-Corrêa, titular de psiquiatria da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
LEITE, Fabiane; BIANCARELLI, Aureliano. Em SP, programa ensina jovem a beber. Folha de S. Paulo, São Paulo, fev. 2003. [Adaptado].
TEXTO 3
É possível mostrar estratégias de prevenção aos riscos do álcool em uma propaganda de bebidas? O setor publicitário, apesar de reconhecer os riscos, diz que não vislumbra a idéia, defendida por alguns especialistas em álcool e drogas. “Isso é impossível. Os fabricantes não irão concordar. É contradição com o que está sendo anunciado, explicar o prazer e depois o desprazer, a alegria e a depressão”, diz Sérgio Amado, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade. Para ele, a publicidade não é “agente” na prevenção aos possíveis danos do álcool. “Se houver uma base extraordinária em casa, tudo é discutido. Você vai ensinar que a bebida é um instrumento de prazer momentâneo. A indústria da propaganda é instrumento de comunicação. O papel da educação é do Estado”, diz Amado.
LEITE, Fabiane; BIANCARELLI, Aureliano. O primeiro gole. Folha de S. Paulo, São Paulo, fev. 2003. [Adaptado].
TEXTO 4
Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2001, sobre o marketing de álcool para jovens mostra que a indústria tem esse mercado como algo crucial para maximizar as vendas. Segundo a OMS, para pessoas jovens, cinco minutos extras de exposição à propaganda do álcool na TV por dia estão associados a um aumento no consumo diário de álcool de cinco gramas. Assim, ao ver na telinha um jovem bebendo no gargalo uma Smirnoff Ice, outros jovens poderiam ser induzidos a achar que podem fazer o mesmo com as bebidas de maior teor alcóolico. Assim, conforme Mônica Gorgulho, psicóloga e presidente da Rede Brasileira de Redução de Danos, “os jovens não estão preparados para entender os danos da propaganda”.
LEITE, Fabiane; BIANCARELLI, Aureliano. O primeiro gole. Folha de S. Paulo, São Paulo, fev. 2003. [Adaptado].
Como você pode depreender da leitura da coletânea, o aumento do consumo de bebidas alcóolicas tem feito ressurgir uma antiga polêmica a respeito da influência do marketing para crianças e adolescentes. Participe do debate sobre esse assunto. Para tanto, elabore um texto DISSERTATIVO abordando o seguinte tema: