REDAÇÃO DE CONCURSO – ESCOLA SEM PARTIDO: DOUTRINAÇÃO OU NEUTRALIDADE?
Texto I
Trecho da entrevista de Miguel Nagib, membro da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo – órgão subordinado ao governo paulista e um dos idealizadores do projeto:
UOL – O debate sobre o Escola sem Partido tem hoje um campo bastante acirrado de discussão nas redes e mesmo no resultado parcial da consulta pública do Senado. Isso o surpreende?
MIGUEL NAGIB – Surpreende em certo sentido, porque me pergunto: como alguém pode votar contra esse projeto? Quem é contra, reivindica os direitos que o programa nega ao professor – o de se aproveitar da presença obrigatória dos alunos em sala para promover seus próprios direitos, opiniões, preferências ideológicas ou políticas.
Em suma, o direito de fazer propaganda política dentro da sala de aula. Quem faz oposição são professores que não querem e não aceitam os limites colocados pelo programa – defendem, portanto, o direito de praticar essas condutas. Não há outra posição lógica a essa visão. Mesmo discordando do programa, vejo que alguns professores não querem que seus alunos fiquem sabendo que essas obrigações existem – porque não querem que a sua autoridade seja confrontada”.
Texto II
Trecho da entrevista de Renato Janine Ribeiro, professor de Ética da USP (Universidade de São Paulo) e ex-ministro da educação na gestão de Dilma Rousseff (PT).
UOL – O senhor já se manifestou criticamente sobre o programa Escola sem Partido em algumas ocasiões. Por quê? E o que acha do acirramento que virou o debate sobre o assunto nas últimas semanas?
RENATO JANINE RIBEIRO – O ponto principal para mim é o seguinte: existem muitas questões sérias sobre educação, e a respeito das quais o mais importante para a sociedade é a soma em relação a elas. E isso para se pensar em um crescimento tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional.
A matemática é uma das chaves do crescimento das pessoas em seus futuros empregos ou profissões, por exemplo, como a literatura e a história são muito importantes para o crescimento de sua vida pessoal. Discutir o que o sujeito vai ter como conhecimento é fundamental – é isso que norteia os debates sobre a Base Nacional Comum Curricular. Mas essa é uma discussão séria.
O programa Escola sem Partido não é sério: ele é uma forma de chutar para escanteio as questões educacionais realmente importantes, subordinando-as a questões de ideologia ou doutrinação. A educação básica tem que ser baseada em dois pilares: o conhecimento científico ou rigoroso, quando você tem que ensinar à criança e ao adolescente química e matemática como ciências de descoberta – e em ciência se incluem também debates ou polêmicas, ela não é um conjunto de verdades acabadas.
Por outro lado, há um outro pilar, os dos valores, no qual há que se ensinar aos alunos, basicamente, os valores contidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Com base nos fragmentos, produza uma redação de caráter dissertativo-argumentativo que extrapole seu ponto de vista sobre o tema.