Veja exemplo de redação do vestibular de 2016 da UERJ.
A criticidade frente à opressão histórica e o exercício da reflexão
A análise de períodos em que prevaleceram governos opressores, os quais cerceavam a liberdade do indivíduo e faziam se valer dos mais diversos métodos de violência para garantir isso, demonstra a importância que se faz no presente da existência de regimes democráticos e de uma conscientização por parte da sociedade sobre problemas originados durante essas épocas. Contudo, tal reflexão mostra se falha quando são consideradas as causas para o surgimento dessas ditaduras, o que alerta para a possível repetição de certos fatos históricos na contemporaneidade.
Assegurar os exercícios da democracia foi uma das bandeiras levantadas pelos militares ao assumirem o poder no Brasil, em 1964. Por mais que seja contraditório, essa postura foi legitimada por diversos movimentos, a exemplo da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu grande número de manifestantes a favor da saída de um presidente legítimo por uma suposta democracia. A partir disso, o que se viu foi um período de dura repressão que ainda é apoiada por alguns grupos na atualidade, tanto no Brasil como em outros países que também passaram por ditaduras. Frase como “bandido bom é bandido morto” é resquício desses períodos que se mantiveram no comportamento da sociedade atual, que, por diversas vezes, difunde a cultura do preconceito e da violência, caminho que vai de encontro aos princípios democráticos da tolerância, cooperação e igualdade.
Ainda nessa perspectiva, torna-se extremamente necessário o conhecimento por parte da população desses acontecimentos, visto que a origem de aceitação de ditaduras no século XXI deve-se, principalmente, à ignorância. A partir disso, o acesso a uma educação crítica proporciona um maior entendimento sobre o passado, de forma a impedir que a história torne-se um ciclo de tragédias, injustiças e violências constitucionais. Assim como afirmou Paulo Freire, uma educação que não é libertadora produz opressores, portanto, deve ser ela a base para uma mudança no pensamento social para que se compreenda o que Winston Churchill já havia reconhecido, décadas atrás: a democracia, por pior que seja, é melhor que todas as outras formas de governo.
Diante do exposto, é preciso apagar essa herança histórica de violência e opressão para dar espaço a governos verdadeiramente democráticos. O sujeito social deve ser capaz de analisar sobre os movimentos atuais que ainda se sustentam em ideologias contrárias à liberdade, igualdade e justiça. Por tudo isso, uma educação que forme indivíduos críticos em relação a história da nação é fundamental. Com essa mudança de pensamento, será possível tornar real o que já afirmou Paulo Freire: “A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas mudam o mundo.”