Embora o Enem seja a porta de entrada para diversas universidades do país, algumas instituições de ensino superior têm vestibular próprio. Esse é o caso da Universidade de São Paulo (USP), que realiza seu processo seletivo pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest). Nesse sentido, decidimos reunir alguns exemplos de redação Fuvest!
Como funciona a redação Fuvest?
Assim como o Enem, a Fuvest exige dos participantes a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Contudo, no vestibular da USP, você não precisa desenvolver uma proposta de intervenção.
Para ter um bom desempenho, você deve elaborar introdução, desenvolvimento e conclusão, além de demonstrar capacidade para argumentar, expor ideias, exemplos e opiniões que sustentem sua tese.
Outra diferença entre os exames em questão é que, no vestibular da USP, você também precisa desenvolver um título para sua redação. No topo da folha, há uma linha especialmente para isso, então lembre-se de ser criativo!
Exemplos de redação Fuvest para você se inspirar
Para te ajudar a desenvolver uma excelente redação e ingressar na USP, reunimos alguns exemplos de redação Fuvest que você precisa conferir. Veja abaixo:
2019: A importância do passado para a compreensão do presente
A proposta era produzir um texto sobre os impactos do passado no entendimento que se tem do presente.
Título: Releitura renascentista
Compondo uma extensa riqueza nacional, as escolas literárias brasileiras ficaram marcadas por realizarem, em algum nível, uma quebra com os padrões de produção escrita antecedentes. Essas constantes mudanças de rumo tomadas ao longo do tempo se pautaram em compreender urgências na substituição de conceitos ultrapassados. Nota-se, a partir disso, um claro exemplo da aplicabilidade do passado no entendimento do presente, princípio esse que deve se estender a todos os aspectos que compõem o cotidiano sociocultural humano.
A priori, é necessário frisar que, assim como há muito já afirmava o filósofo Edmund Burke, a falta de ampla compreensão acerca do passado implica em tendência à recorrência de seus erros no presente. A respeito disso, exemplifica-se hodiernamente uma constante perpetuação de preconceitos enraizados no Brasil, fato que está intimamente relacionado ao descaso em relação à manutenção do patrimônio histórico nacional – apenas 20% do capital necessário é destinado a essa área, de acordo com o canal de comunicação O Globo. Dessa maneira, comprova-se que a negligência do passado corrobora as incoerências do presente.
A posteriori, salienta-se o importante papel exercido pelo passado não somente em compreender o presente, como também em desenvolver aspirações futuras, sobretudo ideológicas. Com base nessa premissa, pode-se apontar para o Renascimento, cuja ligação com a cultura antiga viabilizou a efervescência da racionalidade e, consequentemente, a construção do mundo moderno. Toma-se, então, como relevante a conexão com o passado na fortificação das bases ideológicas para a construção dos tempos que ainda estão por vir.
Conclui-se, portanto, que o passado se configura como o parâmetro mais adequado a ser considerado na compreensão do presente e confecção do futuro, de forma que, ao ser adquirido amplo entendimento acerca de suas raízes históricas, todos os povos poderão, decerto, renascer sob influência delas, originando um futuro sem a recorrência de inconsistências.
2018: Devem existir limites para a arte?
A proposta era responder à seguinte questão: “Devem existir limites para a arte?”.
Título: Liberdade e respeito
A exposição de arte “Queermuseum”, apresentada em Porto Alegre, foi alvo de polêmicas no país, devido às inúmeras acusações de apologia à pedofilia e à zoofilia. Assim, fica claro que, apesar dos malefícios gerados pela limitação da arte, é necessário refletir sobre as possíveis infrações da lei, visto que no Código Penal do Brasil são condenadas certas incitações. Dessa forma, a análise acerca de tal problemática, intrinsecamente ligada a aspectos culturais, é necessária.
Por um lado, convém ressaltar os prejuízos provocados pela censura. Entre eles estão a ameaça à liberdade de expressão e o agravamento da alienação de indivíduos, uma vez que a remoção de informações da circulação pública corrobora para a ignorância e ausência de repertório cultural por muitos. Tal quadro é evidenciado pela manipulação social da massa resultante do veto de 1650 obras, durante o golpe militar, segundo o jornalista e escritor Zuerin Ventura.
Por outro lado, é válido lembrar que, de acordo com a Constituição brasileira, todos os princípios devem ser relativizados, ou seja, é preciso observar o contexto no qual determinada exibição artística enquadra-se, para que não se promova princípios ilegais. Sendo assim, casos como o da apresentação “La Betê”, na qual uma criança interagiu na performance do artista Wagner Shautz que estava nu, infringem a lei, visto que é crime permitir que um menor de dezoito anos frequente espetáculos capazes de pervertê-lo.
Portanto, percebe-se que a censura corrobora para uma sociedade sem liberdade de expressão, política e religiosa. Ainda assim, é notória a importância de garantir que a arte não viole qualquer lei, para impedir que outro indivíduo se sinta desrespeitado. Logo, garantir que tal equilíbrio ocorra, minimizará os casos de polêmica, envolvendo diferentes visões sobre determinada exposição, e ampliará o conhecimento cultural do país.
2015: “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia
A proposta era redigir uma redação sobre a segregação de classes sociais distintas.
Título: “Camarotização”: a filha da desigualdade social
Conforme o artigo 5° da Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, ou seja, todas as pessoas deveriam receber os mesmos direitos. Entretanto, essa norma não condiz com a realidade. Haja vista que, no Brasil, os indivíduos são separados em classes sociais, a “camarotização” se torna cada vez mais evidente. Com isso, de Engels, no século XIX, a Racionais, no final do século XX, ambos escancaram a horrenda segregação da população entre: os mais afortunados e os desfavorecidos.
Em primeiro plano, é cabível citar que Engels, no livro “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, descreve os malefícios do avanço desenfreado do capitalismo sobre os trabalhadores. Tendo em vista que, por não existirem leis trabalhistas, os operários eram extremamente explorados. Em contrapartida a essa injustiça, a burguesia enriquecia imensuravelmente. Perante a isso, os burgueses tinham acesso aos melhores alimentos, às roupas de qualidade, às moradias decentes e luxuosas e, além disso, possuíam dinheiro e tempo para usufruir da cultura.
Ademais, considerando-se que essa disparidade não se restringiu à Inglaterra, no final do século XX, o grupo de “rap” Racionais Mc’s abala a sociedade com suas músicas que retratam a realidade da desigualdade social no Brasil. Assim, na obra “Fim de semana no parque”, os artistas explicitam as diferenças entre os brasileiros pobres e ricos, através de frases como “olha só aquele clube que da hora, olha o pretinho vendo tudo do lado de fora”. Com isso, conclui-se que os moradores da periferia representados como o “pretinho”, não compartilham dos benefícios das classes mais abastadas, como o clube citado na canção.
Infere-se, portanto, que, apesar da existência de leis, como o artigo 5° da Constituição supracitado, a “camarotização” da sociedade brasileira perdura até a atualidade. Em suma, torna-se imprescindível dizer que esse processo capitalista e elitista provém da hedionda disparidade social.

[MAPA MENTAL]
Estrutura da redação: conheça as características dos principais gêneros textuais que aparecem nos vestibulares
2014: Idosos
A proposta era avaliar as falas do então ministro de finanças do Japão, Taro Aso, que criticou o papel do Estado para com sua população de idosos, no que diz respeito às despesas médicas.
Título: Idosos são a raíz da sociedade
O discurso de Taro Aso propõe que os idosos devem morrer mais rapidamente para reduzir os gastos públicos. Dessa forma, ele apresenta diretamente, um dos reflexos da sociedade industrial, que é a liquidez moderna, que defende que tudo o que não gera ganho no momento tem que ser eliminado. Com isso, deixa-se de levar em consideração que idosos não são produtos do meio de produção, mas sim, pessoas.
Primeiro, deve-se ressaltar que esse discurso fere princípios da ética, já que pessoas que contribuíram tanto para a sociedade no passado não têm seus direitos assegurados e são tratadas como um peso. A ideia de contrato social ensina que partes da liberdade devem ser cedidas por todos os cidadãos para que os mesmos tenham direitos dentro da sociedade. Comparando com os idosos, que, em sua idade produtiva, trabalharam e fizeram o país crescer, a parte do “contrato” por parte do Estado não está sendo respeitada, já que os idosos têm direito ao apoio à saúde do Estado e ele está sendo limitado.
Em outro ponto, os idosos são fontes inestimáveis de conhecimento sobre a vida, tanto na visão filosófica como na prática, por já terem vivido mais e como consequência, aprendido mais. Reduzir os idosos a um “peso” faz com que a sociedade não apenas ignore seus direitos, mas também, a história da sociedade em que se vive. Com isso, deixa-se de aprender com os erros do passado e há o atraso do avanço da sociedade para o futuro como um todo.
Portanto, os idosos, que tanto contribuíram na construção do mundo atual e que podem ensinar tanto para o aprimoramento dos mais jovens como humanos, não devem ter seus direitos questionados, mas sim respeitados e honrados. Se não fosse por eles, a sociedade não teria chegado ao nível de desenvolvimento atual. Além disso, todos devem escutar com mais atenção ao que os idosos têm a falar, já que os idosos são as raízes de todas as sociedades.
Esperamos que você tenha gostado e aprendido com os exemplos de redação Fuvest que trouxemos para você. Agora, que tal contratar um dos nossos planos para treinar bastante e conquistar a tão sonhada vaga na USP?