Além de ser uma excelente estratégia argumentativa, a utilização de dados para redação é sempre cobrada pelos corretores em provas como o Enem ou outros vestibulares. Por isso, é fundamental que você saiba em quais locais pesquisá-los e o que evitar na utilização dessas informações para não receber penalizações.
Mas, afinal, como fazer uma redação apresentando dados? No artigo de hoje vamos falar sobre isso e dar exemplos desse tipo de informação que podem ser utilizados em 4 temas diferentes. Vamos lá?
Por que apresentar dados para redação?
Se os dados vêm de fontes confiáveis, eles servem como base estratégica para comprovar seus argumentos na produção textual.
Quando se trata de uma redação que tem o objetivo de convencer o leitor ou corretor de que a sua ideia é válida, como é o caso do texto dissertativo-argumentativo — cobrado em diversos exames, como no Enem, na Fuvest e na Unesp, por exemplo —, você precisará defender a sua tese no desenvolvimento da produção.
Nesse ponto, os dados para redação podem dar credibilidade à sua defesa, demonstrando que você tem conhecimento sobre o assunto e dando autoridade ao seu argumento. Por isso, é fundamental selecioná-los bem.
Quais dados utilizar?
É fundamental que os dados para redação tenham sido retirados de fontes confiáveis, como é o caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo. Com a disseminação das fake news, é cada vez mais necessário a averiguação das informações para não falar nada que não seja verdade e acabar sendo penalizado por isso.
Você pode pesquisar esses dados quando for estudar sobre determinado possível tema de redação e fazer mapas mentais com as informações, o que te ajudará a memorizar as principais informações.
Ah! E não podemos deixar de citar que você também pode usar os dados apresentados nos textos de apoio do próprio Enem, quando for possível e necessário. Basta que você interprete essas informações e as coloque em seu texto com as suas próprias palavras.
Como apresentar os dados na redação?
Não existe uma regra fixa sobre a apresentação de dados para redação no Enem, pois o próprio Exame não delimita um espaço para a colocação desses elementos no texto.
Portanto, cabe a você avaliar o modo como as outras informações do texto estão dispostas e analisar em qual posição os dados terão maior relevância, destaque e coerência.
No geral, essas informações são dispostas nos parágrafos de desenvolvimento do texto, quando são utilizadas como estratégia argumentativa. Porém, também é possível utilizá-las na introdução, por exemplo, com o objetivo de apresentar o tema que será abordado.
Quer um exemplo? Confira, abaixo, um trecho retirado de uma redação do Enem 2017, cujo tema era “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.
Outro aspecto a ser discutido são os cursos de licenciatura, voltados para a formação do profissional que atuará como professor, que apresentam uma defasagem no ensino de metodologias que respeitem a condição de pessoas com deficiências, como os surdos. Devido a isso, os docentes não são aptos a atender às necessidades específicas desses alunos, o que acaba os desmotivando. Como consequência disso, as taxas de evasão escolar crescem. Em 2010, o Censo apresentou dados que apontam que 61% das pessoas com deficiência com 15 anos ou mais não possuem o ensino fundamental completo ou não tiveram acesso a qualquer nível de instrução. Tal problemática representa um grave retrocesso.
O exemplo acima é um parágrafo de desenvolvimento, o terceiro da redação em questão (você pode ver o texto completo aqui).
O dado, ao final, destacado em negrito, é de uma fonte confiável (Censo = principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios do Brasil por meio do IBGE).
Além disso, ele justifica a crítica feita: crescimento das taxas de evasão escolar como consequência da defasagem na formação dos profissionais licenciados.
Assim, você consegue perceber que houve um propósito para a apresentação da ideia. A partir disso, podemos considerar que houve um uso produtivo de repertório na argumentação.
Dados para redação: 4 temas em que você pode aplicá-los
Agora que você já aprendeu como apresentar os dados para redação no Enem, vamos conhecer algumas dessas informações que você pode utilizar em seu próprio texto?
1. Tema: objetificação da mulher na publicidade
- Segundo dados de uma pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão e Instituto Data Popular, 84% dos respondentes concordam que o corpo da mulher é usado para a venda de produtos nas propagandas de TV, mas apenas 58% entendem que a mulher é representada como objeto sexual nessas campanhas.
- Uma pesquisa publicada na Psychological Science em 2013 mostra que há uma tendência de as mulheres que apresentam altos níveis de auto-objetificação serem, consequentemente, menos ativas socialmente.
- Segundo dados de um estudo realizado pela agência Heads Propaganda, apenas 5,13% dos comerciais empoderam mulheres. Isso significa, portanto, que cerca de 21 milhões de reais do investimento em mídia são gastos com peças que reforçam estereótipos de gênero.
2. Tema: como lidar com o medo atômico
- A Convenção de Armas Químicas (CAQ), como também ficou conhecido o tratado assinado em Paris, determina a proibição total da preparação, fabricação, armazenamento e uso das armas químicas. Tendo entrado em vigor em 1997, foi assinada por 191 países após muitas negociações.
- De acordo com dados do Instituto de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (SIPRI), as armas nucleares estão em poder de nove países. Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, China, Israel e Coreia do Norte armazenavam no começo de 2017 quase 15.000 dispositivos desse tipo.
3. Tema: o histórico desafio de se valorizar o professor
- Segundo dados do INEP, por meio do Censo Escolar e do Ministério do Trabalho, 99% dos professores brasileiros ganham em média menos de R$ 3,5 mil.
- Dados do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) apontam que o Brasil corre um sério risco de ter um “apagão de professores”. O número de alunos que ingressam em cursos de licenciatura presenciais caiu 10% entre 2010 e 2016. Nesse mesmo período, o número de concluintes dos cursos de licenciatura caiu 7,6%.
- Segundo dados do movimento Todos pela Educação, professores de nível superior recebem o equivalente a 54,5% do que ganham outros profissionais com o mesmo nível de formação.
4. Alternativas para reduzir o analfabetismo funcional no Brasil
- Segundo dados do Instituto Paulo Montenegro e da ONG Ação Educativa, no Brasil, apenas 8% das pessoas em idade de trabalhar têm plenas condições de compreender e se expressar, ou seja, oito a cada grupo de 100 indivíduos da população.
- Em 2012, o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa divulgaram o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) entre estudantes universitários do Brasil. O resultado alarmante define que o número chega a 38%, o que reflete a formação de profissionais que não são realmente capacitados, uma indicação do sucateamento das universidades do país e da educação de básica ainda precarizada. Ou seja, quase a metade das pessoas que concluem nível superior no Brasil não dominam plenamente a escrita e a leitura de textos mais longos ou complexos, o que implica na atuação profissional posterior.
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