Desde 2014, especialistas afirmam que o Brasil vive a pior crise hídrica da sua história, mesmo contendo ⅕ das reservas hídricas do mundo. As causas para esse problema são variadas, e podem ser entendidas como sintomas de um problema maior: a falta de cuidado com os recursos naturais.
Neste conteúdo, você aprende tudo o que precisa saber sobre a crise hídrica, desde as suas causas até potenciais formas de revertê-la. Além disso, confere dicas para aumentar o seu repertório sociocultural e uma redação pronta sobre o tema. Continue lendo para saber mais!
O que é a crise hídrica?
Crise hídrica é o nome dado ao fenômeno da falta de água nas grandes cidades que vem se intensificando nos últimos anos. De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2024, a demanda por água potável aumenta 1% ao ano, o que torna o problema da escassez ainda mais urgente.
No Brasil, associamos a crise hídrica à seca e somos levados a pensar que esse é um problema que atinge sobretudo as regiões mais áridas do país. Embora seja verdade que essas regiões também são prejudicadas pela falta de água, é preciso ter em mente que as causas da seca e da crise hídrica são distintas — ou seja, nada de confundir as duas.
Além disso, este é um problema que também atinge grandes centros urbanos, como São Paulo. Apesar do grande volume de chuvas, que geram alagamentos em todo o estado, a cidade enfrenta problemas graves de falta de água e de abastecimento sobretudo das regiões mais pobres.
Quais são as suas principais causas?
A crise hídrica é multifatorial, ou seja, tem diferentes causas, que não se resumem à falta irregular de chuvas. A seguir, você confere as principais:
Poluição dos recursos hídricos
Com o crescimento populacional e das cidades, a poluição da água também aumenta. No entanto, em um cenário de crise hídrica, o aumento da poluição dos poucos recursos naturais limpos que temos disponíveis torna a situação ainda mais delicada.
De acordo com a ONU, em países mais pobres, a poluição se deve à falta de tratamentos sanitários, enquanto, em países ricos, ela é causada sobretudo pelo escoamento inadequado da agricultura.
A indústria farmacêutica também desempenha um papel central na poluição da água, a partir do descarte incorreto de substâncias químicas, micro substâncias e até hormônios. Uma vez contaminada, essa água se torna perigosa para a vida marinha e mesmo para a vida humana, e sua limpeza pode ter custos elevados.
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Consumo desenfreado de água
O grande consumo de água também é um dos principais fatores para a piora da crise hídrica. Ainda de acordo com a ONU, o uso residencial de água aumentou em mais de 600% nos últimos 60 anos. No entanto, este não é o setor que mais usa a água, equivalendo a apenas 12% de todo o consumo.
O agronegócio é o setor que mais consome de água no mundo (70%). Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a agricultura é responsável por gastar 8,1 milhões de litros de água a cada segundo.
Ele também é, no entanto, o setor que mais desperdiça esse recurso: no Brasil, a produção de alimentos é responsável por 72% do desperdício da água que chega ao consumidor final.
Controle de problemas ambientais
Os problemas ambientais também estão intimamente relacionados à crise hídrica e a outros eventos envolvendo a água. Enquanto parte do mundo sofre com o excesso de chuvas, enchentes, alagamentos, deslizamentos etc., a outra parte precisa lidar com secas extremas, que geram a morte de animais e prejuízos às plantações.
O avanço do aquecimento global contribui para que esse ciclo se torne cada vez mais comum. A consequência imediata é que ecossistemas de água potável podem ser irremediavelmente afetados, deixando de existir, o que diminui ainda mais o acesso a esse recurso.
Consequências da crise hídrica
As principais consequências da crise hídrica incluem:
- Falta de energia: Hoje, de acordo com os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), 55% da matriz energética brasileira é composta pela energia hídrica. Isso significa que a crise hídrica pode prejudicar (e já prejudica) o fornecimento elétrico em todo o país.
- Diminuição da oferta de água: Com a crise hídrica, a população também terá menos acesso à água potável. Para além do aumento dos custos desse recurso, portanto, podemos lidar ainda com o aumento de doenças causadas pelo consumo de água contaminada.
- Impactos na economia: O agronegócio é o setor que mais consome e desperdiça água no Brasil. No entanto, ele também é o principal responsável pela nossa economia. Com a crise hídrica, podemos enfrentar uma queda na produção de alimentos exportados e, consequentemente, no quadro econômico brasileiro.
Como solucionar o problema?
Não raro, somos levados a acreditar que problemas complexos podem ter soluções simples. No caso da crise hídrica, por exemplo, ações individuais – como o uso responsável de água em nossas casas – tendem a ser vistas como capazes de impactar positivamente números globais.
Por um lado, é verdade: o consumo consciente da água e ações de conscientização da população são indispensáveis. No entanto, precisamos manter em mente quem são os principais responsáveis pelo desperdício de água e pela sua poluição.
Nesse sentido, a solução da crise hídrica deve passar também:
- pelas políticas públicas de proteção ambiental e conservação de bacias hídricas, nascentes e rios;
- pelo incentivo à agricultura familiar e à descentralização da economia no agronegócio, favorecendo práticas em menor escala e mais apropriadas para o solo, o que reduz o consumo de água;
- pelos avanços tecnológicos que possibilitem técnicas de irrigação mais eficientes, menos desperdício e formas mais eficazes de tratamento e reuso da água.
Como falar da crise hídrica na redação?
Um dos pontos mais importantes para conseguir falar sobre qualquer tema na redação é ter um excelente repertório sociocultural. Afinal, é ele quem possibilita que você articule conhecimentos próprios com os mais diversos assuntos, demonstrando habilidade argumentativa e a capacidade de articular fatos cotidianos a discussões mais sérias.
Por isso, aí vão três dicas de conteúdos para consumir e falar sobre a crise hídrica na sua redação:
- Documentário A água que falta (2023): Disponível no YouTube, o longa-metragem procura não só mostrar o problema de estresse hídrico, mas também apontar caminhos possíveis para sua solução. Para isso, apresenta uma série de iniciativas que já são aplicadas ao redor do mundo. Assim, se torna uma excelente maneira de pensar na sua proposta de intervenção sem esquecer do GOMIFES.
- Livro Ideias para adiar o fim do mundo (2020): Escrito pelo líder indígena, ambientalista e filósofo Ailton Krenak, o livro reflete sobre desastres ambientais e o seu impacto na sociedade e na nossa noção de comunidade. A partir de uma série de saberes ancestrais, Krenak propõe uma nova maneira de entender a relação entre a humanidade e a natureza.
- Podcast O assunto (2024): No episódio 1.251 do podcast liderado pela jornalista Natuza Nery, ela discute alguns dos fatores que contribuem para que as águas do Brasil estejam, aos poucos, secando.
Redação pronta sobre o tema
Agora, leia uma redação pronta sobre o tema “A crise hídrica brasileira e seus impactos na geração de energia”:
O Brasil destaca-se pela produtividade energética advinda de sistemas hidroelétricos construídos em locais com grande potencial hídrico. Sobretudo, tais recursos incorporam todos os setores sociais, uma vez que garantem o abastecimento da indústria e satisfazem a necessidade básica da população, que por sua vez, exageram no consumo. Com base nisso, é preciso analisar os danos causados pela utilização em massa dos privilégios provenientes das hidrelétricas e seus impactos socioambientais.
Em um primeiro plano, é válido expor que atual cenário comercial brasileiro está condicionado a lógica capitalista de busca por lucro e expansão econômica. Esse comportamento aumenta o consumo hídrico e elétrico que, dinamizado com a produção em massa, gera maior rendimento a favor da demanda. Desse modo, a uma maior necessidade de represar rios para fins energéticos ocasionando desequilíbrios ambientais, como por exemplo, no ciclo das chuvas e no acúmulo de gás metano na atmosfera liberada na decomposição anaeróbica de folhas submersas.
Contudo, um dos piores efeitos dessa lógica progressista, está na formação de longas estiagens que castigam os principais reservatórios de água do país, como é o caso do Sistema Cantareira, que ficou com cerca de 5% de seu volume hídrico. Apesar disso, o posicionamento passivo dos governantes na construção de medidas concretas nas áreas de investimentos voltados à criação de novas fontes de energia e na ampliação de matérias extraescolares sobre sustentabilidade, acaba proporcionando sucessivos déficits energéticos, conforme aconteceu na região metropolitana de São Paulo.
Nesse sentido, torna-se evidente, portanto, a importância de evitar de inundações em áreas florestais para promover a instalação de hidrelétricas, que são o suprassumo do abastecimento industrial e doméstico. Diante disso, para elucidar problematização, é necessário criar novas diretrizes energéticas capazes de romper a dependência pela hidroeletricidade. Ademais, introduzir nas escolar disciplinas que induzam a construção de pensamento consciente direcionado a responsabilidade sustentável.
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