Em 2023, o tema da redação na Reaplicação e PPL (Pessoas Privadas de Liberdade ou sob medidas socioeducativas) do Enem foi: “Desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil”.
Neste conteúdo, você confere um panorama atual acerca do assunto e uma redação pronta nota 1000 sobre o tema do Enem Reaplicação/PPL 2023.
Quais os principais desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil?
Um dos maiores desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil está ligado à extrema vulnerabilidade socioeconômica e à falta de acesso a direitos básicos.
Renda muito baixa
Dados recentes do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) indicam que, em março de 2025, mais de 335 mil pessoas viviam em situação de rua no país, com 81 % sobrevivendo com renda inferior a R$ 109 por mês, valor equivalente a menos de 8 % do salário mínimo, o que evidencia profunda exclusão econômica e social.
Baixa escolaridade
Além da precariedade econômica, essa população enfrenta baixa escolaridade (mais da metade não concluiu o ensino fundamental, ainda de acordo com os dados do CadÚnico) e concentra-se majoritariamente em grandes centros urbanos. Isso dificulta o acesso a serviços essenciais, oportunidades de trabalho formal e redes de suporte social.
As múltiplas barreiras estruturais, como desigualdade de acesso à educação, discriminação no mercado de trabalho, ausência de moradia segura e redes familiares fragilizadas, tornam a (re)inserção social e econômica um processo complexo que vai além da mera oferta de emprego.
Violência e falta de políticas públicas
Outra dimensão preocupante está na violência e na falta de políticas públicas eficazes para proteção e amparo dessa população. Um relatório divulgado em 2023 pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) aponta que pessoas em situação de rua, em sua maioria jovens e negras, estão sujeitas a altos índices de violência, evidenciando violações de direitos humanos e fragilidade nas redes de proteção social.
Pessoas pardas (55%) e pretas (14%) representam 69% das vítimas e a faixa etária mais atingida é de 20 a 29 anos (26%), que antecede a faixa dos 30 a 39 anos (25%). Além disso, 88% das notificações envolviam violência física, e a violência psicológica é a segunda mais frequente (14%).
Enquanto a Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR) estabelece diretrizes para promover inclusão, acesso a serviços e garantia de direitos básicos, sua implementação ainda enfrenta lacunas, insuficiência de recursos e cobertura limitada nas diversas regiões brasileiras.
Redação pronta sobre o tema: ‘Desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil’
Agora, leia uma redação pronta nota 1000 sobre o tema: “Desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil”.
A filósofa Hannah Arendt, ao afirmar que “a essência dos direitos humanos é o direito a ter direitos”, evidencia que a cidadania só se concretiza quando há garantias efetivas de acesso aos bens e serviços sociais. Entretanto, no Brasil, percebe-se que esse princípio não tem se reverberado na prática, devido à permanência de desafios para a reintegração social e econômica da população em situação de rua. Logo, é necessário analisar e intervir sobre os principais fatores que aprofundam esse triste cenário: a falha do poder público e o preconceito social.
É possível afirmar, inicialmente, que o descaso do governo identifica os obstáculos para a readaptação ligada à cidadania e ao mercado de trabalho da parcela desabrigada do país. À luz do pensamento de Gilberto Dimenstein, em sua obra “Cidadão de Papel”, a legislação brasileira mostra-se ineficaz, pois se concretiza mais na teoria do que na prática. Isso ocorre porque o Estado falha na criação de medidas governamentais, uma vez que programas, destacando-se o “Minha Casa, Minha Vida”, apesar de terem beneficiado milhões, sofrem com o direcionamento de verbas e fiscalização. Em virtude disso, essa política pública de apoio não consegue atender todos os desabrigados, o que contribui para a perpetuação dessa problemática na sociedade atual. Assim, é evidente que a omissão estatal se constitui como um entrave no problema.
Ressalta-se, ademais, que a estigmatização cristaliza os entraves para a reinstalação em condição de exclusão habitacional. Consoante à ideia do sociólogo Erving Goffman, a discriminação leva à desvalorização daquilo que é considerado diferente, o que reflete no tratamento preconceituoso dado a pessoas sem moradia. Essa situação é explicada pela visão estereotipada atribuída a esses cidadãos, visto que, por estarem desabrigados, parte da população acredita, de maneira equivocada, que essa camada social não possui condições para retomar a convivência comunitária nem o acesso ao meio laboral. Consequentemente, há a manutenção de uma inferiorização e exclusão social. Dessa forma, não é razoável que o preconceito persista em uma nação que almeja ser desenvolvida.
Portanto, é crucial combater a negligência governamental e a segregação social. Para isso, cabe ao Governo Federal garantir, por meio da alocação de recursos e do uso da mídia, a manutenção de verbas destinada à construção de casas, a fiscalização adequada e a promoção de campanhas que alertem a população sobre a importância de oferecer oportunidades de dignidade e inclusão, a exemplo de posts no Instagram. Essas ações devem ser realizadas com o objetivo de mitigar os fatores que mantêm os indivíduos em situação de rua.








