Antigamente, costumávamos assistir aos nossos filmes preferidos pela televisão, por meio do VHS, e, posteriormente, pelos DVDs. Nos últimos anos, mais plataformas se consolidaram no meio cinematográfico, como a Netflix, a Amazon e a Hulu. Claro que não podemos nos esquecer do cinema como espaço físico, que, mesmo com o passar dos anos, continua sendo o itinerário de muitos amantes da sétima arte, que não abandonam a experiência única nas telonas.
Independente do meio utilizado para vê-los, os filmes estão muito presentes no cotidiano das pessoas, seja nas redes sociais, seja nos produtos comprados pelos fãs (como camisas, acessórios e pôsteres). Junto ao entretenimento, muitos deles também proporcionam reflexão, conscientização e críticas diversas para o espectador.
Assim, para obter mais credibilidade cultural e êxito na competência 2 da redação (que cobra a aplicação de conceitos das várias áreas de conhecimento), citar filmes em seu texto pode ser uma ótima e criativa ideia. Pensando nisso, recomendamos a você 3 filmes brasileiros que podem ser utilizados em muitos temas. Confira na lista abaixo as diferentes abordagens de cada longa metragem:
Cidade de Deus (2002)
O premiado filme, adaptado do livro homônimo de Paulo Lins e dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, foi um marco na história do cinema brasileiro. Retratou de forma impactante e realista o cotidiano em uma das maiores e mais antigas favelas do país: a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Mesmo tendo sido produzido há mais de 15 anos, mostra-se muito atual: afinal, o longa expôs várias situações problemáticas já enraizadas na sociedade, e pode ser aproveitado nos seguintes temas:
- Desigualdade social: são mostrados contrastes entre a vida do protagonista, Buscapé (que mora na Cidade de Deus), e os repórteres de um jornal do Rio, que ele acaba conhecendo por acaso.
- Racismo no Brasil: o filme escancara a discriminação (tanto velada, quanto explícita) sofrida diariamente pelos negros no Brasil, sobretudo por parte da polícia, mas também pela sociedade como um todo.
- Drogas na infância/adolescência: alguns personagens (tanto os ricos quanto os pobres) fazem uso recreativo de drogas, como a maconha e a cocaína. Essa última se mostra ainda mais prejudicial à vida de um dos personagens, que chega a se juntar ao tráfico por causa de seu vício.
- Crise da segurança no Rio de Janeiro: o problema, cada vez mais sério e urgente, é representado tanto pelo abuso de poder/violência da polícia, quanto pela “paz negociada” nas favelas, onde há tratos e “acordos” entre os guardas e traficantes.
Hoje eu quero voltar sozinho (2014)
Gabriel, Léo e Giovana, em uma cena de Hoje eu quero voltar sozinho. Foto: reprodução. www.vortexcultural.com.br
O longa metragem, escrito e dirigido por Daniel Ribeiro, conquistou o público pela espontaneidade e fluidez de sua construção. Além disso, retrata importantes temas de cunho social de forma concreta e verossímil, sendo assim, ideal para citar em sua redação. Abaixo, estão alguns assuntos que o filme traz ao espectador:
- Homossexualidade: o personagem principal (Léo) se apaixona por um colega de sala (Gabriel), o que é retratado de forma espontânea e progressiva ao longo do filme.
- Bullying: Léo sofre preconceito e intolerância dos colegas de classe. Em função desse intenso incômodo, chega a pensar em viajar para um intercâmbio, a fim de acabar com a desfavorável realidade na qual estava vivendo.
- Deficiência física: Léo é cego, e mostra-se acostumado a contornar o empecilho em seu cotidiano. Além disso, sua condição física contribui para a grande dúvida: já que não consegue enxergar os gestos e expressões do menino que está gostando, como descobrir se a afeição que sente é recíproca?
Que horas ela volta? (2015)
Fonte: Divulgação/Pandora Filmes
A produção, dirigida e roteirizada por Anna Muylaert, transmite ao espectador muitas críticas indispensáveis e atuais. Os acontecimentos do longa metragem permeiam contrastes sociais, padrões de vida recorrentes desde a época da escravidão e costumes segregadores – e condescendentes – da sociedade. Veja abaixo algumas reflexões trazidas pelo filme, e que podem ser citadas em sua redação:
- Condição das empregadas domésticas: o filme retrata a relação duradoura e confidente entre Val (a empregada doméstica da casa) e Fabinho (o filho dos patrões dela), o que simboliza uma situação ainda muito comum no Brasil. Isso denota o difundido pensamento da classe média, de que a empregada é “quase” da família, sendo “quase” tratada de forma igual aos outros que moram na casa – em função do preconceito dos patrões.
- Desigualdade social: a condição financeira de Val contrapõe-se à da família que a contratou. Ou seja, enquanto ela possui um baixo poder aquisitivo (mesmo trabalhando por muitas horas na semana), seus patrões desfrutam de privilégios econômicos e, consequentemente, sociais.
- Preconceito e segregação: muitos personagens que moram na casa possuem uma postura hipócrita, pois afirmam para seus conhecidos que Val é “quase” da família, mas, em contrapartida, a distanciam do cotidiano do local. Afinal, ela dorme no quarto dos fundos, costuma almoçar depois dos patrões e vive subordinada a serviços em várias esferas (faxinar, cozinhar, passar roupa etc).
Bom, agora que você já recebeu nossas indicações, faça sua pipoca, assista aos filmes, e boa reflexão – e produção!