Você conhece os movimentos literários? Esse é um conteúdo muito cobrado no Enem e vestibulares.
São exigidos dos candidatos o conhecimento sobre suas características gerais e, principalmente, a relação da literatura com as várias funções linguísticas, assim como com os mecanismos para a elaboração de um texto literário.
Neste artigo, você vai acompanhar essas informações, além de saber os principais escritores pertencentes aos movimentos. Bora lá?
Movimentos literários e suas características
A literatura é tradicionalmente dividida em escolas literárias. Essa divisão não significa que cada escola iniciou e terminou em um tempo determinado, mas tem como objetivo facilitar o ensino e o estudo da disciplina.
Esses movimentos literários ou escolas literárias representam um conjunto de escritores e obras de determinado período da nossa história. Eles reúnem várias produções literárias com características e estilos similares.
Vamos conhecer mais sobre eles:
1. Trovadorismo
O Trovadorismo foi um dos primeiros movimentos literários surgido na Idade Média na França. Em Portugal, o marco inicial foi a Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga de Guarvaia), produzida pelo trovador Paio Soares da Taveirós.
A produção literária desse movimento foi reunida nos Cancioneiros e esteve marcado pelas cantigas trovadorescas, divididas em:
- cantigas de amor;
- de amigo;
- de escárnio;
- e de maldizer.
As cantigas têm esse nome, pois a poesia era feita para ser cantada, ou seja, ela era acompanhada por instrumentos musicais.
2. Humanismo
Já o Humanismo foi um movimento literário, filosófico e artístico de transição entre o trovadorismo e o classicismo. Ou seja, ele faz uma passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
É nesse momento que o teocentrismo, ideal central da Idade Média (onde Deus está no centro de tudo), começa a dar espaço para o antropocentrismo, vertente em que o homem está no centro no mundo.
Assim, o humanismo, como o próprio nome indica, buscou a valorização do homem e permitiu compreender melhor o mundo e o ser humano.
3. Classicismo
O Classicismo foi um dos movimentos literários que buscou a pureza, a beleza, a perfeição, o rigor e o equilíbrio dos clássicos. Ele surgiu no contexto do Renascimento, fato que também tornou a produção literária desse período conhecida como literatura renascentista.
O início do Classicismo em Portugal foi marcado pelo retorno do poeta Francisco Sá de Miranda, que estava na Itália. Tendo se inspirado no humanismo italiano, ele trouxe uma nova forma de poesia chamada o “dolce stil nuevo” (Doce estilo novo), baseado na forma fixa do soneto.
Os escritores classicistas buscavam a perfeição estética aliada ao modelo mais clássico. Por isso, a mitologia greco-romana é um dos temas explorados.
4. Quinhentismo
O Quinhentismo foi o primeiro movimento literário do Brasil, marcado pela chegada dos portugueses ao Brasil. Os textos do período surgem da necessidade dos viajantes comunicarem as impressões da “nova terra”.
Assim, as crônicas de viagem e a literatura de informação são produções que se destacam nesse momento. Textos descritivos, excesso de adjetivos e impressões de seus autores são as principais características dessa produção literária. Um dos maiores destaques é a Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita em 1.º de maio de 1500 no Brasil.
5. Barroco
Também conhecido como Seiscentismo, em Portugal, o Barroco teve início com a morte de Camões, em 1580. No Brasil, ele começou um pouco depois, em 1601, com a publicação da obra Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Esse estilo pautava na valorização dos detalhes, dos contrastes, evidenciados por uma literatura que prezou o jogo de palavras e de ideias.
6. Arcadismo
O Arcadismo, também chamado de Setecentismo ou Neoclassicismo, foi um movimento literário na busca pela simplicidade. Influenciado pelos ideais iluministas, ele surge no século XVIII durante a revolução industrial que despontava na Inglaterra.
Os escritores árcades se afastaram do modelo anterior, onde o exagero e os excessos eram notórios, para usufruir de uma vida no campo, longe da agitação das cidades.
Em Portugal, o movimento começou em 1756 com a fundação da Arcádia Lusitânia em Lisboa. No Brasil, seu início se deu em 1768 com a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa e a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica.
7. Romantismo
O Romantismo foi um dos movimentos literários de intensa produção tanto no Brasil como em Portugal. Esse período foi dividido em três gerações que, aqui, ficaram conhecidas como:
- geração nacionalista-indianista;
- geração ultrarromântica;
- geração condoreira.
Na primeira fase, o índio foi eleito como herói nacional, e a produção literária esteve voltada para a exaltação da terra. Na segunda, as principais características foram o pessimismo e o egocentrismo, cujos temas estavam centrados na morte, na fuga da realidade, nos vícios e na melancolia.
Por fim, na terceira fase, a liberdade e a justiça foram os principais motes, com o abolicionismo marcando a produção literária do momento.
8. Realismo
O movimento realista teve início na França com a publicação de Madame Bovary de Gustave Flaubert, em 1857. Essa nova visão da realidade se espalhou pela Europa rapidamente.
Em Portugal, o realismo tem início com a Questão Coimbrã, ocorrida em 1865. De um lado estavam os escritores românticos e de outro, os acadêmicos da Universidade de Coimbra que lutavam por uma mudança do cenário literário.
No Brasil, o realismo aconteceu em 1881 com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. A produção literária desse movimento preocupou-se em captar o real e, por isso, a escrita era objetiva e com muitas descrições.
9. Naturalismo
O Naturalismo surgiu em 1880, na França, com a publicação da obra O Romance Experimental, de Émile Zola. Em Portugal, a publicação da obra de O Crime do Padre Amaro (1875) de Eça de Queiroz inaugurou o movimento no país. No Brasil, o marco inicial foi a publicação do romance O Mulato (1881), de Aluísio de Azevedo.
O Naturalismo está intimamente relacionado com o realismo, uma vez que a descrição e percepção da realidade também são características bem marcantes. No entanto, ele é definido como um movimento de radicalização do realismo, com mais exagero e a presença de personagens patológicas.
Logo, a produção literária naturalista abrange as obras cujas personagens são desequilibradas, mórbidas e doentias.
10. Parnasianismo
Mais um dos movimentos literários, o Parnasianismo teve início em 1866, na França, com a publicação das antologias Parnase Contemporain. No Brasil, sua inauguração foi em 1882 com a publicação da obra Fanfarras, de Teófilo Dias.
Os maiores poetas parnasianos brasileiros foram: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, que formaram a tríade parnasiana.
A expressão “a arte pela arte” foi o grande mote do movimento parnasianista, cujos poetas possuíam uma maior preocupação estética em detrimento do conteúdo. Assim, de maneira objetiva e inspirados em temas da realidade, os escritores parnasianos demonstraram o culto à forma em suas produções.
11. Simbolismo
O Simbolismo teve início em 1857, na França, com a publicação da obra As Flores do Mal, de Charles Baudelaire. Já em Portugal, seu início foi em 1890 com o livro de poemas Oaristos, de Eugênio de Castro. Cruz e Souza inaugurou o movimento no Brasil em 1893 com suas obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia).
Permeavam o movimento características como:
- subjetivismo;
- egocentrismo;
- e o pessimismo.
Os escritores também faziam uso de figuras de linguagem, como a sinestesia e a aliteração, conferindo uma forte musicalidade às suas poesias.
12. Pré-modernismo
Mais um dentre os movimentos literários está o Pré-modernismo. Ele foi um movimento de transição caracterizado por uma intensa produção literária. Nesse período, as obras apresentavam tinham um sincretismo estético e tinham as seguintes características:
- neo-realistas;
- neo-parnasianas
- neo-simbolistas.
Mesmo existindo diversos estilos, a preocupação com a realidade nacional foi a característica mais marcante das obras produzidas. Logo, os escritores pré-modernistas buscavam denunciar a sociedade e tentavam desmistificar alguns estereótipos, como o do sertanejo.
13. Modernismo
O movimento modernista começou em Portugal em 1915 com a publicação da Revista Orpheu. No Brasil, começou com a Semana de arte moderna de 1922. Os escritores foram inspirados pelas vanguardas artísticas que despontavam na Europa, e apostaram numa nova visão para romper com as estruturas do passado.
Aqui no país, essa escola literária foi dividida em três fases:
- Fase heróica (1922 a 1930);
- Fase de consolidação (1930 a 1945);
- Geração de 45 (1945 a 1980).
Em Portugal, o movimento também se ramificou em períodos como:
- Orfismo ou Geração de Orpheu (1915 a 1927);
- Presencismo ou Geração de Presença (1927 a 1940);
- Neorrealismo (1940 a 1947).
14. Pós-modernismo
O Pós-modernismo se consolidou após a queda do muro de Berlim, em 1989. As novas ideias surgiram no campo artístico devido à influência da era digital e a globalização. Esse movimento de teor antiartístico, está relacionado com a vida do homem pós-moderno e a expansão das comunicações.
Os escritores desse período buscam explorar a pluralidade de gêneros, a polifonia e a intertextualidade. A ausência de valores e regras fez com que a produção literária pós-moderna apresentasse características permeadas por uma realidade ambígua e multiforme, como:
- imaginação;
- espontaneidade;
- individualismo.
Resumo das escolas literárias
Agora que você já viu cada um dos movimentos literários, nada melhor que um resumo para ajudar nos estudos, não é mesmo?
Confira as principais características e autores dos movimentos na tabela abaixo:
Movimentos literários | Período | Produção literária | Características | Escritores |
Trovadorismo | 1189 a 1434 (séculos XII a XV) | cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer | a união da poesia e da música; amor cortês; sofrimento amoroso | Paio Soares da Taveirós, Garcia de Resende, João Ruiz de Castelo Branco, Nuno Pereira, Fernão da Silveira, Conde Vimioso, Aires Teles, Diogo Brandão |
Humanismo | 1418 a 1527 (séculos XV e XVI) | teatro popular, poesia palaciana e crônica histórica | antropocentrismo; racionalidade; cientificismo | Fernão Lopes, Gil Vicente, Francesco Petrarca, Dante Alighieri, Giovanni Boccaccio, Erasmo de Roterdã, Thomas More, Michel de Montaigne |
Classicismo | 1537 a 1580 (século XVI) | sonetos e epopeias | imitação dos modelos clássicos; humanismo renascentista; objetividade | Francisco Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, António Ferreira, Luís de Camões, Miguel de Cervantes |
Quinhentismo | 1500 a 1600 (séculos XV e XVI) | crônicas de viagem, literatura de informação, literatura jesuítica (de catequese) | conquista material e espiritual; caráter documental e religioso; exaltação à terra | Pero Vaz de Caminha, José de Anchieta, Manuel da Nóbrega, Pero de Magalhães Gândavo |
Barroco | 1601 a 1767 (no Brasil) / 1580 a 1756 (em Portugal) – séculos XVI, XVII e XVIII | poemas épicos, líricos, satíricos, eróticos, religiosos; sermões | cultismo; conceptismo; rebuscamento da linguagem | Bento Teixeira, Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, Frei Vicente de Salvador, Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica, Padre Antônio Vieira, Padre Manuel Bernardes, Francisco Manuel de Melo, Francisco Rodrigues Lobo, Soror Mariana Alcoforado, Antônio José da Silva |
Arcadismo | 1768 a 1835 (no Brasil) / 1756 a 1835 (em Portugal) – séculos XVIII e XIX | sonetos | valores clássicos; racionalismo; bucolismo | Cláudio Manuel da Costa, José de Santa Rita Durão, José Basílio da Gama, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga, Bocage, António Dinis da Cruz e Silva, Correia Garção, Marquesa de Alorna, Francisco José Freire, Domingos dos Reis Quita, Nicolau Tolentino de Almeida, Filinto Elísio |
Romantismo | 1836 a 1880 (no Brasil) / 1836 a 1864 (em Portugal) – século XIX | poemas românticos, romances indianistas, regionalistas, históricos e urbanos | idealismo; egocentrismo; nacionalismo | Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Teixeira e Souza, Araújo Porto-Alegre, José de Alencar, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves, Tobias Barreto, Sousândrade, Visconde de Taunay, Almeida Garret, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho, Oliveira Marreca, Camilo Castelo Branco, Júlio Diniz |
Realismo | 1881 a 1893 (no Brasil) / 1865 a 1890 (em Portugal) – século XIX | romances, contos e poesia | retrato fidedigno da realidade; cientificismo; denúncia social | Machado de Assis, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Cesário Verde, Eça de Queiroz |
Naturalismo | 1881 (no Brasil) / 1875 (em Portugal) – século XIX | romances | radicalização do realismo; visão mecanicista do homem; cientificismo | Aluísio Azevedo, Raul Pompeia, Adolfo Caminha, Inglês de Sousa, Eça de Queiroz, Francisco Teixeira de Queirós, Júlio Lourenço Pinto, Abel Botelho |
Parnasianismo | 1882 a 1893 (no Brasil) – século XIX | poesia, sobretudo sonetos | arte pela arte; valorização da cultura clássica; rigor estético | Teófilo Dias, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho, Francisca Júlia, João Penha, Gonçalves Crespo, António Feijó, Cesário Verde |
Simbolismo | 1893 a 1901 (no Brasil) / 1890 a 1915 (em Portugal) – séculos XIX e XX | poesia | subjetivismo; misticismo; valorização da espiritualidade humana | Cruz e Souza, Alphonsus de Guimarães, Eugênio de Castro, Camilo Pessanha, Antônio Nobre |
Pré-modernismo | 1900 a 1922 (no Brasil) – século XX | romances e poesia | nacionalismo; regionalismo; sincretismo estético | Euclides da Cunha, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Augusto do Anjos |
Modernismo | 1922 a 1960 (no Brasil) / 1915 a 1960 (em Portugal) – século XX | romances (prosa urbana, regionalista, intimista) e poesia | ruptura com o passado; espírito dinâmico, crítico e questionador; liberdade e originalidade artísticas | Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Murilo Mendes, Mario Quintana, Jorge de Lima, Ariano Suassuna, Lygia Fagundes Telles, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros, Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões, José Régio, Alves Redol, Ferreira de Castro, Soeiro Pereira Gomes |
Pós-modernismo | 1980 até os dias atuais – séculos XX e XXI | prosa e poesia | ausência de valores; pluralidade de estilos; individualismo | Antônio Callado, Adélia Prado, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Cora Coralina, Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, Lya Luft, Millôr Fernandes, Murilo Rubião, Nélida Pinõn, Paulo Leminski, Rubem Braga, Cacaso |
Gostou de conhecer os movimentos literários? Aproveite para ler nosso próximo artigo com dicas de como estudar literatura!