Está no ar o Dá Ideia, o podcast quinzenal para você aprender sobre possíveis temas da redação do Enem e como abordá-los em seu próprio texto!
No primeiro episódio, convidamos o Paulo Morgado, estudante de biologia da Universidade Federal de Minas Gerais e um dos responsáveis pelo projeto Hortelões da Lagoinha, para falar sobre o que são os agrotóxicos, como eles funcionam, para que servem, como podem nos afetar e muito mais.
O podcast é apresentado por Roberta Firmino, jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Ana Massêo, formada em letras também pela UFMG. Toda segunda e quarta quinta-feira do mês você aprenderá sobre um novo tema aqui no blog da Imaginie ou no Spotify. Então, dá o play aí!
O que são os agrotóxicos e para que eles servem?
Os agrotóxicos são compostos e substâncias químicas destinados para o controle e prevenção direta ou indireta de patógenos de plantas.
Esse tipo de substância atua na alteração da composição das plantas com o propósito de preservá-las. Porém, apesar dessa intenção, os agrotóxicos têm sido motivo de amplo debate por conta dos seus aspectos prejudiciais para o meio ambiente e para a saúde dos seres humanos, principalmente com a flexibilização do uso dessas substâncias.
Quais são os tipos de agrotóxicos?
Os agrotóxicos podem ser classificados de acordo com o tipo de de praga que eles têm o objetivo de combater. São eles:
Tipo de agrotóxico | O que combate |
Herbicidas | Ervas daninhas |
Inseticidas | Insetos |
Fungicidas | Fungos |
Desfoliantes | Folhas indesejadas |
Fumigantes | bactérias no solo |
Raticidas | roedores |
Como funcionam?
Os agrotóxicos são combos de substâncias químicas com um alvo específico: controlar determinada potencial praga.
Eles podem ser distribuídos na plantação de forma manual ou através de máquinas. Hoje em dia, esse processo está cada vez mais mecanizado e tecnológico. Já usamos aviões coordenados via satélites, por exemplo, para distribuir essas substâncias.
Por um lado, isso é positivo porque facilita o processo de distribuição de agrotóxicos em larga escala e, consequentemente, reduz os seus custos. Por outro lado, pode nos fazer pensar sobre a toxicidade desses elementos para a nossa saúde, que não podem nem mesmo serem distribuídos por uma pessoa.
Quem aprova os agrotóxicos?
Para serem liberados para uso, os agrotóxicos precisam ser aprovados por três órgãos:
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que analisa os riscos à saúde;
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que analisa os perigos ambientais;
- Ministério da Agricultura, que analisa a eficácia para matar pragas e doenças do campo.
É necessário a unanimidade de todos esses órgãos para que a aprovação da utilização do agrotóxico seja feita.
Como os agrotóxicos nos afetam?
A utilização de sementes transgênicas e selecionadas geneticamente faz com que exista a necessidade de utilizar uma maior quantidade de agrotóxicos, já que elas são resistentes a certas substâncias.
Porém, muitos desses agrotóxicos são evaporados junto com a água e caem junto à chuva em outras plantações. Por isso, até mesmo as plantações orgânicas e familiares podem ser afetadas.
O excesso de agrotóxicos também cria uma saturação no solo, o que faz com que as plantas absorvam muita água e poucos nutrientes. Por um lado, isso acaba gerando aqueles frutos grandes e bonitos que vemos nos mercados. Por outro, isso diminui o sabor e o valor nutricional dos frutos.
Em outros casos, a existência de um solo “pobre” pode impedir a infiltração de água e grande parte dela corre para os rios. Assim, ocorre um processo de bioacumulação em todos os ecossistemas da natureza, já que os agrotóxicos acabam entrando em todos os ciclos: nos peixes que a gente come, nos pássaros que também comem os peixes, e assim por diante.
Essas substâncias permanecem na natureza por muito tempo. Atualmente, existem estudos que constatam resquícios de agrotóxicos que foram proibidos há mais de 50 anos no ambiente, por exemplo.
Como podemos perceber, o grande perigo dos agrotóxicos é que eles não agem apenas em seus elementos alvo. Eles acabam interferindo na vida e no ciclo de outros animais, inclusive dos seres humanos.
Então, qual é a saída?
As pragas são agentes que identificam problemas nas plantações que precisam ser resolvidos. Nesse sentido, os agrotóxicos servem como um remédio, atuando no problema e não em sua causa.
Se o solo está saudável e, consequentemente, a planta melhora a sua imunidade, não teremos problemas com pragas e também não precisaremos utilizar agrotóxicos.
Para isso, podemos ter um processo de agricultura mais diverso, realizado em pequena escala e espelhado nos processos da natureza. Assim, estaremos quebrando o ciclo: solo pobre – planta doente – pragas – agrotóxicos e tornando todo o processo mais saudável.
Existem pontos positivos?
Após a revolução verde, houve um processo intensivo de industrialização e mecanização dos processos de agricultura. Com um amplo investimento em tecnologias, criou-se um modelo de agricultura extensiva e desgastante para o solo. Sendo assim, o sistema econômico é bastante ancorado na produção de alimentos, principalmente no Brasil.
Nesse sentido, os agrotóxicos contribuem para a produção em larga escala, já que o controle de pragas aumenta a produtividade agrícola. Também por serem produzidos em grande quantidade e de forma mais industrializada, esses alimentos geralmente são mais baratos.
E aí, gostou de saber mais sobre os agrotóxicos? Então, que tal ficar por dentro de outros temas da atualidade a cada 15 dias? Siga nosso canal no Spotify e fique por dentro de todos os programas do Dá Ideia!