Você pode até não saber seu nome, mas a variação linguística está presente em seu dia a dia quer você queira ou não. Certamente você já esteve em contato com os seus tipos, por diversos meios, em sua escola, vendo uma notícia na tv, lendo livros mais antigos ou mais atuais, convivendo com parentes ou amigos que vivem em outro cidade ou estado.
Entender verdadeiramente sobre o que se trata a variação linguística pode, além de te ajudar nas suas provas de português e literatura, a não reproduzir e a combater o preconceito linguístico. Quer saber como fazer tudo isso? Basta seguir na leitura e conferir.
O que é variação linguística?
Bom, a variação linguística é o modo pelo qual a língua se diferencia dentro de seu próprio sistema. Essa variação, ou seja, essa diferenciação pode ser histórica, social, geográfica, cultural.
A variação linguística também leva em consideração a idade do falante, a região do país em que mora, a sua cultura e a qual grupo ele pertence. Ela acontece nos mais variados níveis da língua, seja o fonético, o sintático, o semântico e vários outros.
É importante ressaltar que o preconceito linguístico está muito atrelado à variação linguística e, por isso, conhecer as variações e como elas acontecem podem ajudar você a combater o preconceito. Além, é claro, de entender as variação que você deve utilizar em sua redação do Enem, por exemplo.
Quais os tipos de variação linguística?
A variação linguística pode ser de quatro tipos: diafásica, diatópica, diastrática e diacrônica. Apesar de os nomes parecerem algo super difícil, não é não. A seguir, vamos explicar cada uma delas de maneira simples e clara e você verá como é fácil.
1. Variação linguística diafásica
A variação diafásica é a variação que acontece de acordo com o contexto comunicativo. Quando você está com seus amigos, em um ambiente relaxado, geralmente, utiliza uma linguagem informal, sem a pressão de falar de uma maneira muito séria ou solene.
Já quando você está apresentando um trabalho de escola, por exemplo, precisa ser mais formal.
É importante mencionar que não existe “falar certo” ou “falar errado”, o que importa é que você consiga perceber qual tipo de variação deve utilizar em determinado local, para que você seja entendido por quem estabelece um diálogo.
De nada adianta conversar super formalmente com seus amigos, eles não vão entender o porquê de você estar sendo assim tão sério, não é mesmo?
2. Variação linguística diatópica
A variação diatópica é relacionada ao local onde vive o falante. Ela é influenciada então pela geografia e pela cultura dos diferentes lugares. O Brasil é um país gigante, tanto em extensão quanto em cultura, por isso, diferentes regiões apresentam sotaques diferentes.
Os mineiros têm um sotaque, enquanto pernambucanos outro. Outro exemplo que caracteriza bem essa variação é a palavra “mandioca”, em alguns lugares ela é conhecida como macaxeira ou aipim. Essa variação é super interessante, porque permite que conheçamos várias palavras diferentes, cultura diferente, entre outras questões.
3. Variação linguística diastrática
A variação diastrática tem a ver com o grupo ao qual você pertence, é uma variação bastante social e cultural. A comunidade LGBTQI+, por exemplo, possui gírias próprias, que se diferenciam das gírias utilizadas por outros grupos.
4. Variação linguística diacrônica
Já a variação diacrônica é uma variação histórica. As línguas, de maneira geral, não são estáticas, ao contrário, são fluídas e sofrem mudanças ao longo dos anos. É normal algumas palavras deixarem de existir depois de muitos anos e outras fazerem parte do léxico.
Um ótimo exemplo é o pronome de tratamento “você”. Pode ser que você não saiba, mas no passado a forma original era “vossa mercê”, ao longo dos anos e das adaptações fomos mudando essa forma para a que usamos hoje, o “você”.
Em Minas Gerais, tem-se o costume de reduzir palavras e é muito comum ouvir falantes mineiros utilizando o “ocê”. Será que essa será a forma futura do “você”? É uma questão interessante de se pensar, não é mesmo?
O que a variação linguística tem a ver com o preconceito linguístico?
O preconceito linguístico tem uma relação bastante estreita com a variação diatópica, que é aquela relacionada à região do falante.
O preconceito acontece por causa das diferenças e é muito comum ouvir pessoas que ridicularizam ou brincam de maneira bastante ofensiva com o sotaque das pessoas que residem no norte ou nordeste do país, enquanto enaltecem o sotaque de uma pessoa que reside no sul, por exemplo.
Não há como dito anteriormente um “falar correto” ou um “falar errado”, há várias culturas distintas. As variações não estão presas às regiões. Em muitos casos, cidades de um mesmo estado apresentam palavras, gírias e sotaques distintos e é essencial entender que um estado, definitivamente, não é melhor que outro.
Por isso, conhecer as diferentes variações é fundamental para combater esse tipo de preconceito, que pode levar a atos de violência física, verbal ou psicológica. Como qualquer outro tipo de preconceito, ele é excludente e não faz o menor sentido.
Além de combater o preconceito, saber sobre esse assunto vai ajudar você a selecionar qual variação linguística utilizar em gêneros textuais diferentes. Na redação do Enem, por exemplo, você deverá utilizar uma variação formal da língua. Se você quer saber mais sobre outros gêneros e como utilizar diferentes linguagens em seu texto, leia nosso post sobre gêneros textuais e suas características!