A fala e a escrita fazem parte da materialização de nossa linguagem. E o nosso idioma, o português é um dos mais produtivos, ele nos permite manusear a linguagem de diversas maneiras.
Os regionalismos, as gírias, as contrações, enfim, tudo o que fazemos quando falamos e escrevemos só é possível porque nossa língua é muito rica e nos permite manifestar nossas emoções e sentimentos.
Pois bem, nessa linha a denotação e a conotação são manifestações linguísticas do português muito comuns. São sentidos diferentes que atribuímos a determinados termos, palavras e expressões e que podem acontecer tanto em gêneros textuais escritos quanto falados.
Certamente, você já ouviu falar em sentido denotativo e conotativo, mas é comum confundir os dois e se embananar na hora da prova. E é por isso que neste post vamos te contar o que é denotação e conotação e ainda te mostrar alguns exemplos bem explicativos que vão fazer você nunca mais errar este tipo de questão. Vamos lá?
O que é denotação e conotação?
A denotação é utilizada quando queremos atribuir à alguma palavra, termo ou expressão o sentido literal. Já a conotação se dá quando atribuímos às palavras o sentido figurado e não dicionarizado de algo.
Mais adiante vamos te contar melhor sobre a denotação e conotação. Acompanhe!
Denotação
Pois bem, a denotação pode ser conceituada como o sentido literal das palavras e expressões.
O sentido denotativo pode ser explicado também como o sentido real de termos da língua portuguesa.
Geralmente, usamos a denotação em gêneros textuais mais sérios e objetivos, como artigos científicos, textos descritivos objetivos, na redação Enem, em textos dissertativos-argumentativos, enfim, o sentido denotativo é utilizado, principalmente, em textos mais objetivos e reais, quando se quer passar informações literais.
Veja alguns exemplos para entender melhor:
- “Amor: Grande afeição que une uma pessoa a outra, ou a uma coisa, e que, quando de natureza seletiva e eletiva, é frequentemente acompanhada pela amizade e por afetos positivos, como a solicitude, a ternura, o zelo etc.; afeto, devoção.” Definição de amor retirada do dicionário Michaelis.
- “A professora pediu à Maria que mostrasse o seu dever de Matemática.”
- “Hibisco: Denominação comum às plantas do gênero Hibiscus, da família das malváceas, originárias de regiões tropicais e subtropicais, providas de alcaloides, com folhas denteadas e grandes, cultivadas especialmente pelas flores exuberantes, de cores variadas, com propriedades medicinais e para produção de chás; beijo, graxa.” Definição de hibisco retirada do dicionário Michaelis.
- “Circo: Pavilhão ou recinto circular desmontável, coberto e cercado de lona, que tem no seu interior um picadeiro rodeado por cadeiras e arquibancadas, onde se apresentam atrações variadas que incluem, entre outras, acrobacias, equilibrismo, momices e pequenos atos histriônicos com palhaços, contorcionismo, animais adestrados etc.; burlantim: “Vou me segurar nele como faz um trapezista de circo” (Z4).” Definição de circo retirada do dicionário Michaelis.
O que melhor caracteriza o sentido denotativo são exemplos de verbetes retirados de dicionários, pois os dicionários tentam ao máximo dar o sentido literal de palavras e expressões, como nos exemplos anteriores.
Geralmente, quando os professores vão ensinar questões relacionadas à análise sintática, como por exemplo explicar o que é um complemento nominal ou um objeto direto e indireto, eles vão utilizar a linguagem denotativa. Já que na maioria das vezes os exemplos e as explicações são feitas por frases descontextualizadas, ou seja, frases que não estão dentro de textos.
Conotação
Já a conotação é utilizada quando queremos modificar o sentido de alguma palavra ou expressão. Ao invés de usarmos o seu sentido real e literal, optamos por um sentido figurado. A conotação vai então ressignificar o sentido real das palavras.
É comum encontrarmos o sentido conotativo em conversas informais e mais comum ainda em gênero literários, como narrativas e, sobretudo, poesias.
Confira alguns exemplos:
- Poema de Luís Vaz de Camões:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
- Poema de Carlos Drummond de Andrade:
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
(…)
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Nestes dois poemas, percebe-se como a linguagem é usada não em tom objetivo e real, mas sim em tom poético e conotativo, dando um novo significado às palavras.
E é por isso que o sentido conotativo é um atributo das figuras de linguagem e mais especificamente as figuras de pensamento.
Mas espera aí, o que são as figuras de pensamento? ?
Essas figuras de linguagem, chamadas também de figuras de pensamento, estabelecem uma relação simbólica de proximidade, associação, substituição ou similaridade entre os termos. Geralmente, dão um sentido conotativo ao texto.
Confira algumas delas:
- Comparação ou símile;
- Metáfora;
- Metonímia.
Gostou de conhecer um pouquinho mais sobre denotação e conotação? Esperamos que sim e que você saiba como utilizar esses dois sentidos do jeitinho certo! O tema figuras de linguagem tem tudo a ver com o deste post, que tal dar uma lida e conferir as principais figuras de linguagem do português?