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Entenda o que é a cultura de massa e veja seus principais exemplos!

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Você provavelmente já ouviu a expressão cultura de massa sendo usada para designar algo acessível a todas as pessoas, ou de qualidade duvidosa. Mas você sabe por que esse nome é usado e o que ele de fato significa?

Neste artigo, você entende melhor o que é a cultura de massa, quais são as suas principais características, como ela é produzida e, é claro, seus exemplos mais famosos. Continue lendo e confira!

O que é?

O termo cultura de massa foi cunhado pela primeira vez pelos filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer. E, de acordo com os pensadores, o termo faz referência ao tipo de produção cultural que acontece no sistema capitalista — uma produção focada não na qualidade, mas na venda dos produtos.

Nesse sentido, os filósofos argumentam que a cultura de massa é uma forma de apropriação da arte que visa reproduzi-la em grande quantidade. Embora esse processo pareça, a princípio, positivo — uma vez que sugere que mais pessoas teriam acesso à arte —, o que ele causa é um esvaziamento dos objetos artísticos. 

A principal consequência negativa da cultura de massa, portanto, para os filósofos, é a perda da capacidade de transformação social até então associada à arte

Ou seja: quanto mais os objetos artísticos se tornam produtos que devem ser produzidos em grande quantidade e para todas as pessoas, menos eles podem ser objetos que geram incômodo ou sensações negativas. E, por isso, menos as pessoas que terão contato com eles se sentirão propensas a repensar — criticamente e de forma aprofundada — o espaço onde vivem.

Isso não significa, porém, que a cultura de massa não abrange discussões sérias. Um filme como Pantera Negra, por exemplo, sucesso de bilheteria, fala diretamente sobre a questão do racismo e suas consequências sociais. No entanto, essa discussão é superficial, e se encerra tão logo o filme termina, cabendo ao espectador ir atrás de mais informações sobre o assunto.

Qual a diferença entre cultura de massa e cultura popular?

Embora os termos cultura de massa e cultura popular sejam parecidos, as artes a que fazem referência são bastante diferentes. Enquanto a cultura de massa recebe esse nome devido à densidade e ao volume de obras produzidas, como explicamos, a cultura popular diz respeito a um fazer autêntico, normalmente regional.

Desse modo, a cultura popular está intimamente relacionada à cultura tradicional. Costuma ser feita de modo artesanal e, por isso, em menor quantidade, e relaciona-se intimamente à expressão do artista. Também é comum que a cultura popular seja elaborada como uma crítica social, expondo a realidade de camadas mais baixas da sociedade. Alguns exemplos são:

  • O samba, cuja origem está ligada às rodas de dança realizadas pelos escravos africanos no Brasil;
  • O grafite, que pode ser entendido como expressão popular de grupos marginalizados;
  • A literatura de cordel, uma manifestação cultural comum do nordeste brasileiro que tem a linguagem regional e a contação de histórias como principais características.

Como é produzida a cultura de massa?

Com frequência, há uma confusão entre a cultura de massa e a indústria cultural, responsável pela sua produção. Para simplificar o uso dos termos, é preciso entender que a cultura de massa é um produto da indústria cultural. Isso significa que ela é resultado de um pensamento específico, orientado à produção em largas quantidades e ao lucro. 

Pense em outras indústrias que conhecemos — a automobilística, a alimentícia ou a farmacêutica, por exemplo. Uma coisa que elas têm em comum é a produção em grande quantidades de um mesmo tipo de produto (automóveis, alimentos e remédios, respectivamente), o que não necessariamente confere a cada produto a melhor qualidade possível. O objetivo, porém, não é fazer o melhor produto, mas o produto que vai alcançar mais pessoas — e, assim, vender mais, gerando mais lucro para os donos dessas indústrias.

Com a indústria cultural, o pensamento é o mesmo: a partir da produção de diversos produtos (muito semelhantes entre si) de ordem cultural (filmes, livros, músicas etc.), é possível atingir um grupo de pessoas cada vez maior e, portanto, vender mais. 

Acontece, porém, que, para vender para todos os públicos, esses produtos precisam estar esvaziados de sentido — isto é, não podem causar desconforto nos compradores; não podem, por exemplo, gerar dúvidas. Daí a noção de que se cria uma cultura de massa, que se opõe a outros tipos de cultura (como a popular ou a erudita) graças ao seu objetivo final.

Quais são as características?

A cultura de massa é, como explicamos, um produto da indústria cultural. O seu objetivo é vender cada vez mais produtos para cada vez mais pessoas, o que implica que esses produtos terão algumas características em comum. Abaixo, você confere as 4 principais!

1. Inautenticidade

Quando falamos em inautenticidade na cultura de massas, fazemos referência ao fato de que todos os seus produtos se parecem. Pense, por exemplo, nos filmes de ação de Hollywood: todos eles seguem um roteiro mais ou menos similar, com o mesmo inimigo e as mesmas reviravoltas. 

Isso não significa que todos os filmes sejam ruins, ou que eles não sejam interessantes à sua própria maneira. No entanto, é inegável que existe entre eles uma série de características compartilhadas, que fazem com que o espectador já saiba o que vai encontrar sempre que entra no cinema.

Essa inautenticidade gera, portanto, uma espécie de “conforto” no público-alvo desses produtos, o que faz com que eles não tenham receio em consumi-los cada vez mais.

2. Mistura de elementos

A cultura de massas também tem como uma característica fundamental a mistura de elementos de outras culturas, como a erudita e a popular. Afinal, uma vez que ela deseja alcançar um número cada vez maior de consumidores, é fundamental que pessoas de diferentes classes e com diferentes bagagens culturais se sintam “atraídas” pelo produto da cultura de massa.

Isso significa que a cultura de massa usa apelos de todos os tipos para atrair seus consumidores. Um filme como Avatar, por exemplo — que tem a maior bilheteria de todos os tempos —, pode ser atrativo para a cultura popular porque fala sobre tradições e sobre a luta de um povo para sobreviver, enquanto é atrativo para a cultura erudita porque usa elementos de tecnologia e revoluciona o que era o cinema até aquele momento. Ao misturar esses elementos, portanto, o filme se torna um sucesso de vendas.

3. Ausência de distinções

A mistura de elementos também ressalta uma outra característica da cultura de massa: a ausência de distinções entre o seu público. Como ela reúne produtos que devem servir “para todo mundo”, esses produtos não podem ter características muito específicas de um povo ou uma cultura. Afinal, quando isso acontece, ele fica mais “restrito”, e pessoas que não pertencem àquele povo ou cultura podem assumir que não são o seu público-alvo.

Nesse sentido, a cultura de massa tem produtos que não focam em elementos identitários e que podem ser comprados por “qualquer pessoa”. Daí a noção, muito comum, de que tudo que nós consumimos em grandes quantidades — roupas, filmes, músicas, séries, livros — vem ficando cada vez mais parecido. 

4. Foco no consumo

Lembre-se: o foco no consumo é a principal característica da cultura de massa, uma vez que é também o seu principal objetivo. Como explicamos ao longo deste artigo, a cultura de massa é um produto da indústria cultural e esta, como toda indústria, está mais interessada no alto volume de venda de seus produtos.

Por isso mesmo, por melhor que um produto da cultura de massa possa ser, ele ainda terá como objetivo ser vendido para a maior quantidade possível de pessoas. E isso significa que ele seguirá regras sociais consideradas adequadas pela maioria — o que se reflete, por exemplo, na representatividade, no viés político-econômico etc.

3 exemplos de cultura de massa na atualidade

Agora que você já entendeu o que é a cultura de massa, chegou a hora de entender como ela se apresenta nos dias atuais. Abaixo, você conhece 3 exemplos dessa manifestação. Confira!

1. Cinema

O cinema é, talvez, o maior exemplo quando falamos sobre a cultura de massa e os seus impactos. Mesmo na época em que a teorização desses conceitos estava sendo elaborada por Adorno e Horkheimer, os filósofos já apontavam que o cinema era um dos canais a partir dos quais essa cultura ganharia mais atenção.

A cultura de massa se manifesta no cinema através das grandes produções que são, em geral, bastante similares umas às outras. Pense, por exemplo, no sucesso da Marvel, nas inúmeras sequências dos filmes 007, ou mesmo nas comédias românticas. Quantos desses filmes são, de fato, filmes feitos para provocar a audiência e tocar em temas complexos, e quantos deles são pensados para gerar recordes de bilheteria e alavancar vendas?

2. Música

A música também sofre os efeitos da cultura de massa, embora possa ser mais difícil separar o que é cultura de massa e o que é cultura popular. O funk, por exemplo, é uma forma de expressão social que foi adaptada para servir à cultura de massa — hoje, em vez de retratar a realidade das favelas, o ritmo é associado a outros elementos.

Ao contrário do que muitos pensam, não é apenas a música erudita que foge dos padrões da cultura de massa. A questão, quando pensamos nessas manifestações artísticas, deve ser sempre o objetivo que elas parecem cumprir. Por isso, devemos nos perguntar: esse produto foi feito para gerar um sentimento ou uma venda?

3. “Trends”

Por fim, as manifestações mais identificáveis da cultura de massa são as chamadas “trends”, populares nas redes sociais. Elas incluem diferentes formas de manifestação artística — moda, maquiagem, dança etc. —, mas sempre com o olhar mercadológico. É preciso comprar, usar, fazer as mesmas coisas que outras pessoas já estão fazendo, para acompanhar mudanças cada vez mais rápidas e que fazem menos sentido.

Essa é a lógica da cultura de massa sendo popularizada todos os dias. Mais do que pensar por que uma coisa ou outra está “viralizando”, nós nos ocupamos apenas em participar das novidades. E, assim, as indústrias continuam lucrando.

Como falar sobre cultura de massa em uma redação?

A cultura de massa é um tema bastante comum na nossa sociedade e, porque está ligada a diferentes fatores sociais, políticos e culturais, também pode funcionar como um bom tema de redação em provas. Para se preparar bem para essas questões, é fundamental que você não só entenda o conceito de cultura de massa, mas saiba aplicá-lo no dia a dia. Por isso:

  • Cite os impactos que a cultura de massa pode ter em outras áreas da nossa vida e da nossa sociedade. Como ela influencia o nosso pensamento crítico? Será que ela tem efeitos negativos na nossa produção de lixo e em como lidamos com o meio ambiente?
  • Pense em possíveis soluções para os problemas que a cultura de massa ajuda a causar. Como eles podem ser revertidos? Será que é a cultura de massa que deve ser combatida, ou a ideologia que ela defende?
  • Lembre-se que a cultura de massas não existe sozinha. Ela é um produto da indústria cultural que, por sua vez, está integrada em um tipo de visão de mundo. Ou seja: não se limite a apontar a cultura de massas como vilã, mas tente contextualizá-la.

Esperamos que este conteúdo tenha te ajudado a entender mais sobre a cultura de massa, seus impactos e suas características. Agora, que tal dar uma olhada em outros temas associados a este? Confira um exemplo de redação sobre o lixo e a sociedade de consumo no Brasil e saiba mais!

Foto do texto: Reprodução/Wallula/Pixabay

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Autor

  • Amanda Tracera

    Mestre em Letras, trabalha com conteúdo digital há 6 anos. É apaixonada por educação e tecnologia e passa o tempo livre com um livro nas mãos.

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