O número de pessoas em situação de rua, no Brasil, vem crescendo todos os anos. A presença dessa população em espaços públicos escancara a desigualdade do país e, por isso, tende a gerar desconforto. Como “solução”, tem sido implementada a arquitetura hostil.
Se você não está familiarizado com esse conceito, não precisa mais se preocupar: nós preparamos um conteúdo completo sobre o assunto, com exemplos! Você também aproveita para entender como o tema pode ser abordado em uma redação de vestibular. Confira!
O que é arquitetura hostil?
A arquitetura hostil é aquela que faz intervenções em espaços públicos e de acesso livre com o intuito de restringir o acesso à circulação e à permanência de pessoas em situação de rua. Ela é mais comum em grandes centros urbanos.
Embora o termo só tenha se popularizado em meados de 2014, esse tipo de arquitetura é comum desde os anos 1990. O conceito parte do princípio de que apenas a parte economicamente ativa da população poderia ser considerada “cidadã”.
Para além da exclusão de pessoas em situação de rua, a arquitetura hostil também impede a permanência em espaços livres por muito tempo. Práticas como performances musicais, protestos e mesmo andar de skate se tornam mais difíceis, já que o acesso aos espaços é limitado.
Qual é o problema da arquitetura hostil?
Até 2023, mais de 260 mil pessoas viviam em situação de rua no Brasil. O número, 11 vezes maior do que em 2013, aponta para um aumento no número de cidadãos que perderam suas casas.
Diante desse cenário, a arquitetura hostil funciona como uma ferramenta que impede que essas pessoas, já em situação precária, tenham um pouco mais de conforto e dignidade. Afinal, limita o acesso a espaços secos e protegidos da chuva e do vento, bem como impede que essas pessoas tenham acesso a superfícies lisas e firmes para descansar, muitas vezes obrigando-as a dormir no chão.
Nova legislação brasileira sobre arquitetura hostil
Por entender que as práticas de arquitetura hostil impedem o exercício da cidadania a todos os brasileiros, foi aprovada, em 2022, a Lei nº14.489/2022, também chamada de Lei Padre Júlio Lancellotti. Ela proíbe a arquitetura hostil em locais públicos.
De acordo com a nova lei, a política urbana deve promover conforto, abrigo, descanso e bem-estar, além de acessibilidade. Isso não significa, é claro, que pessoas em condição de rua terão a mesma dignidade, conforto e segurança que pessoas que têm onde morar — mas assegura que elas não estarão completamente abandonadas, também.
Alternativas à arquitetura hostil
A presença de pessoas em situação de rua em grandes centros urbanos pode gerar incômodo e ser considerada um problema de segurança pública. O reflexo da desigualdade social é, de fato, desconfortável, mas, em vez de expulsar essas pessoas de espaços comuns, negando a elas o exercício da sua cidadania, é ideal que sejam elaborados outros planos de ação.
Um deles é o aumento no número de abrigos para pessoas em situação de rua. No Rio de Janeiro, por exemplo, o programa da prefeitura, “Seguir em Frente”, não só acolhe essas pessoas, oferecendo cuidados básicos, atendimento médico e até tratamentos para animais, como também tenta reinserir os atendidos no mercado de trabalho.
Desse modo, os abrigos se tornam lares temporários, ideais para que essas pessoas tenham a oportunidade de se reorganizar sem precisar se preocupar com a violência e a falta de estrutura da vida nas ruas.
Conheça 5 exemplos de arquitetura hostil
A arquitetura hostil pode ser observada tanto em grandes intervenções no espaço, quanto em pequenas medidas que passam despercebidas para a população em geral. Veja, a seguir, alguns exemplos:
1. Uso de pedras embaixo de viadutos
O uso de pedras embaixo de viadutos faz com que a população de rua não consiga se instalar nesses lugares, sobretudo nos dias de chuva.
2. Bancos modificados
Bancos de parques e praças passam a contar com um separador ou, em alguns casos, com um espaço entre eles. Isso impede que a população de rua consiga deitar nesses lugares para passar a noite.
Outra prática comum é o uso de bancos curvados ou com ondulações, que impede que as pessoas deitem. Bancos muito finos, com larguras menores que as recomendadas pelos padrões de ergonomia, são comumente vistos em pontos de ônibus.
3. Uso de metais em canteiros
Os canteiros de rua também são modificados, em geral a partir do uso de metais como os da figura, para evitar a permanência da população de rua.
4. Pinos em frente aos peitoris
Nos peitoris das lojas são instalados pinos de formato pontiagudo, evitando que as pessoas possam sentar ou deitar sobre eles durante um período prolongado.
5. Grades em frente a vitrines e portas de loja
Essas grades não são as comumente usadas para proteção, mas um modelo “afastado” da parede ou da vitrine da loja, que visa impedir que moradores de rua fiquem ali quando o estabelecimento não estiver funcionando.
Como falar sobre arquitetura hostil na redação do vestibular?
O tema da arquitetura hostil suscita diferentes debates sobre a desigualdade social, o acesso a espaços públicos e sobre a própria condição de vida da população de rua. Por isso, pode aparecer na redação de diferentes vestibulares.
Veja alguns modelos de proposta:
- Caminhos para acabar com a arquitetura hostil e com o controle dos espaços públicos;
- Arquitetura hostil e exclusão de pessoas em situação de rua;
- Arquitetura hostil no Brasil: construindo barreiras invisíveis;
- Política da exclusão: a arquitetura hostil nas cidades brasileiras;
- Arquitetura hostil e o direito ao espaço público;
- O impacto social da arquitetura hostil.
Aumente o seu repertório sociocultural
Para falar sobre o tema, é fundamental que o aluno, além de conhecer dados relevantes sobre o assunto, também tenha um bom repertório sociocultural. Afinal, ele é uma ferramenta interessante para citações na redação, além de contribuir para uma boa pontuação nas competências do Enem.
Confira, a seguir, dois documentários que podem te ajudar a pensar sobre o tema:
1. Cidadãos de rua: eles têm voz
Este documentário foi apresentado pela ONG Centro Social da Rua e acompanha a trajetória de cinco pessoas que se encontram em situação de rua em Porto Alegre. Sob diferentes pontos de vista, podemos acompanhar as suas lutas diárias e a busca por uma oportunidade de deixar a vida nas ruas.
2. Onde eu moro
Este documentário denuncia o aumento de pessoas em situação de rua na costa oeste dos Estados Unidos, mostrando o seu dia a dia e as lutas pela conquista de melhores qualidades de vida.
A partir dele, podemos entender que o problema da desigualdade social não é exclusivo do Brasil, e adquirir novos pontos de vista sobre o assunto.
É hora de praticar!
A melhor forma de conseguir falar sobre qualquer assunto na redação de vestibular é praticando muito. E, com a Imaginie, você pode não só fazer redações sobre temas diversos, mas também tê-las corrigidas em até 24h!
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