A desextinção, processo genético que visa recuperar espécies extintas, ganhou destaque este ano com o trabalho da Colossal Biosciences. A empresa, focada em “trazer de volta” animais como mamutes, divulgou o seu sucesso na desextinção do lobo terrível, uma espécie de lobo extinta há 10 mil anos.
Mas o que é, de fato, a desextinção? Como esse processo acontece, e quais são os seus potenciais riscos e benefícios para a população e para os outros animais? Neste conteúdo, você tira todas as suas dúvidas — e ainda aprende a falar sobre o tema na redação. Continue lendo para saber mais!
O que é desextinção?
A desextinção é o processo genético que possibilita “trazer de volta” uma espécie já extinta, a partir da recriação do seu DNA. O processo funciona mais ou menos assim:
- A partir de uma amostra de DNA antigo, cientistas reconstroem o genoma da espécie extinta;
- Em seguida, retiram o DNA de um óvulo de um animal vivo hoje, mas geneticamente similar ao da espécie extinta, e colocam, no seu lugar, o DNA reconstruído;
- Por fim, implementam esse óvulo em um útero capaz de gestá-lo.
Entende-se que o animal resultante desse processo seria geneticamente idêntico a um animal da espécie extinta. Ou seja: essa espécie seria “ressuscitada”.
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É possível ressuscitar animais extintos?
Em teoria, sim. É o que argumenta, por exemplo, a Colossal Biosciences, uma empresa de tecnologia e manipulação genética. Em 2025, ela divulgou ter sido capaz de trazer de volta uma espécie de lobo extinta há mais de 10 mil anos, o lobo-terrível.
Popularmente, a espécie é conhecida graças à série Game of Thrones, de George R. R. Martin, como os lobos que ilustram a Casa Stark.
A prática, porém, é um pouco mais complexa do que a teoria. No caso do lobo-terrível, por exemplo, e de outros animais extintos há milhares de anos, o processo de desextinção envolveria a recriação de um genoma a partir de um DNA muito antigo e, portanto, mais difícil de trabalhar, por já estar bastante desgastado.
Qual a diferença entre ressuscitar e recriar uma espécie?
Para ressuscitar uma espécie extinta, é necessário que os novos animais — criados a partir da recriação do DNA — sejam geneticamente idênticos aos que existiram no passado. Para isso, é fundamental uma amostra conservada do DNA, e as etapas do processo de desextinção devem acontecer sem intercorrências.
Até hoje, as tentativas de ressuscitar uma espécie não foram bem sucedidas: embora, em alguns casos, as espécies tenham chegado a nascer (como, em 2009, o caso do íbex — um animal similar à cabra), elas não sobreviveram por mais do que alguns dias ou, em alguns casos, minutos.
Quando falamos em recriação da espécie, por outro lado, dizemos respeito às modificações genéticas de DNA para que seja criado um novo animal, similar ao extinto, mas não idêntico. É o que aconteceu, por exemplo, no caso do lobo-terrível.
Os cientistas da Colossal Biosciences usaram um DNA novo, de espécies de lobos que existem hoje, e uma tecnologia de edição de DNA para modificar 14 dos seus genes. Assim, foram capazes de dar a essas espécies os traços físicos do lobo-terrível.
Os genes foram escolhidos com base na comparação do DNA preservado com o DNA atual. A comparação indicaria as principais diferenças entre as duas espécies e, com base nesses resultados, seria possível identificar quais genes precisavam ser alterados. No entanto, vale lembrar que um DNA de 10 mil anos atrás não é exatamente confiável, o que torna essa metodologia também bastante complexa.
Nesse sentido, os lobos-terríveis que resultaram desse processo não são realmente lobos-terríveis. Em vez disso, são lobos cinzentos, geneticamente modificados para se parecer com uma suposição do que o lobo-terrível foi um dia.
Quais os possíveis benefícios da desextinção?
A desextinção é um processo genético complexo, que pode abrir portas para uma série de avanços biotecnológicos. Mais do que trazer animais extintos de volta à vida, ela funciona como uma ferramenta que testa técnicas de manipulação e edição genética.
Isso significa que, quando a desextinção é bem sucedida e a edição de DNA é feita de forma segura, pesquisadores de todas as áreas podem ser beneficiados. Na biomedicina, por exemplo, esse procedimento pode ser usado para alavancar pesquisas ligadas a doenças genéticas, como a anemia falciforme, a Doença de Huntington e até o câncer.
A volta de animais extintos, por sua vez, também pode ser benéfica se feita de forma responsável. Com ela, pode ser possível restaurar ecossistemas e aumentar a biodiversidade, trazendo de volta animais que tinham um papel importante na manutenção da vida de outras espécies.
Por que a desextinção pode ser um risco pro meio ambiente?
Embora seja um processo benéfico para a biotecnologia e a biomedicina, a desextinção também pode trazer mais riscos do que benefícios. Isso acontece por um motivo bastante simples: os ecossistemas já não são os mesmos.
Isso significa que as condições de vida para animais extintos são, hoje, muito diferentes das que eram antigamente. E isso não diz respeito apenas às condições climáticas e naturais, mas também à disponibilidade de alimentos para manter a cadeia alimentar funcionando sem prejuízo às espécies atuais.
Quando falamos em predadores, por exemplo, como é o caso do lobo-terrível, seria preciso garantir a existência de animais menores para que ele se alimentasse. Sua dieta, há dez mil anos, era composta por cavalos selvagens, bisões antigos, camelos pré-históricos e até filhotes de mamutes — animais que também já não existem. Assim, para mantê-los vivos, seria necessário ofertar alimentos diferentes — diminuindo a oferta para outros lobos e grandes mamíferos.
Ou seja: como consequência, a desextinção poderia ocasionar o fim de espécies atuais. Além disso, também poderia desequilibrar o habitat em que essas espécies vivem hoje.
Como falar sobre desextinção na redação?
Por envolver debates tecnológicos, científicos e até filosóficos, a desextinção pode se tornar um dos temas de redação dos vestibulares. No entanto, para abordá-lo de forma estruturada e com bons argumentos, o primeiro passo é expandir o seu repertório sociocultural.
Confira, abaixo, algumas recomendações:
- Jurassic Park (1993): Quando o assunto é trazer espécies extintas de volta à vida, a franquia de Jurassic Park é o exemplo mais comum. Os filmes são muito interessantes para pensarmos sobre as implicações desse processo.
- Black Mirror: No episódio “Hated in the nation” (temporada 3, episódio 6), conhecemos um mundo no qual as abelhas foram extintas e substituídas por abelhas-robôs.
- O jardim das espécies (2020): O documentário trata da preservação de espécies ameaçadas de extinção no Brasil e das iniciativas para a reintrodução de espécies extintas, com um olhar focado na fauna amazônica.
Além disso, é fundamental ouvir o que especialistas no assunto estão falando sobre esse processo. Para isso, você pode contar com as redes sociais, como o YouTube e o TikTok! Mas lembre-se de procurar por conteúdos com base científica, afastando-se de achismos e hipóteses não comprovadas.
Outra dica importante é a de praticar bastante. Para mandar bem na redação, o ideal é que você produza pelo menos dois textos por semana. Confira, abaixo, três temas sugeridos sobre a desextinção e comece a praticar:
- Desextinção: promessa científica ou ameaça ética?
- Desextinção e equilíbrio ecológico: solução ou risco?
- A desextinção como um desvio de prioridades diante dos problemas ambientais
E lembre-se: você pode contar com a Imaginie na hora de produzir e corrigir essas redações! Aqui, você encontra monitorias ilimitadas para tirar dúvidas, além de correções em até 24 horas destacando seus pontos fortes e pontos a melhorar. Conheça os nossos planos e comece agora mesmo!