A partir do dia 27 de abril de 2024, o estado do Rio Grande do Sul começou a sofrer com enchentes catastróficas. Com o aumento do volume da água, mais cidades ficaram debaixo d’água, o que originou uma das maiores crises climáticas do Brasil nos últimos anos.
O tema das enchentes do RS é importante porque toca em diversos outros assuntos, cada vez mais urgentes nos dias de hoje. O aquecimento global e a administração das cidades e estados diante das mudanças climáticas é, talvez, o mais relevante deles. E, por isso mesmo, pode aparecer em provas e vestibulares.
Pensando nisso, que tal entender melhor o que causou as enchentes do Rio Grande do Sul e os impactos dessa tragédia? Continue lendo e saiba mais.
O que causou as enchentes do Rio Grande do Sul em 2024?
Foram diversos os fatores que convergiram para causar as enchentes do Rio Grande do Sul. De modo geral, podemos dividi-los em dois grupos: de um lado, os fatores ambientais; do outro, os fatores administrativos.
Causas ambientais das enchentes do Rio Grande do Sul
As causas ambientais das enchentes são conhecidas: no final do mês de abril, algumas regiões do RS foram atingidas por um alto volume de chuva, efeito do El Niño — um fenômeno meteorológico que gera uma mudança na temperatura do oceano e, consequentemente, um novo padrão de temperaturas e umidade em diferentes áreas.
A situação climática se tornou ainda mais complicada pelos efeitos de um “anticiclone”. De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (InMet), esse fenômeno gerou uma “bolha de ar quente” na região, impedindo que a chuva fosse levada, pelo vento, para outras áreas do país.
Para além dos fatores meteorológicos, porém, é importante pontuar os efeitos do aquecimento global no desastre das enchentes do Rio Grande do Sul. Afinal, com as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global, os padrões conhecidos de chuva e de fenômenos naturais estão mudando. Dessa forma, é preciso tomar novas medidas administrativas para evitar desastres, além de acompanhar mais de perto os relatórios informativos de órgãos e instituições especializados, como o InMet.
Causas administrativas das enchentes do Rio Grande do Sul
Embora as catástrofes naturais sejam, com frequência, consideradas uma “surpresa” pelo poder público, uma vez que acontecem “de repente”, a verdade é que tragédias como as enchentes do Rio Grande do Sul poderiam ser evitadas a partir de decisões administrativas responsáveis.
Em 2014, teve início o projeto “Brasil 2040: cenários e alternativas de adaptação à mudança do clima”, que visava apresentar um panorama do Brasil diante das possíveis mudanças climáticas. Os resultados eram alarmantes, com relatórios completos que previam o aumento de temperatura, a falta de água em algumas regiões e, é claro, enchentes do Sul do Brasil.
O projeto foi considerado, na época, “alarmista”, e boa parte dos seus resultados não está disponível para o público. Mas este não foi o único estudo realizado sobre a mudança de clima local, e o próprio Instituto Nacional de Meteorologia já dava indícios de que a situação seria mais grave do que em anos anteriores.
A administração do Estado, sob o comando do governador Eduardo Leite, porém, argumentou que, apesar dos alertas dos estudos, “o governo também vive outras agendas”. Em 2024, depois de o Estado do Rio Grande do Sul já ter lidado com enchentes catastróficas em junho, setembro e novembro de 2023, Leite previu um investimento de R$117 milhões para projetos relacionados a desastres naturais, mas o valor alocado de fato foi de R$10 milhões, apenas 9% do previsto, e os gastos reais foram de R$640 mil até o início de maio. Ou seja: apesar de haver recursos financeiros, não houve investimento para evitar a catástrofe.
Além disso, foi reportada demora nas ações do governo para a evacuação de moradores, o que pode ter influenciado o número de desaparecidos e mortos pela enchente. Por fim, de acordo com especialistas, a manutenção do sistema de proteção contra enchentes não foi realizada, o que também contribuiu para que as barragens não dessem conta do volume de água.
Quais foram as áreas afetadas pelas enchentes do RS?
Até meados de maio de 2024, as enchentes do Rio Grande do Sul atingiram cerca de 90% das cidades gaúchas. Segundo o relatório da Defesa Civil emitido no dia 22 de maio de 2024, das 497 cidades, 667 foram afetadas pelas tempestades. Isso significa que apenas 30 cidades não tiveram nenhum impacto relacionado às enchentes no Estado.
As mortes causadas pela chuva ocorreram principalmente na região metropolitana de Porto Alegre, além da região central do estado do RS. As áreas norte, nordeste e noroeste do estado foram as menos afetadas.
O Observatório das Metrópoles notou, ainda, que foi a população de baixa renda a mai atingida pelas enchentes em Porto Alegre.
Enchentes do RS e aquecimento global: qual a relação?
O aquecimento global é um fenômeno que afeta diversas áreas da nossa vida, mesmo quando não conseguimos percebê-lo imediatamente. Um exemplo clássico, usado com frequência para ilustrar o aumento da temperatura do planeta, é o derretimento das calotas polares, que gera um maior volume de água no mar, o que pode levar a inundações e ao desaparecimento de cidades costeiras — mas isso não é tudo.
Para simplificar: o aquecimento global gera um desequilíbrio na temperatura média do planeta, o que muda a maneira como o clima se apresenta em todas as regiões. Assim, temos frios mais intensos, verões mais quentes, secas mais agressivas e chuvas mais recorrentes — como a que atingiu o Rio Grande do Sul.
Diante desses efeitos, tudo o que conhecíamos sobre o clima já não é o suficiente para tomarmos medidas de proteção 100% seguras. Além disso, diversas regiões que não eram afetadas por essas mudanças podem passar a ser impactadas, o que gera uma consequência direta na vida das pessoas.
Nesse sentido, o aquecimento global desencadeia os eventos climáticos que podem gerar catástrofes. Por isso, é fundamental que o poder público continue investindo em pesquisas que visam prever essas tragédias e propor maneiras de minimizá-las ou evitá-las.
Enchentes do Rio Grande do Sul na redação de vestibular
As redações de vestibulares, como o Enem, costumam se apoiar em acontecimentos de impacto nacional para discutir os temas que os cercam. Nesse sentido, as enchentes do Rio Grande do Sul podem ser um assunto a ser abordado nos vestibulares de 2024 e 2025, uma vez que permitem discussões sobre:
- O racismo ambiental e as pessoas impactadas pelas tragédias ambientais;
- Os impactos do aquecimento global;
- A desigualdade social e o seu papel na reconstrução das casas e vidas das pessoas que ficaram desalojadas;
- O papel da administração pública diante de cenários de tragédia ambiental; etc.
Assim, embora os temas propostos não sejam sobre esta situação em particular, ela pode ser usada como exemplo para melhorar a argumentação na redação, apresentando situações concretas em que o racismo ambiental, o aquecimento global ou a desigualdade social podem ser observados.
As enchentes do Rio Grande do Sul também podem aparecer em textos de apoio, possibilitando que algumas informações, como o número de pessoas desabrigadas, sejam usados como dados para a redação. Dessa forma, você também constroi argumentos mais robustos, que te ajudam a defender a tese proposta na introdução.
Por fim, estar informado sobre as enchentes e conhecer a realidade do seu país é uma das maneiras mais simples de aumentar o seu repertório sociocultural. Essa é uma estratégia importante sobretudo na hora de propor soluções reais para um problema, indicando para os corretores que você domina o assunto de maneira mais profunda e consegue fazer conexões complexas entre temas diversos.
Quer entender melhor como esses e outros acontecimentos nacionais podem ser abordados na sua redação? Conheça os planos da Imaginie e aprenda a escrever uma redação nota máxima!
Foto do post: Gustavo Mansur/Palácio Piratini