Depois uma vida escolar descompromissada, muitos alunos chegam no 3o ano ou pré-vestibular sem condições pedagógicas para fazerem o ENEM, uma vez que a maioria das escolas, sejam elas públicas ou privadas, fingem que estão ensinando seus alunos, e estes fingem que estão aprendendo.
Diante do desafio do ingresso em uma boa universidade, estes alunos iniciam o ano com a famosa frase “agora vou estudar pra valer” e tentam recuperar o tempo perdido, aprendendo em um ano o que deveriam ter aprendido durante toda vida escolar. Encaram o desafio sem analisar a melhor maneira para estudar, a melhor estratégia a se adotar?
As universidades públicas de forma geral se dividem em dois modelos de seleção de candidatos: a maior parte atribui peso igual para as cinco áreas do conhecimento, Matemática, Ciências Humanas, Linguagens, Códigos, Ciências da natureza e Redação. Enquanto, outras universidades atribuem maior valor para determinadas disciplinas de acordo com o curso; por exemplo na UFRJ, para os cursos de engenharia, a prova de Matemática possui maior valor em relação à demais áreas. E é importante saber que a forma de ingresso na universidade poderá gerar variações na estratégia de estudo, contudo, os conceitos descritos abaixo servem para otimizar o resultado de forma geral, podendo ser aplicados nas diversas variações estratégicas de acordo com o modelo de ingresso da universidade que o candidato escolheu.
A reflexão natural do aluno geralmente o segue o fluxo a seguir:
Ora, se a nota para ingressar em uma faculdade pelo Enem é a média dos pontos obtidos nas cinco áreas do conhecimento, então, cada área é responsável por 20% dos pontos totais. Sendo assim, o aluno deve se dedicar às disciplinas de maior afinidade e ao mesmo tempo estudar para melhorar suas deficiências. Este raciocínio intuitivo é a orientação que milhares de instituições de ensino doutrinam seus alunos ao longo dos anos. Infelizmente elas estão erradas, existem três argumentos para comprovar isso.
Primeiro argumento
Para ilustrar minha teoria, vou usar o exemplo da área de Ciências Humanas, que é formada pelas disciplinas de História, Geografia, Sociologia e Filosofia. Caso o aluno decida se dedicar à História, ele estará estudando apenas uma pequena fração do conteúdo cobrado pelo ENEM. O mesmo ocorre nas outras áreas, tais como Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia) e Linguagens e Códigos (Português, Literatura e Língua Estrangeira). Assim, a Matemática é a única área objetiva, realmente responsável por 20% do valor total de pontos da prova.
Logo o aluno deve focar em matemática?
Segundo argumento
Dentre as áreas objetivas, seu foco deverá ser sim a Matemática, primeiro porque sozinha, é responsável por um quinto das questões do ENEM, mas existe outro motivo que faz com que a disciplina de Matemática seja especial. O ENEM calcula a nota do aluno usando a Teoria de Resposta ao Item (TRI) e esse modelo matemático faz com que, por melhor que o aluno seja em determinada área, ele não será capaz de tirar nota total. Vejam as notas máximas e mínimas no ENEM 2014.
1- Linguagens:
Mais alta: 813,3
Mais baixa: 261,3
2- Ciências Humanas:
Mais alta: 888,7
Mais baixa: 299,
3- Ciências da Natureza:
Mais alta: 901,3
Mais baixa: 311,5
4- Matemática:
Mais alta: 971,5
Mais baixa: 322,4
A Teoria de Resposta ao Item pode parecer injusta à primeira vista, mas trata-se de uma metodologia utilizada em testes consagrados no mundo inteiro, desde a década de 1950. O objetivo da TRI é justamente alcançar uma avaliação mais próxima do “conhecimento real” do candidato. Na prática, as questões mais difíceis valem mais e aquelas que todos acertam, equivalem a um valor menor de pontos. Neste sentido, a área de Matemática por exemplo, costuma ter notas mais altas justamente por ser a disciplina com menos acertos entre todos os candidatos.
Diferente das outras áreas, a Redação é subjetiva! Logo, o critério de correção é a média da avaliação de dois professores, sendo assim, possível de se chegar à nota mil.
Redação:
Mais alto: 1000
Mais baixo: 0
Por esse motivo, muitos alunos alcançam resultados superiores aos 900 pontos, o que é quase impossível nas outras áreas.
O terceiro argumento
Os alunos precisam de aptidão e onze anos de muita dedicação para dominar todo o conteúdo de Matemática e, ainda assim, somente os melhores da escola irão conseguir tirar por volta de 800 pontos. O mesmo acontece em outras áreas.
No entanto, um aluno pode fazer uma boa prova de Redação com apenas 20 horas de estudos semanais, durante um ano. O conteúdo é pequeno e é relativamente fácil fazer uma boa redação, basta conciliar o hábito da leitura de temas da atualidade com a prática da escrita.
Conclusão
Observem o efeito da nota de Redação em dois candidatos para o curso de Medicina da UFMG:
Área | REPROVADO | APROVADO |
Ciências da Natureza | 760 | 760 |
Linguagens e Códigos | 750 | 750 |
Ciências humanas | 750 | 780 |
Matemática | 820 | 820 |
Redação | 750 | 950 |
Média | 766 | 812 |
A maior parte dos candidatos à este está estudando Biologia e Química, enquanto deveriam estar se dedicando à redação de pelo menos um texto por dia. Pode parecer contra intuitivo, mas um correção de redação com resultado de 900, é obrigação de qualquer candidato, especialmente quando se trata das Universidades e Cursos mais concorridos.
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