Céu cinza, sol muito avermelhado, dificuldades para respirar, garganta seca, sensação de abafamento: essas são algumas das consequências da fumaça que cobre o Brasil desde o início de setembro de 2024. O efeito das queimadas acendeu um alerta sobre as práticas ilegais e descontroladas.
Como se trata de um tema importante e que articula diferentes questões sociais, ambientais e econômicas, a equipe da Imaginie preparou um conteúdo super completo para tirar todas as suas dúvidas. Continue lendo e saiba mais.
O que está causando a fumaça no Brasil?
No mês de agosto de 2024, o estado de São Paulo registrou o maior número de queimadas desde 1998, um aumento de 989% se comparado ao mesmo período do ano anterior. Ainda assim, o estado ocupou apenas a quinta posição na lista de estados com mais focos de incêndio.
Além de São Paulo, o Mato Grosso do Sul (4º lugar), o Amazonas (3º), o Pará (2º) e o Mato Grosso (1º) também registraram um aumento preocupante no número de queimadas.
De acordo com o monitoramento feito pela plataforma suíça IQAir, durante o mês de agosto, a Amazônia Ocidental (região constituída pelos estados Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima) passou a ser a região mais poluída do mundo.
O resultado das queimadas excessivas foi sentido em todo o país: o Brasil ficou coberto por uma fumaça tóxica, registrando os piores índices de qualidade do ar da história. Isso acontece devido aos chamados “rios voadores” — correntes de ar que levam a umidade da Amazônia para as outras regiões.
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Histórico de queimadas no Brasil: veja dados para a redação
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a setembro de 2024 o Brasil registrou mais de 156 mil focos de fogo. O número é o maior desde 2010, e ilustra um problema que já assola o país há anos.
Além disso, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a queimada no Brasil bateu recordes históricos. O mês de fevereiro de 2024 marcou um aumento de 410% se comparado ao mesmo período de 2023. De 2019 a 2023, o índice passou de 413,9 mil hectares para 950,3 mil.
O cerrado brasileiro é uma área seca e de clima árido. Por conta do vento e da baixa umidade, não é incomum que queimadas naturais aconteçam, causando incêndios que podem assumir grandes proporções.
No entanto, a área do cerrado também é marcada por uma intensa atividade agropecuária. Nesse cenário, as queimadas acabam “ajudando” os grandes produtores, uma vez que auxiliam a preparar o solo e “limpar” a vegetação. Por isso, as queimadas também costumam ser provocadas por seres humanos — e podem sair de controle.
Outra área muito afetada pelas queimadas é a Amazônia brasileira, região onde as queimadas naturais também costumam acontecer, bem como a exploração ilegal.
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Quais são as consequências da fumaça no Brasil?
A principal consequência das queimadas e da fumaça gerada por elas está na piora da qualidade do ar, que afeta todos os seres vivos.
Para os seres humanos, ela representa o aumento da dificuldade para respirar e a manifestação de diferentes problemas de saúde, sobretudo os associados ao sistema respiratório. Também há um aumento na temperatura geral do país, gerando ondas de calor.
As queimadas também causam a morte de centenas de animais, seja imediatamente, seja a partir da destruição de seus habitats. Não raro, zoológicos e outras instituições de proteção à vida silvestre costumam receber animais refugiados de acidentes climáticos como esse.
O desequilíbrio do ecossistema é outra consequência direta da fumaça no Brasil. Além da poluição no ar prejudicar o processo de fotossíntese, a fuligem — observada sobretudo no centro do país — também cria barreiras respiratórias. Esse bloqueio ocasiona a morte de vegetações diversas.
Por fim, para o meio ambiente, as queimadas representam a perda de produtos agrícolas e de áreas cultiváveis. Embora possam ser uma forma rápida de limpar a vegetação, quando saem de controle, elas podem afetar diretamente a economia brasileira, fortemente baseada na exportação desse tipo de produto.
Como se proteger?
Diante da urgência e magnitude do problema, que assola milhões de brasileiros em diversos estados do país, o Ministério da Saúde vem divulgando orientações para auxiliar a população. Confira algumas recomendações retiradas do site oficial do órgão governamental:
- Aumente a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas;
- Permaneça em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, busque ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição;
- Mantenha portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa;
- Evite atividades físicas ao ar livre durante este período do ano;
- Não consuma alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas;
- Utilize, preferencialmente, máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa. No entanto, a recomendação prioritária é permanecer em locais fechados e protegidos da fumaça.
Caso sinta complicações de saúde, procure atendimento médico com urgência. Além disso, vale ressaltar que pessoas pertencentes a grupos de risco devem redobrar a atenção nesse período.
Como evitar novas queimadas?
A melhor maneira de evitar novas queimadas naturais é a partir de ações para controlar e reverter as mudanças climáticas, que impactam diretamente na temperatura do planeta. O monitoramento de regiões muito secas, onde as queimadas costumam acontecer, também possibilita um combate mais rápido e assertivo quando focos de fogo são identificados.
Algumas ações individuais também podem ser adotadas, como evitar jogar lixo e entulho às margens de rodovias, não lançar bitucas de cigarro pelas janelas de veículos e não atear fogo para limpezas de terrenos. Além disso, maior conscientização sobre as denúncias de incêndios pode provocar respostas mais rápidas no combate às queimadas.
Outra ação fundamental para impedir queimadas provocadas por ação humana é, além de uma maior fiscalização das ações agrícolas e de exploração, a adoção de medidas sérias de proteção e punição a esses crimes ambientais.
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Foto do post: Divulgação/Marcelo Camargo/Agência Brasil