Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar
É com essa introdução, apresentando parte da letra da música “Tô”, de Tom Zé, que vamos falar sobre o gerúndio na redação.
Bom, o debate sobre o uso do gerúndio gera muita polêmica e as dúvidas sobre ele são bem recorrentes.
Muitos estudantes acreditam que o gerúndio na escrita é incorreto, porém, ele é uma das três formas nominais do verbo.
Continue a leitura deste artigo para entender melhor o que é gerúndio, no que ele difere do gerundismo e como usá-lo de forma correta na redação. Bora lá?
O que é gerúndio?
Como já apresentamos acima, o gerúndio corresponde a uma das formas nominais do verbo, que têm tanto a função de verbo, como a função de nome. São elas:
- infinitivo;
- particípio;
- gerúndio.
O gerúndio, assim como as formas particípio e infinitivo, não faz parte de nenhum tempo ou modo verbal.
Assim, ele mostra o desenvolvimento de uma ação em andamento, duradoura ou em continuidade.
No gerúndio, o verbo é empregado em ações prolongadas ou que ainda estão em desenvolvimento e é caracterizado pelo uso da terminação –ndo.
Exemplos:
Infinitivo | Particípio | Gerúndio |
amar | amado | amando |
vender | vendido | vendendo |
partir | partido | partindo |
Dessa forma, podemos entender a duração e a continuidade da ação verbal.
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As formas do gerúndio
O gerúndio apresenta duas formas:
- Simples: indica uma ação que ainda está em andamento. Veja os exemplos:
A ventania veio forte, destruindo todos os telhados da cidade.
Carla não pode sair agora, porque está estudando.
Estou trabalhando em um novo projeto no momento.
Sabendo da situação complicada, ela agia com cautela.
Estou adorando o livro que você me emprestou.
- Composto: indica uma ação já concluída antes da ação da oração principal e é formado pelos verbos auxiliares TENDO e HAVENDO + particípio do verbo principal. Veja alguns exemplos:
Tendo chegado atrasada na sala, ela entrou quieta.
Tendo falado sobre a prova, Vanessa se sentiu mais otimista.
Havendo terminado o prazo, as inscrições do vestibular foram encerradas.
Havendo escrito muito sobre diversos temas de redação, Gustavo tirou uma boa nota.
Tendo chegado das provas, resolveu descansar um pouco.
Alguns usos do gerúndio
O gerúndio ainda se apresenta nas orações desempenhado as funções gramaticais de advérbio ou adjetivo.
1. Função de advérbio
No caso da função de advérbio, o gerúndio pode sinalizar uma das circunstâncias adverbiais, como:
- causa;
- tempo;
- modo;
- meio;
- condição;
- concessão.
Veja alguns exemplos nas orações abaixo:
Namorando, Carla fica romântica. (condição)
A mulher recebeu sorrindo as flores do marido. (modo)
Chovendo, essa avenida corre o risco de alagar. (tempo)
2. Função de adjetivo
Quando o gerúndio exerce a função de adjetivo nas orações, normalmente, ele caracteriza um substantivo.
Veja exemplos nas orações abaixo:
Roberto é um formando.
Havia uma multidão protestando na avenida.
Impossível estudar com as crianças gritando absurdamente.
Qual a diferença entre gerúndio e gerundismo?
Provavelmente, você já deve ter escutado que devemos evitar o gerúndio na redação ao máximo, não é mesmo? Porém, a verdade é que apontaram como vilão de toda essa história, o que se chama de gerundismo.
O gerundismo consiste no uso exagerado e repetitivo do gerúndio e é considerado um vício de linguagem.
Ele é associado a 3 formas verbais e com o tempo do futuro. É a esse fenômeno que dá-se o nome de gerundismo.
Dizem que a sua origem ocorreu pelo excesso de uso por parte dos atendentes de telefone, que recebiam treinamentos traduzidos de materiais da língua inglesa. Assim, eles passaram a reproduzir discursos como: Vou estar encaminhando sua ligação para o setor adequado.
Porém, outra questão que entra em jogo é o modo mais fácil que encontramos na hora de comunicar. Por exemplo, ao invés de utilizarmos o futuro de um verbo, como em “farei”, aplicamos o gerúndio, usando “irei fazer”.
Para complementar essa reflexão, apresentamos uma questão interessante sobre o gerundismo pelo linguista Marcos Bagno, que diz:
Por que o “gerundismo” não existe? Porque o gerúndio está onde sempre esteve no português. O que causa estranheza (ou até repulsa) da parte de alguns é o uso, não do gerúndio, coitado, mas de vários verbos auxiliares encadeados. Quando alguém diz “o senhor pode estar experimentando a roupa” ou “amanhã vou estar enviando o documento”, o que ocorre é o acúmulo de auxiliares, quando, imaginam alguns, bastaria dizer “o senhor pode experimentar” ou “vou enviar”. Qual a origem dessa construção? Atribuí-la à influência do inglês é uma batatada do tamanho de um bonde. Estamos aqui diante do que se chama aspecto verbal, isto é, categoria semântica que expressa detalhes qualitativos ou quantitativos internos de uma determinada ação, processo ou estado. Também pode ser definido como a posição que o falante assume com relação ao evento ou ação que está expressando. No caso do falso “gerundismo”, o que está em jogo é o chamado aspecto contínuo ou durativo, por meio do qual se expressa uma ação prolongada no tempo. Assim, se ninguém estranha ouvir “hoje estou trabalhando”, não tem por que estranhar “amanhã vou estar trabalhando”. Já ouvi alguém chamar isso de “futuro do gerúndio”, mais uma bobagem de quem não tem instrumentos de análise adequados. Alguns linguistas interpretam o uso de vários auxiliares, sobretudo na fala de prestadores de serviço, atendentes do comércio etc., como um recurso modalizador, uma forma de tornar menos rude uma expressão de comando. Uma questão de polidez? A verdade é que ainda faltam mais investigações sofre o fenômeno, antes de podermos estar oferecendo interpretações mais conclusivas.
Portanto, temos que pensar nos dois grupos de exemplos: o primeiro sobre o excesso de uso do gerúndio, o gerundismo. O segundo, como a solução para a nossa comunicação. Não é interessante?
Afinal, como usar o gerúndio na redação?
Como vimos, o gerúndio na redação possui muita flexibilidade quanto à sua disposição nas frases. Ele pode ser colocado antes da oração principal, após ou ao lado do verbo principal.
Fato é que o gerúndio é usado corretamente quando expressa ações que estão acontecendo. Logo, o que influencia é a intenção de comunicação que se pretende ao fazer o seu uso. Veja os exemplos:
Terminando o programa, vamos dormir. Neste caso, o gerúndio indica uma ação anterior à oração principal, ou seja, informa primeiro que, após terminar o programa, irão dormir.
A menina estava pulando corda. O gerúndio indica uma ação simultânea à principal. Ao lado do verbo principal.
Por terminar o namoro, Maria estava chorando. Aqui, o gerúndio indica uma ação posterior à ação principal, ou seja, é a sua consequência.
E aí? Gostou de saber mais sobre o gerúndio na redação? Esperamos que essas informações possam melhorar a sua escrita. Agora, aproveite para ler nosso próximo artigo para ficar por dentro do que não fazer em uma redação!