A IA para trabalhos acadêmicos, sobretudo quando pensada em relação ao ensino superior, sem dúvidas, está consolidando-se como uma ruptura de paradigma. Hoje, cerca de 400 milhões de pessoas, semanalmente, recorrem a plataformas de inteligência artificial generativa, conforme dados da própria OpenAI, empresa criadora do ChatGPT.
No território brasileiro, o uso dessas ferramentas cresceu exponencialmente. De acordo com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), 71% dos estudantes no país costumam usar as IAs generativas para produzir trabalhos. O uso diário e semanal é de 29% e 42%, respectivamente.
A realidade é que os ensinos nas universidades brasileiras, embora acompanhem o desenvolvimento tecnológico na medida em que também produzem tecnologia, possuem a maioria da superestrutura de ensino alicerçada no modelo tradicional e positivista, aquele fundamentado na ideia de “ordem e progresso”.
A IA, nesse caso, é uma nova forma de fazer e produzir ensino, pesquisa e extensão. Isso significa que a inteligência artificial não substitui a produção intelectual, mas oferece suporte para potencializar os resultados e elevar o nível de trabalhos e atividades propostas no ambiente de ensino.
IA para trabalhos acadêmicos: experiências no Brasil e no mundo
Não é novidade que o avanço tecnológico facilitou uma série de tarefas cotidianas em um amplo leque de setores sociais. No ambiente acadêmico, esse movimento segue a mesma direção.
A incorporação da IA para trabalhos acadêmicos aos currículos universitários, por exemplo, mostra-se uma estratégia essencial no que se refere à garantia da qualidade, inovação e eficiência na dialética ensino-aprendizado.
Uma experiência positiva do uso de IA para essa finalidade foi na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 2023, a instituição criou uma Comissão Permanente de Inteligência Artificial, tendo sua institucionalização somente em 2024. A ideia da comissão é debater usos de tecnologia em ensino, pesquisa e extensão.
Atualmente, alguns professores da faculdade destacam o uso de IA na elaboração de planos de aula, criação de apresentações, síntese de documentos e apoio à escrita científica. Outro exemplo é o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), que criou o projeto “Mulheres Jovens Cientistas”.
O projeto iniciou em 2023 e faz uso de IA como assistente na correção de redações escolares, ajudando estudantes a melhorar textos de acordo com as exigências do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
No cenário internacional, a Universidade de Stanford segue ampliando o número de cursos que se relacionam com IA. Conforme a reportagem do Business Insider, por exemplo, entre o ano acadêmico que abrange o período de 2018-2019 e o de 2022-2023, o número de disciplinas que se referem à IA saiu de 72 para cerca de 140.
Esse valor é, basicamente, o dobro de cursos em cinco anos. Além disso, a própria universidade relatou que, nessa mesma linha de tempo, os cursos que mencionaram IA generativa aumentaram de 5 para 14.
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O uso de IA para trabalhos acadêmicos como vantagem estratégica
O uso de IA na faculdade é uma vantagem estratégica por uma série de fatores, tanto para os estudantes quanto para os professores. Trata-se de um fato pelo seguinte motivo: ao automatizar tarefas repetitivas, há mais tempo para reflexão.
Esse uso se aplica a tarefas de pouco esforço intelectual, como formatação de normas técnicas, correções ortográficas, citações diretas e indiretas, construção de referencial teórico, entre outros.
Esse movimento permite, tanto ao aluno quanto ao professor, focar nos processos e concentrar seus esforços na construção de argumentos e na interpretação dos dados, ou seja, nas tarefas que exigem maior uso da cognição.
Outro benefício é a formação de competências digitais valorizadas no mercado de trabalho. Hoje, existe uma grande demanda por profissionais que sejam capazes de combinar pensamento crítico com ferramentas de IA.
Essa mescla torna as pessoas mais aptas para lidar com cenários complexos, tanto em pesquisa, ensino e extensão quanto em ambientes corporativos.
Quais são as tendências para a educação superior?
O futuro da IA no ensino superior aponta para um cenário promissor. Algumas delas são as plataformas educacionais de colaboração inteligente, que possuem a finalidade de conectar grupos de pesquisa de diferentes universidades em tempo real, ferramentas voltadas a tradução especializada e integração de banco de dados sobre pesquisas.
No fim, o avanço da IA no ambiente universitário mostra como universidades, ou seja, quadro docente, técnicos e estudantes, estão aproveitando a tecnologia para otimizar o tempo e melhorar a qualidade das pesquisas desenvolvidas. De fato, o uso de IA para trabalhos acadêmicos vem sendo uma vantagem necessária e bem utilizada.