A pichação é o ato de escrever ou desenhar em muros, edifícios, fachadas, monumentos ou outras superfícies comuns ao espaço urbano usando principalmente a tinta spray. É com mais frequência praticada por pessoas marginalizadas e usada como uma forma de expressão que denuncia a sua realidade social.
Ao longo dos anos, a pichação tornou-se parte de um debate recorrente sobre a degradação da paisagem urbana. Em 1998, passou a ser considerada crime, e é altamente estigmatizada pela população. Quer entender melhor sobre o assunto? Continue lendo, tire suas dúvidas e confira uma redação pronta sobre o tema.
Qual a diferença entre pichação e grafite?
A pichação e o grafite são, ambas, expressões gráficas feitas em muros, paredes ou outras superfícies que compõem a paisagem urbana. No entanto, o grafite costuma ser mais bem aceito pela população em geral. Por quê?
O argumento mais comum é que o grafite tem uma preocupação estética mais evidente, enquanto a pichação seria responsável apenas por vandalizar o espaço. Essa diferença se evidencia pelo fato de que o grafite trabalha, em geral, com imagens, o que demanda mais tempo e uma técnica específica, enquanto o picho trabalha sobretudo com grafias, em geral ilegíveis para a maioria da população.
É importante refletir, no entanto, se essa diferença não estaria associada ao estigma que o picho costuma carregar por ser praticado principalmente por pessoas em situação de marginalidade. Afinal, ao contrário do grafite, o picho nem sempre é uma manifestação clara de uma mensagem, adquirindo contornos de uma “linguagem própria” daqueles que conhecem e praticam essa forma de expressão e parecendo, para os outros, apenas um rabisco.
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Por que a pichação é considerada crime?
A pichação é considerada crime de acordo com o artigo 65 da Lei dos crimes ambientais (Lei Nº 9.605/98). Isso porque a pichação, ao contrário do grafite, é entendida como uma manifestação degradadora e, portanto, uma forma de ataque ao patrimônio público ou privado.
Importa considerar, ainda, que a pichação contribuiria para a poluição visual da paisagem urbana e, portanto, também seria visualmente desconfortável.
Por fim, a pichação carrega o estigma de ser um trabalho sem valor artístico, um “vandalismo”. O parágrafo segundo do artigo 65 da Lei dos crimes ambientais diferencia as duas formas de expressão:
“Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.”
A punição para o crime de pichação varia de 3 meses a 1 ano. Nos casos de pichação em patrimônios históricos ou tombados, o tempo pode ser maior.
Qual é a intenção da pichação?
É comum acreditarmos que a pichação não é nada senão um rabisco que enfeia a cidade. Mas você já parou para pensar nos motivos que levam uma pessoa a pichar paredes, prédios, monumentos? Por que alguém gostaria de poluir visualmente a cidade? Será que não existe nenhuma outra motivação por trás dessa prática?
Abaixo, apresentamos duas das intenções mais comuns dos pichadores antes de realizar o seu trabalho. Confira!
Protesto social
Pense nas pichações que você já viu espalhadas pela cidade. Para além de assinaturas “ilegíveis”, é comum encontrarmos frases de efeito ou palavras associadas às lutas sociais.
Isso acontece porque a pichação também pode ser considerada uma maneira de ocupar o espaço urbano para denunciar a realidade da população marginalizada. Pessoas negras, parte da comunidade LGBTQIAP+ ou de regiões abandonadas pelo poder público com frequência recorrem a essa forma de expressão para protestar contra as condições de saúde e segurança, ou os crimes de racismo e LGBTQIAP+fobia.
Não à toa, a pichação ganha mais destaque, no Brasil, durante o período da Ditadura Militar. Nessa época, os manifestantes a favor da democracia não tinham nenhuma preocupação estética, buscando apenas transmitir uma mensagem.
Manifestação artística
Embora a pichação não seja considerada uma expressão artística, característica que a afasta do grafite, a verdade é que são muitas as variações que ela assume em cada região do Brasil. Isso significa que a pichação adquiriu, com o passar dos anos, diferentes formas e estilos, que podem ser identificados a partir de elementos específicos, como o desenho das letras. É o caso, por exemplo, do letrado baiano, da tag, do throw up ou do bombing, todos estilos distintos entre si.
Com base nessas variações regionais e mesmo entre grupos de pichadores, poderíamos argumentar que existe, sim, uma preocupação estética associada à preocupação social no picho. Desse modo, embora não seja considerado “bonito” pela maioria da população, é inegável que aquelas manifestações cumprem o mesmo papel da arte em geral: fazer com que o público sinta alguma coisa diante da obra.
- Leia também: Exemplo de redação sobre o tema: O que é arte?
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Redação pronta sobre tema relacionado
Para se inspirar, confira uma redação pronta sobre o tema relacionado “Os desafios para a valorização da arte urbana no Brasil”:
“Darcy Ribeiro, antropólogo e historiador brasileiro, afirma que ‘o artista é o maior responsável por manter viva a cultura de um país’. Essa fala sintetiza a importância da produção artística urbana, que, apesar de seu valor cultural, enfrenta inúmeros desafios no Brasil. Desde a falta de financiamento e apoio governamental até a valorização inadequada dos profissionais da área, os obstáculos são diversos e complexos.
Em primeira instância, a falta de financiamento é um dos principais problemas enfrentados pelos artistas urbanos no Brasil. Muitos projetos culturais dependem de incentivos fiscais e editais públicos que, frequentemente, são escassos e competitivos. Além disso, a burocracia envolvida na obtenção desses recursos pode desestimular muitos artistas, especialmente aqueles que não têm acesso a informações ou suporte técnico. Consequentemente, muitos talentos são desperdiçados e projetos inovadores deixam de ser realizados.
Em segundo lugar, a valorização inadequada dos profissionais da arte urbana é outro desafio significativo. A sociedade brasileira, em geral, não reconhece plenamente o valor do trabalho artístico, muitas vezes considerando-o como secundário ou dispensável. Essa desvalorização se reflete em baixos salários, condições de trabalho precárias e pouca visibilidade na mídia. Sem reconhecimento e apoio adequados, muitos artistas enfrentam dificuldades para sustentar suas carreiras e desenvolver seu potencial criativo.
Portanto, é crucial que se implementem políticas públicas voltadas para a valorização e o financiamento da produção artística urbana. O governo federal, em parceria com estados, municípios e instituições privadas, deve criar programas de incentivo fiscal, fundos de apoio cultural e campanhas de valorização do trabalho artístico. Um exemplo prático seria a criação de um fundo nacional de apoio às artes, que destinaria recursos para projetos culturais em diferentes áreas, garantindo uma distribuição equitativa e transparente. Este fundo poderia ser gerido por um conselho de especialistas e representantes da comunidade artística, assegurando que as necessidades reais dos artistas sejam atendidas”.
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Foto do post: Reprodução/Mínimo/Unsplash