Uma oração é formada por alguns termos essenciais, também chamados de termos constituintes, como o sujeito e o predicado. O predicado, porém, divide-se em diferentes tipos, e, nos casos dos predicados verbos-nominais, pode ocorrer o que chamamos predicativo do objeto.
Mas o que é exatamente esse predicativo? Como ele se diferencia do predicativo do sujeito, ou mesmo do adjunto adnominal? E como identificá-lo em uma oração? Continue lendo e tire todas as suas dúvidas!
O que é?
O predicativo do objeto é o termo integrante da oração que qualifica o objeto direto ou indireto, complementando o seu sentido. Assim, ele faz parte do predicado verbo-nominal. Confira um exemplo:
Elas encontraram a mochila intacta.
Na oração acima, temos o sujeito “Elas”, o verbo “encontraram” e o objeto “a mochila”. Por fim, a palavra “intacta” qualifica o objeto e cumpre a função de predicativo do objeto.
Qual a diferença entre predicativo do objeto e adjunto adnominal?
A principal diferença entre o predicativo do objeto e o adjunto adnominal está no fato de que o adjunto é considerado um termo acessório da oração. Ou seja: ele não é essencial para que a oração tenha sentido. Veja:
José tinha um cavalo de raça.
No caso acima, o termo “de raça”, embora acompanhe o substantivo “cavalo” e tenha função adjetiva (ou seja, caracteriza o cavalo), não é fundamental para a compreensão da oração. Se disséssemos apenas “José tinha um cavalo”, a pessoa leitora seria capaz de apreender o mesmo sentido.
Agora observe:
Deixaram a casa arrumada.
Na oração acima, a presença do adjetivo “arrumada” é fundamental para a compreensão do sentido da oração. Se disséssemos apenas “Deixaram a casa”, o sentido do verbo “deixar” muda e a frase passa a significar apenas que um grupo de pessoas saiu da casa. Ou seja, o “arrumada” funciona como um complemento indispensável do objeto para a manutenção do sentido — é, portanto, um predicativo do objeto.
Um outro exemplo seria:
O juiz julgou o réu culpado.
Neste caso, a ausência da palavra “culpado” faria com que o leitor não soubesse o resultado do julgamento e a oração ficasse, dessa forma, com o sentido incompleto. Assim, “culpado” é um complemento indispensável ao objeto “réu”, o que possibilita afirmar que funciona como um predicativo do objeto.
- Leia também: Aprenda o que é e os tipos de predicado
Qual a diferença entre predicativo do objeto e predicativo do sujeito?
A principal diferença entre os dois tipos de predicativo está, justamente, no termo ao qual cada um deles se refere. Observe os exemplos:
Camila é divertida.
Achamos a atitude de Camila muito irresponsável.
No primeiro caso, temos um predicativo do sujeito porque o adjetivo “divertida” caracteriza diretamente o sujeito da ação, “Camila”.
Já no segundo caso, o predicativo é considerado do objeto porque o adjetivo “irresponsável” caracteriza a atitude de Camila, objeto direto da oração. O sujeito, nesse caso, seria “Nós” (oculto), que não recebe nenhum tipo de caracterização.
Vale pontuar, ainda, que, no primeiro caso, lidamos com um predicado nominal, enquanto, no segundo, trata-se de um predicado verbo-nominal. Esta é outra diferença: enquanto o predicativo do sujeito pode acontecer em qualquer um desses dois predicados, o predicativo do objeto só pode acontecer no predicado verbo-nominal. Afinal, é fundamental ter um objeto para caracterizar.
Como identificar o predicativo do objeto?
Para aprender a identificar o predicativo do objeto em uma oração, é preciso ter em mente, em primeiro lugar, que ele só acontece no predicado verbo-nominal. Isso acontece porque esse termo integrante tem duas exigências básicas:
- Precisa qualificar um nome, para ser considerado predicativo;
- Precisa estar associado a um objeto (direto ou indireto).
Assim, os predicados nominais não podem ter um predicativo do objeto porque não têm objeto, enquanto os predicados verbais não podem ter um predicativo do objeto porque não têm como núcleo um nome.
Em uma frase com um predicado verbo-nominal, porém, nós temos dois núcleos (um nome e um verbo) e, portanto, as condições ideais para um predicativo do objeto. Veja:
Eles a encontraram nervosa.
Eles a encontraram + Ela estava nervosa.
Na oração acima, “nervosa” funciona como um predicativo do objeto indicado pelo pronome pessoal “a”, que substitui um substantivo. Na segunda frase, podemos ver destacados os dois núcleos do predicado verbo-nominal: o explícito e o que pode ser inferido pelo leitor.
Quais são os tipos?
É importante ter em mente que, embora o predicativo do objeto aconteça principalmente com objetos diretos, ele também pode aparecer nos objetos indiretos.
Predicativo do objeto direto
Como o nome já anuncia, neste casos os predicativos estarão diretamente ligados aos objetos diretos das orações. Veja exemplos:
A Bahia elegeu Rui Barbosa senador.
Consideramos esta situação insustentável.
No caso acima, “senador” é um substantivo que caracteriza o cargo assumido por Rui Barbosa, objeto direto desta oração. Por isso, senador é um predicativo do objeto direto.
Da mesma forma, “insustentável” é um adjetivo que está diretamente ligado ao objeto direto “situação”, caracterizando-a. Assim, também é um predicativo do objeto direto.
Predicativo do objeto indireto
Agora, observe:
Todos lhe chamavam ladrão.
O paciente chamou os enfermeiros de heróis.
No primeiro caso, a palavra “ladrão” complementa o sentido do objeto indireto do verbo chamar, o pronome oblíquo “lhe”. Já no segundo, “de heróis” complementa o sentido de “enfermeiros”. Aqui, ambos são predicativos do objeto indireto.
Mas repare no que essas orações têm em comum: ambas têm como núcleo verbal o verbo “chamar”, o único que pode fazer com que o predicativo do objeto esteja ligado a um objeto indireto.
Vale pontuar, ainda, que o predicativo do objeto indireto também pode vir antecedido pelas preposições “de”, “em”, “para” e “por”, além da palavra “como” ou de uma locução prepositiva. Veja mais alguns exemplos:
Ele graduou-se de doutor.
Davi foi ungido em rei.
Sempre o tiveram por sábio.
Esperamos que este conteúdo tenha te ajudado a tirar dúvidas sobre o predicativo do objeto. Agora que você já sabe identificá-lo, aproveite para entender de uma vez por todas a análise sintática. Confira!
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