Mais do que problematizar um assunto, apontando suas causas e consequências, é interessante apresentar possíveis soluções. Na redação do Enem, essa proposta é obrigatória, e possui uma série de especificidades para que o candidato consiga a nota máxima na competência que avalia essa parte específica da composição textual. Neste post, iremos orientá-lo sobre como avaliar a proposta de intervenção.
Leia abaixo um exemplo de proposta de intervenção para o tema de redação sobre “Os desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil”, do Enem 2017:
Logo, medidas públicas são necessárias para alterar esse cenário. É fundamental, portanto, a criação de oficinas educativas, pelas prefeituras, visando à elucidação das massas sobre a marginalização da educação dos surdos, por meio de palestras de sociólogos que orientem a inserção social e escolar desses sujeitos. Ademais, é vital a capacitação dos professores e dos pedagogos, pelo Ministério da Educação, com o fito de instruir sobre as necessidades de tal grupo, como o ensino em Libras, utilizando cursos e métodos para acolher esses deficientes e incentivar a sua continuidade nas escolas, a fim de elevar a visualização dos surdos como membros do corpo social. A partir dessas ações, espera-se promover uma melhora das condições educacionais e sociais desse grupo.
Essa é uma proposta considerada completa, e foi avaliada com a nota máxima pela banca oficial de correção do exame. Destrinchando o parágrafo, encontramos todos os detalhes que compõem uma boa conclusão:
- “Logo, medidas públicas são necessárias para alterar esse cenário.”
Aqui, de forma simples e objetiva, o aluno fez uma retomada de tese, ou seja, reafirmou que há, de fato, um problema; prova disso é a argumentação já apresentada e a necessidade de medidas para reverter a situação.
- “É fundamental, portanto, a criação de oficinas educativas, pelas prefeituras, visando à elucidação das massas sobre a marginalização da educação dos surdos, por meio de palestras de sociólogos que orientem a inserção social e escolar desses sujeitos.”
Esta é a primeira proposta, que está bem detalhada. A responsabilidade é governamental (agente = prefeituras), que deverá colocar em prática a iniciativa de oficinas educativas com o objetivo de conscientização (elucidação) da sociedade quanto à marginalização dos surdos. Como? Por meio de palestras de sociólogos.
- “Ademais, é vital a capacitação dos professores e dos pedagogos, pelo Ministério da Educação, com o fito de instruir sobre as necessidades de tal grupo, como o ensino em Libras, utilizando cursos e métodos para acolher esses deficientes e incentivar a sua continuidade nas escolas, a fim de elevar a visualização dos surdos como membros do corpo social.”
Nesta segunda proposta, o aluno mantém a qualidade dos detalhes sobre como resolver o que foi problematizado por ele na argumentação (para ler a redação completa, clique AQUI). O agente aqui é o Ministério da Educação, que, por meio da capacitação dos professores, irá garantir o direito essencial aos surdos: educação de acordo com as necessidades específicas desses indivíduos.
- “A partir dessas ações, espera-se promover uma melhora das condições educacionais e sociais desse grupo.”
Para que o texto não acabe “do nada”, com o período acima o autor reafirma a finalidade da proposta e conclui a redação.
Foi possível perceber, portanto, passos essenciais da proposta:
1º) Reafirmação de tese;
2º) Agentes (responsáveis por colocar em prática a proposta);
3º) Meios (como a proposta será efetivada);
4º) Finalidade (o propósito final da intervenção);
5º) Fechamento do parágrafo/texto.
Como sabemos, é possível que propostas de intervenção estejam ao longo do desenvolvimento e não no último parágrafo. Nesses casos, é preciso avaliar a coerência da apresentação da resolução de algo à medida em que se problematiza. Ou seja, atente-se se o aluno já fundamentou o problema para, só então, apresentar a proposta de intervenção.
Obs.: Quando estiver no desenvolvimento, a proposta deve vir ao final de cada parágrafo.
E quanto à divisão de responsabilidades?
Aparentemente, a responsabilidade da proposta apresentada acima foi direcionada apenas à esfera governamental. Mas não é bem assim. As prefeituras e o Ministério da Educação são esferas públicas capazes de instaurar determinadas políticas de transformação social. Mas há uma parceria entre elas, os sociólogos palestrantes e os professores que serão capacitados, além das “massas” conscientizadas, ou seja, a própria sociedade, que depois de educada quanto ao assunto, irá modificar sua atuação frente ao problema.
Erros comuns:
- Geralmente, quando o aluno não possui muitos conhecimentos sobre a função das diferentes esferas sociais, ele é pouco específico ou objetivo. É comum propostas em que “a sociedade deve fazer x” e “o governo fazer y”. Percebem como é superficial?
Peça que o aluno seja mais claro quanto ao setor da sociedade para o qual atribui a responsabilidade. Se é uma ONG ou sindicato específico, qual categoria do setor privado ou qual instituição política, por exemplo.
- Na tentativa de finalizar o texto de uma forma criativa e diferente, alguns alunos podem introduzir uma citação no parágrafo final, antes da proposta. Essa estratégia não é adequada, afinal, a conclusão não nos dá espaço para desenvolver nenhuma ideia nova. A tendência é que aquela citação fique fragmentada e incoerente.
Aconselhe ao aluno que introduza citações no parágrafo inicial para, ao final, retomá-la, ou no desenvolvimento, onde terá a oportunidade de explorá-la.
Dúvida frequente: número de propostas
O Enem não exige mais que o candidato apresente inúmeras propostas ou que sejam, por exemplo, inovadoras. Preza-se a viabilidade e a resolução de tudo o que for problematizado. Portanto, uma proposta completa, de acordo com os passos já citados aqui, e que abrangem e resolvem todas as questões apresentadas no texto é suficiente.
Esperamos que este material possa te auxiliar em suas produções.
Em caso de mais dúvidas, compartilhe conosco! Bom trabalho 😉