Os verbos são uma classe morfológica super importante dentro do português. Dentro das orações eles podem desempenhar funções distintas, que têm a ver com sintaxe e com a semântica.
No âmbito semântico, os verbos podem fazer com que as sentenças estejam no presente, passado ou futuro, além de determinar algumas questões relacionadas a dar ordens, solicitar algo, indicar uma hipótese e várias outras situações. Tudo isso acontece a depender dos modos verbais.
Mas afinal, o que são os modos verbais? Neste post vamos te mostrar o que são e para que servem os modos verbais. Basta seguir na leitura e conferir!
O que é Semântica?
Antes de necessariamente explicar a você quais são os modos verbais, vamos, brevemente, te contar o que é semântica, já que os modos verbais estão incluídos nessa área .
A semântica é a área da língua portuguesa que estuda o significado das palavras e frases.
Como assim? Bom, os termos e sentenças têm uma significação no mundo real. E a semântica estuda essa significação.
O que são os modos verbais?
Os modos verbais estão dentro da semântica da língua portuguesa e indicam as intenções de quem fala ou de quem escreve.
Cada um dos modos verbais possuem seus tempos e para indicar os diferentes tempos existem as desinências verbais. Mas o que são essas desinências? Você pode estar se perguntando.
Antes de ver cada um dos modos verbais, você precisa entender o que são as desinências e o que é o radical verbal.
O que é radical e desinência verbal?
Bem, o verbo é composto por um radical, que é uma parte invariável, e suas desinências, que podem variar de acordo com os tempos verbais. Veja um exemplo para não restar dúvidas:
- “Maria amou João”. Nesse exemplo, o verbo “amar” está indicando uma ação que aconteceu no passado. Bom o radical do verbo em questão é – am, porque apenas essa partezinha nunca vai mudar, mas o resto pode e vai mudar. Nesse caso, usamos a desinência – ou, que representa um dos modos passados, mas existem outras como – ei (amei), – am (amam), etc.
No caso acima, a desinência diz respeito ao verbo “amar” que corresponde à primeira conjugação -ar. Então, todos os verbos que no infinitivo terminarem com -ar e forem regulares terão as mesmas desinências. Mas os verbos com a segunda e terceira conjugações, -er (comer, correr etc.) e -ir ( partir, dividir etc.), respectivamente, apresentarão as desinências correspondentes à sua conjugação.
Fácil, não é mesmo?
Quais são os modos verbais?
Dentro do nosso idioma, há três modos verbais: o indicativo, o subjuntivo e o imperativo. A seguir vamos explicar cada um deles. Vamos lá?
Modo indicativo
Quando usamos o modo indicativo, geralmente, queremos afirmar algo com certeza. Mas apesar disso, ele também pode trabalhar com a dúvida e a incerteza.
O modo indicativo possui seis tempos verbais, que vamos esmiuçar a seguir.
Presente
O presente do indicativo pode indicar várias ações semânticas, como:
1. Hábitos
Um fato rotineiro, que acontece com certa frequência, pode ser representado por um verbo no presente do indicativo. Veja um exemplo:
- “Maria corre todos os dias.” A desinência verbal – e representa que “Maria”, terceira pessoa do singular (ela) tem o hábito, a rotina de “correr”.
2. Fatos que acontecem simultaneamente ao momento da fala
Os verbos no presente do indicativo também podem expressar fatos que estão acontecendo ao mesmo tempo em que uma pessoa profere uma sentença. Veja só um exemplo:
- “Marta chuta a bola em direção ao gol.” Aqui a desinência verbal – a indica que o verbo está no presente do indicativo conjugado na terceira pessoa do singular (ela) e que “Marta” está fazendo a ação “chutar” simultaneamente ao momento da fala.
3. Eventos passados
Apesar de estar no presente, este tempo verbal também pode ser utilizado para indicar eventos que ocorreram no passado. Essa é uma funcionalidade utilizada para aproximar a história do leitor e passar a impressão de ele está assistindo aos fatos. Veja um exemplo
- “Em 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel declara o fim da escravidão no Brasil”. Neste caso, a desinência – a indica que o verbo está no presente do indicativo, conjugado na terceira pessoa do singular (ela), mas apresenta um fato que aconteceu no passado.
4. Eventos futuros
O tempo presente do modo indicativo também pode indicar eventos futuros. Essa funcionalidade é normalmente utilizada em conversas informais e corriqueiras. Veja um exemplo:
- “Sábado que vem, eu vou ao cinema”. Neste caso, o verbo “ir” (irregular) está conjugado na primeira pessoa (eu) do tempo presente do indicativo, mas indica uma ação futura.
5. Verdade absoluta
O presente do indicativo também pode indicar uma verdade irremediável, ou seja, uma verdade absoluta. Veja um exemplo:
- “A Terra gira em torno do sol”. A desinência -a indica que o verbo está conjugado na terceira pessoa do singular (ela) do presente do indicativo e apresenta uma verdade irremediável.
Pretérito perfeito
O pretérito nada mais é que uma outra forma de se dizer “passado”. O pretérito perfeito indica uma ação completamente finalizada. Ele pode ter duas funções semânticas.
1. Fato pontual do passado
O pretérito perfeito pode indicar um fato pontual já finalizado do passado. Veja um exemplo:
- “Maria chutou a bola.” A desinência que representa que o verbo está no pretérito perfeito é -ou. A partir dessa desinência é possível perceber que o verbo está conjugado na terceira pessoa do singular (ela) e indica um fato pontual.
2. Fato duradouro do passado
O pretérito perfeito pode também apresentar um fato que teve uma certa duração, mas que já está finalizado completamente. Veja um exemplo:
- “Maria falou com ele por horas a fio”. A desinência é a mesma do exemplo anterior: -ou, já que o verbo também está conjugado na terceira pessoa do singular, no entanto, diferente do função anterior há uma indicação de um fato que durou um certo tempo.
Pretérito imperfeito
Já o pretérito imperfeito indica uma ação passada não finalizada, uma ação duradoura do passado ou ainda uma ação que costumava acontecer no passado. Veja um exemplo:
- “Eu nadava todos os dias”. A desinência que indica que o verbo “nadar” está no passado é: -ava e indica também que o verbo está conjugado na primeira pessoa do singular. Ela tem a função de indicar um hábito que o “eu” dessa sentença costumava fazer.
Pretérito mais que perfeito
O pretérito mais que perfeito indica uma ação passada que aconteceu anteriormente a uma outra ação também no passado. Aí vai um exemplo para que você entenda melhor:
- “O socorro chegou ao local onde o acidente de carro acontecera”. Neste caso há dois tempos passados em uma mesma sentença: “chegou” (pretérito perfeito) e “acontecera” (pretérito mais que perfeito). A desinência que indica o verbo no passado mais que perfeito é: -era.
Futuro do pretérito
O futuro do pretérito indica o futuro de algo que aconteceu no passado. Ele pode indicar:
Um pedido feito de maneira bastante educada e polida
- “Você poderia me emprestar sua agenda?” A desinência que representa o verbo no futuro do pretérito é -ria e, neste caso, está indicando um pedido de empréstimo extremamente educado.
Uma dúvida
- “Seria a Maria ideal para o cargo?” Aqui o verbo no futuro do pretérito está indicando uma dúvida.
Um afastamento da fala
- “Comentaram que você seria demitido”. Neste caso, o verbo no futuro do pretérito dá a ideia de que o enunciador, ou seja, aquele que profere a frase, não quer se comprometer, ele na verdade quer manter uma certa distância do que está sendo dito.
Futuro do presente
O futuro do presente é um tempo bastante intuitivo e vai indicar o futuro de algo que está acontecendo no momento presente. Ele pode ter a função de:
1. Enunciar um evento que acontecerá no futuro em relação ao que se fala naquele momento
- “Amanhã, irei ao cinema”. Neste caso, o verbo “ir” (irregular) está indicando algo que acontecerá no dia seguinte à fala de quem profere a sentença.
2. Indicar uma dúvida
- “Será a Maria o amor da minha vida?” Neste caso o verbo “ser” (irregular) está indicando uma dúvida daquele que profere a frase.
Além dessas funções, os verbos no futuro do pretérito também poderão indicar uma ordem. Sabe os mandamentos da bíblia? Pois é, todos eles dão ordens utilizando os verbos no futuro do presente: “não matarás”, “não roubarás” etc.
Nos verbos regulares, a desinência que indica esse tempo verbal para a primeira conjugação (-ar) é: -rei (eu), -rás (tu), -rá (ele/ela), -remos (nós), -reis (vós), -rão (nós). Veja um exemplo para o verbo “amar”: “Eu amarei”; “Tu amarás” e assim por diante.
Modo imperativo
O modo imperativo pode indicar uma ordem ou pedido. Esse modo é muitíssimo utilizado em gêneros textuais propagandísticos que querem que você compre ou faça algo.
Eles podem ser:
Afirmativos
- “Coma verduras!”. Perceba que o verbo “comer” está indicando uma ordem a alguém.
Negativos
- “Não coma muito sal.” Aqui o verbo está indicando algo que não se pode fazer.
Observação: Ninguém dá ordem a si mesmo, por isso, as pessoas desse modo verbal são:
– tu;
– você;
– nós;
– vós;
– vocês.
E as desinências serão respectivamente:
– comas;
– coma;
– comamos;
– comais;
– comam.
Lembrando que as desinências vão depender se os verbos são da primeira (-ar), segunda (-er) ou terceira (-ir) conjugação.
Modo subjuntivo
O modo subjuntivo só irá acontecer na presença de auxiliares, como “que”, “se” e “quando” ou palavras que tenham mais ou menos o mesmo sentido, como “talvez” e outras. Ele pode indicar uma hipótese, desejo, possibilidade, condição, entre outras situações. Ele apresenta três tempos:
Presente
No tempo presente, o modo subjuntivo indica um fato que pode acontecer no momento atual.
- “É importante que estudes para o Enem”. A desinência aqui é -es e representa que o verbo está conjugado na segunda pessoa do singular (tu). Veja que o verbo aparece antecedido pelo auxiliar “que”.
Pretérito imperfeito
O modo subjuntivo também pode estar no pretérito imperfeito, indicando um desejo ou condição.
- “Se ele comesse verduras, teria uma saúde melhor”. Neste caso, a desinência -se indica que o verbo está conjugado na terceira pessoa do singular (ele), e vem acompanhado pelo auxiliar “se”.
Futuro do presente
O futuro do presente também é um tempo do modo subjuntivo e indica um evento que acontecerá no futuro em relação ao momento presente.
- “Quando ela sair de casa, vamos para o lugar marcado.” Aqui, a desinência -ir indica que o verbo está conjugado na terceira pessoa do singular (ela) e possui o auxiliar “quando” indicando que o verbo está no futuro do presente.
E aí curtiu ter aprendido sobre modos verbais? Se você quer saber mais sobre essa classe gramatical tão rica que é o verbo, que tal dar uma lida em nosso artigo sobre vozes verbais? Esse é uma assunto que tem tudo a ver com o deste post e certamente vai te ajudar a mandar bem em sua prova de português do Enem e demais vestibulares!