O conceito de classe social vem se tornando mais e mais importante nos debates sociais, uma vez que abrange uma divisão importante da nossa sociedade. Mas o que é, exatamente, a classe social? Como esse conceito foi criado na sociologia? E mais importante: como ele pode ser abordado na redação de vestibular?
Neste artigo, você aprende a definição de classe social, entende como ela é dividida no Brasil e ainda confere alguns exemplos de tema de redação que podem envolver o assunto. Confira!
O que é?
Chamamos de classe social a divisão da sociedade em diferentes grupos, que se diferenciam a partir de características econômicas, políticas ou culturais.
Nesse sentido, pertencem a classes sociais diferentes os ricos e os pobres, mas também os conservadores e os libertários, os que pertencem à cultura popular e os que pertencem à cultura erudita, etc.
Ao longo dos anos, no entanto, o termo “classe social” foi usado principalmente para se referir a diferenças econômicas entre grupos. Isso se deve sobretudo ao trabalho de três sociólogos: Karl Marx e Marx Weber.
O conceito de classe social para Karl Marx
Karl Marx foi um sociólogo do século XIX que se dedicou ao estudo da história da humanidade através de um ponto de vista econômico. Em sua análise, portanto, observou a repetição de um mesmo antagonismo: o dos opressores e dos oprimidos.
Ao longo da história e durante a transição dos modelos sociais, esse antagonismo assumiu diferentes formas: entre escravos e senhores; suseranos e vassalos; e, hoje, entre capitalistas e trabalhadores.
Nesse sentido, a sociedade atual poderia ser dividida em duas classes: a dos burgueses (os donos dos meios de produção, como donos de fábrica, banqueiros etc., que constituem a menor parte da sociedade) e a dos proletários (aqueles que trabalham para sobreviver; a maior parte da sociedade). Essas duas classes estariam, para Marx, em um conflito permanente, motivado pelo interesse de adquirir cada vez mais riqueza.
Por isso, para Marx, o conceito de classe social diz respeito ao grupo que compartilha uma mesma posição nas relações de produção. Isto é: ou você é burguês, ou você é proletário. E cada um desses grupos divide, também, interesses políticos e sociais, que mantêm ou repensam a estrutura da sociedade.
O conceito de classe social para Max Weber
Na virada para o século XX, o sociólogo Max Weber expande o conceito de classes sociais de Marx, entendendo que ele é uma combinação entre três fatores:
- Os fatores econômicos, ou seja, a riqueza;
- O status do indivíduo, ou seja, o prestígio que ele tem socialmente;
- O poder do indivíduo, ou seja, a sua capacidade de influenciar pessoas.
Para este sociólogo, embora haja preponderância entre os fatores econômicos na divisão de classes, os fatores subjetivos (status e poder) também desempenham um papel relevante nesse processo. Isso porque um indivíduo com mais status e poder teria acesso a alguns privilégios sociais negados aos indivíduos que não os recebem. Assim, as classes sociais seriam subdivididas em estratos sociais.
Pense, por exemplo, na estrutura de uma empresa: um CEO seria, para Marx, o exemplo máximo da burguesia, já que é o dono daquele meio de produção, e todos os seus funcionários ocupariam o mesmo lugar social: o de proletariado. Para Weber, no entanto, esses outros funcionários também se “subdividem”: um gerente tem mais status e poder que um entregador, por exemplo, e, portanto, pode assumir posições políticas e sociais diferentes, com base nas necessidades da sua classe social e no desejo de adquirir mais renda.
Quais são as classes sociais no Brasil?
No Brasil, as classes sociais são definidas com base na faixa salarial das famílias. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 5 as classes sociais do Brasil:
- Classe A: famílias que recebem mais de 20 salários mínimos;
- Classe B: famílias que recebem entre 10 e 20 salários mínimos;
- Classe C: famílias que recebem entre 4 e 10 salários mínimos;
- Classe D: famílias que recebem entre 2 e 4 salários mínimos;
- Classe E: famílias que recebem até 2 salários mínimos.
É importante mencionar, no entanto, que o Brasil é um dos países com maior nível de desigualdade social do mundo. De acordo com um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 1% da população brasileira detém 28,3% de toda a renda nacional.
Fatores sociais e de raça contribuem muito para a desigualdade social no país, e para a diminuição das oportunidades de mobilidade social. Nesse sentido, o ponto de vista de Weber sobre a estratificação social podem ser melhor compreendidos, já que alguns grupos estão mais propensos a conseguir mudar de classe que outros.
Como falar sobre classes sociais na redação?
Em textos dissertativos-argumentativos, o tema das classes sociais costuma vir acompanhado de outras questões sociais, econômicas e políticas.
Nesse sentido, embora seja importante entender o que são as classes sociais e como as diferentes teorias possibilitam uma visão mais completa dessa divisão, também é fundamental compreender como as classes sociais impactam (ou são impactadas) por outros fatores.
Veja alguns exemplos de temas de redação que envolvem classes sociais:
- Fome e desigualdade social no século XXI;
- Segregação das classes sociais no Brasil;
- Classe social: a estrutura para a estabilidade econômica e política de um país;
- O esporte como ferramenta de inclusão social no Brasil;
- A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia.
Agora que você já estudou mais sobre classes sociais, que tal entender como fazer uma redação passo a passo e se preparar para os vestibulares? Confira!
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