Em janeiro de 2025, a lista oficial de filmes indicados ao Oscar foi divulgada pela Academia. E, pela primeira vez na história, uma produção 100% brasileira foi indicada ao principal prêmio, o de melhor filme.
Os longa-metragens do Oscar costumam receber bastante atenção da mídia e do público, não só pela qualidade das produções, mas também pelos temas abordados. Por isso, representam excelentes opções para a redação e podem compor o seu repertório sociocultural.
Para te ajudar a entender como eles podem aparecer na sua redação, elaboramos um conteúdo completo com os principais filmes indicados. Além disso, separamos algumas sugestões de temas para te ajudar a praticar. É só continuar lendo para entender como se divertir e ainda chegar mais perto do mil na redação do Enem!
Ainda estou aqui
O filme Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, fez história ao receber três indicações para o Oscar: a de melhor filme, a de melhor filme internacional, e a de melhor atriz.
O longa também já marcou presença em outras premiações importantes, ganhando o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e o Globo de Ouro de melhor atriz, atribuído a Fernanda Torres.
Todo esse sucesso está intimamente ligado ao fato de o filme ser uma profunda e comovente representação dos impactos da ditadura nas famílias brasileiras.
Ao acompanharmos a história de Eunice Paiva, esposa do ex-governador capturado e morto Rubens Paiva, acompanhamos também o processo de silenciamento desse período, bem como a resiliência dessa mãe para continuar lutando para encontrar o seu marido.
Temas de redação para Ainda estou aqui
Você pode usar Ainda estou aqui como repertório cultural ao falar não só da ditadura brasileira, mas também da liberdade de expressão e da possibilidade de viver momentos felizes apesar da dor e do sofrimento causados pelo regime totalitário.
Aqui vão alguns temas para praticar:
- Comissão da Verdade: Que verdade alcançar?
- Manifestações populares em evidência no século XXI
- A importância do combate às Fake News para a preservação da história nacional;
- 27 anos da Constituição Cidadã: a importância da democracia para o desenvolvimento da nação;
- Catástrofes sociopolíticas: a importância de conhecer a história do próprio país.
Wicked
Dirigido por Jon M. Chu, Wicked é um dos maiores exemplos de intertextualidade do Oscar. Olha só: o longa-metragem é uma adaptação do musical da Broadway que recebe o mesmo nome e estreou em 2003; o musical, por sua vez, é uma adaptação do romance Maligna: a história não contada das bruxas de Oz, publicado por Gregory Maguire em 1995; esse romance, contudo, é uma releitura da história narrada por L. Frank Baum em O maravilhoso mundo de Oz, livro de 1900.
Ou seja: quando falamos de Wicked, não podemos deixar de lado todas as referências que o filme traz consigo. E, diante delas, também é importante nos perguntarmos: por que recontar essas histórias? Que contexto ou que novo ponto de vista essas adaptações oferecem, especialmente cerca de dois séculos depois da publicação original?
No filme, acompanhamos a história de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, a Bruxa Boa do Sul, antes dos acontecimentos narrados em O maravilhoso mundo de Oz. Esse novo olhar para as personagens e os fatos vividos impõe uma questão fundamental, mote da história: as pessoas já nascem malvadas, ou o mal é imposto a elas?
Temas de redação paraWicked
A questão filosófica proposta em Wicked é debatida ao longo de todo o século XIX, XX e XXI, por filósofos diversos. A frase de Jean-Jacques Rousseau — “o ser humano nasce bom, a sociedade o corrompe” — é, talvez, a maior expressão desse debate.
Por isso, na sua redação, ela pode servir para ilustrar as discussões relacionadas à desigualdades sociais e econômicas, políticas de segurança pública e as “oportunidades” que se apresentam para pessoas marginalizadas.
Confira estes temas:
Conclave
Conclave, dirigido por Edward Berger, é outro exemplo de intertextualidade: o longa é baseado no romance homônimo de Robert Harris, publicado em 2016. Aqui, acompanhamos o processo de seleção de um novo papa — um conclave — e a investigação de segredos e mistérios que se desenrolam.
O papa é o líder mundial da Igreja Católica e o maior representante de Deus na Terra — para essa religião, mas também para muitas outras. O cargo também é vitalício e carrega uma série de benefícios, como a impossibilidade de julgamento por terceiros e o poder de julgar questões relacionadas à igreja e a outras figuras religiosas.
Por ser uma posição profundamente associada ao poder, a escolha de novos papas deve ser tomada com cuidado. Afinal, para além das implicações religiosas, o papa também é uma figura que pode impactar positiva ou negativamente assuntos em geral.
Por exemplo: o Papa Bento XVI era reconhecidamente contra o aborto, o casamento homoafetivo e o uso de contraceptivos, o que gerou conflitos entre essa figura e a mídia da época.
Por outro lado, o Papa Francisco, atual representante do cargo, aprovou uma nova adição às doutrinas da igreja católica para permitir que sacerdotes e cardeais abençoem casais homoafetivos.
Ou seja: a figura do papa é fundamental para a manutenção de direitos básicos e da opinião pública em geral. Por isso, o conclave é também uma eleição política, e é justamente esse aspecto que o filme de Berger tenta representar.
Temas de redação para Conclave
Nas redações, Conclave pode ser usado para falar sobre temas relacionados à religião, desde a intolerância religiosa praticada por defensores da fé católica até crimes cometidos e acobertados pela igreja. Confira alguns exemplos:
- Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil;
- Charlatanismo e estelionato religioso.
A substância
A substância é um longa-metragem de terror dirigido por Coralie Fargeat e estrelado por Demi Moore. No longa, acompanhamos o declínio da carreira da atriz Elisabeth Sparkle e as consequências dessa perda na sua psiquê. Depois de sofrer um acidente de carro, ela é apresentada a uma substância comercializada no mercado negro — um soro que promete gerar uma versão “mais jovem, mais bonita e mais perfeita” dela.
Elisabeth usa o soro e, como consequência, cria um outro corpo, com quem deve dividir a consciência e “trocar de lugar” a cada sete dias. No entanto, quanto mais vive no corpo jovem, mais se recusa a voltar para o corpo antigo — o que gera um desequilíbrio.
O filme vem recebendo críticas positivas, sobretudo pelos aspectos de terror que trabalha. E, de fato, ele pode ser considerado um filme gráfico, com imagens impressionantes e para pessoas de “estômago forte”. No entanto, o ponto alto da narrativa está na discussão sobre envelhecimento e o que significa ser uma “mulher de sucesso”, proposta ao longo do enredo.
Temas de redação para A substância
A substância pode ser usado como repertório sociocultural na redação para tratar de temas relacionados ao processo de envelhecimento, ao machismo cultural e às expectativas que o mercado impõe sobre corpos femininos. Conheça estes temas:
- O machismo ainda persiste na sociedade?
- O culto à padronização corporal no Brasil;
- A “ditadura da beleza” e seus impactos na saúde física e mental das mulheres.
Emilia Pérez
Dirigido por Jacques Audiard, Emilia Pérez conta a história de um chefe de cartel mexicano que se submete a uma cirurgia de redesignação de gênero para fugir das autoridades. O filme recebeu boas avaliações de críticos especializados, mas não vem fazendo tanto sucesso com o público geral — sobretudo com o público LGBTQIAPN.
Embora o papel principal seja interpretado por uma mulher trans — a atriz Karla Sofía Gascón —, o longa foi acusado de transfobia por reforçar a narrativa patologizante associada à mudança de sexo, ou seja, a noção de que é preciso passar por um procedimento cirúrgico para que a transição seja “real” e a pessoa se adeque às expectativas físicas de uma mulher ou de um homem.
Além disso, a transição pode ser vista como uma forma de “redimir” um criminoso: o assassino do cartel passa a ser uma mulher como uma tentativa de abandonar a vida fora da lei e ser absolvida pelos seus crimes, o que, além de incorreto, também corre o risco de reforçar papéis de gênero machistas.
Inclusive, ativistas e críticos transgêneros argumentam que, embora uma protagonista transexual seja importante, também é fundamental que ela seja bem escrita e que o roteiro não se perca em lugares-comuns, especialmente os que podem ser prejudiciais para a luta trans.
Temas de redação para Emilia Pérez
Por isso, você pode falar de Emilia Pérez na redação ao tratar de temas como a representatividade trans na mídia. Outra opção é abordar o filme como um exemplo de como nem todas as ações inclusivas são, afinal, ações aliadas à causa LGBTQIAPN. Aqui vão alguns exemplos de tema para começar:
- Transfobia em debate no Brasil;
- A inclusão e a ampliação da cidadania das pessoas trans no Brasil;
- Os desafios da pessoa transexual na sociedade do século 21.
Um completo desconhecido
Mais um exemplo de intertextualidade, o filme Um completo desconhecido, dirigido por James Mangold, é baseado na biografia Dylan Goes Electric!, publicada em 2015 por Elijah Wald. No longa e no livro, acompanhamos a história de Bob Dylan e a sua decisão de mudar dos instrumentos acústicos para a amplificação elétrica — uma das maiores controvérsias de sua carreira.
A questão pode parecer estranha, mas na verdade é simples: Dylan era um dos maiores nomes da música folk dos anos 1960, um gênero conhecido pelo seu caráter conservador. O rock, um gênero notoriamente rebelde, nessa mesma época, era representado principalmente pelos Beatles e pelos Beach Boys, bandas que agradavam sobretudo a população mais jovem.
Então Dylan decide mudar as coisas: na sua apresentação no tradicional Newport Folk Festival, sobe ao palco e canta “All I Really Want To Do” tocando uma guitarra elétrica. O choque foi grande, uma vez que aquela atitude representava a chegada de um estilo de música menos tradicional aos palcos folk.
Bob Dylan foi mal recebido pela plateia e as suas tentativas de inserir a guitarra elétrica no folk causaram uma chuva de vaias. Ainda assim, essa atitude marcou uma virada na carreira de Dylan, que rompeu de vez com o movimento folk — coisa que já vinha fazendo gradualmente há alguns anos.
Temas de redação para Um completo desconhecido
Você pode citar o Bob Dylan na redação por diversos motivos — afinal, ele até ganhou um Prêmio Nobel de Literatura em 2016 por conta de suas músicas, mas não foi recebê-lo. Porém, para citar Um completo desconhecido, pode ser mais interessante se ater a como a arte muda com o passar do tempo e os impactos do conservadorismo nesse processo.
Aqui vão alguns temas para praticar:
- A importância da arte para a sociedade brasileira;
- A contribuição de artes visuais, dança, música e teatro como disciplinas obrigatórias;
- O papel da arte e da cultura na formação da identidade social brasileira.
Duna: Parte II
Duna: Parte II, dirigido por Denis Villeneuve, também pode ser citado como um exemplo de intertextualidade, já que se baseia na série de livros de ficção científica de mesmo nome. Duna, publicado por Frank Herbert em 1965, é considerado uma das maiores obras de ficção e fantasia já publicadas, além de ser um dos pilares da ficção científica moderna.
Na série de livros, acompanhamos Paul Atreides, herdeiro da Casa Atreides, e a mudança de sua família para o planeta Arrakis, o único que produz a mais importante substância do universo. Essa mudança é a causa para uma série de conflitos de motivações diversas — políticas, econômicas, raciais, ecológicas, religiosas etc. —, e Paul precisa sobreviver nessa nova realidade enquanto descobre segredos inimagináveis.
Em Duna: Parte II, acompanhamos a continuação dos eventos mostrados no primeiro filme. Aqui, são reforçados os aspectos políticos e religiosos da história. O povo fremen, formado pelos habitantes nativos de Arrakis e conhecedores daquela terra, também é retratado com mais profundidade.
Nesse cenário, o longa-metragem elabora um importante debate acerca da importância dos saberes tradicionais para a sobrevivência e a preservação, dos impactos religiosos na política e da função da tecnologia e da ecologia na manutenção da vida humana.
Temas de redação para Duna: Parte II
Na redação, você pode citar Duna: Parte II para falar de conflitos relacionados à colonização e à dominação de povos por interesses econômicos. O filme também nos ajuda a pensar no papel da religião na criação de um novo líder político, e em como esses dois temas estão cada vez mais relacionados.
Aqui vão algumas sugestões para praticar:
- Religiosos na Política: Democracia ou atentado ao Estado Laico?
- Política e religião se misturam?
Agora que você já conhece os principais filmes do Oscar 2025 e já sabe como citá-los na redação, que tal começar a colocar a mão na massa? Escolha um dos temas de redação sugeridos, escreva a sua redação e envie para a equipe da Imaginie!
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