Uma das matérias que mais deixam os estudantes de cabeça quente é a Literatura. Isso porque essa matéria possui várias escolas literárias, autores famosos e obras literárias a se conhecer.
É preciso ler muito e entender bem o que acontece em cada período para não ficar perdido. Por isso, uma dica legal é estudar cada escola de modo completo e ainda com um pé na história.
Leia mais: “9 dicas de como estudar literatura para desvendar essa matéria e gabaritar.”
Pensando em te ajudar a mandar superbem nessa disciplina no Enem e demais vestibulares vamos, neste post, te contar sobre o Quinhentismo, o primeiro movimento literário produzido no Brasil! Bora conferir este conteúdo?
O que foi o Quinhentismo?
O Quinhentismo foi uma escola literária que aconteceu no período de colonização dos países.
No Brasil, o Quinhentismo aconteceu entre 1500 e 1601 e teve seu início com a carta de Pero Vaz de Caminha.
Conheça a seguir algumas das principais características dessa escola literária.
Quais as principais características do Quinhentismo?
O Quinhentismo foi um movimento literário que possuía um estilo marcado por tipos textuais como contos, crônicas, cartas e sermões.
Os textos desse movimento são considerados as primeiras manifestações literárias do Brasil. As obras eram escritas em prosa e possuíam o objetivo de passar a maior riqueza de detalhes possível sobre a terra “descoberta” e sobre aqueles que aqui viviam à Coroa portuguesa.
Foi por meio da literatura quinhentista, que muitos símbolos brasileiros foram criados. A ideia de que os indígenas e a natureza estonteante e magnífica representam o Brasil teve seu início aqui.
Mais tarde, esses símbolos seriam amplamente trabalhados no Romantismo, por escritores, como José de Alencar em obras, como Iracema e O Guarani.
E, posteriormente, seriam retomados, com um viés mais crítico, pelo Modernismo, por autores como Oswald de Andrade, em obras, como o Manifesto Pau-Brasil, por exemplo.
Uma das principais características do Quinhentismo, é que ele possuía um caráter informativo, típico da Literatura de Informação.
Mas o que seria Literatura de Informação?
Não sabe quais são as peculiaridades desse tipo de literatura? Sem problemas, continue a leitura e descubra tudo sobre ela no próximo tópico!
O que é literatura de informação?
A literatura de informação possuía um caráter informacional, como você pode prever. O objetivo era justamente passar o maior número de informações acerca de algo ou algum lugar. Justamente, o que aconteceu aqui no Brasil, já que os navegadores que vieram parar aqui tinham que passar à Portugal tudo sobre os nativos e sobre as terras.
A descrição é a maior marca desta literatura e, por isso, os gêneros: carta, relatos, diários e tratados eram as principais obras utilizadas.
Além de descrever pessoas e a terra em si, os autores também eram incumbidos de apresentar, detalhadamente, os produtos locais que poderiam despertar o interesse da Coroa. Um exemplo clássico, foi o pau-brasil, amplamente explorado pelos portugueses, durante a vigência do Brasil Colônia.
Pois bem, como mencionamos, a Carta de Pero Vaz de Caminha foi um divisor de águas para as manifestações literárias brasileiras do Brasil. Por isso, vamos te contar, a seguir, um pouquinho melhor sobre ela. Confira!
Por que a Carta de Pero Vaz de Caminha foi tão importante para o Quinhentismo?
A Carta que Pero Vaz de Caminha escreve e envia aos portugueses sobre uma terra maravilhosamente bela e com muitas riquezas, que posteriormente seria conhecida como Brasil, é uma das obras mais famosas do Quinhentismo.
Isso porque, ela apresenta em seu conteúdo a experiência do primeiro contato entre europeus e indígenas. Essa carta foi escrita em 1500, logo, quando o Brasil foi encontrado pelos portugueses.
Ainda que muitos livros históricos tratem o evento como descobrimento, o Brasil foi na verdade encontrado, por acaso. Mesmo porque, aqui não era um lugar inabitado, existiam nativos que tiveram suas terras tomadas pelos europeus.
E foi Pero Vaz de Caminha, um escrivão português, quem foi incumbido de escrever sobre o país que havia acabado de encontrar e informar, descritivamente, ao rei e a corte portuguesa sobre as riquezas desse Novo Mundo.
Veja a seguir um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha:
“Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos.”
Perceba como Pero Vaz de Caminha mostra os nativos. Além da descrição das pessoas, ele também enumerava as incontáveis belezas do Novo Mundo, mostrando como aqui era exótico e místico. Para que a Coroa pudesse entender bem, uma das figuras de linguagem mais usadas por ele era a comparação.
Além da Carta de Pero Vaz de Caminha, outras obras foram produzidas durante o Quinhentismo. A seguir vamos te contar sobre o que foi a literatura de catequese e um autor famoso da época: Padre José Anchieta. Confira!
O que foi a literatura de catequese produzida durante o Quinhentismo?
A Carta de Pero Vaz foi precursora do Quinhentismo no Brasil, porém, outras obras foram feitas durante o período, como, por exemplo, a Literatura de Catequese, feita por jesuítas, que vieram posteriormente ao Brasil para catequizar os indígenas.
Um dos mais famosos autores da literatura de catequese foi Padre José de Anchieta. Este autor chegou ao Brasil em 1533 e foi mantido refém pelos indígenas durante três meses.
Foi enquanto estava preso que escreveu um poema de 5.786 versos para a Virgem Maria na areia da praia.
Porém, não só de poemas vivia este autor, ele também escreveu as primeiras peças teatrais encenadas no país, onde a temática central era teocêntrica, ou seja, Deus no centro de tudo.
O Padre José de Anchieta foi o primeiro escritor da gramática tupi. A ideia era aproximar a população indígena por meio de seu idioma. Mas não se engane, ainda que exista uma tentativa de aproximação, José de Anchieta costumava dar ao personagem Diabo as falas em Tupi, o que mostra o viés ideológico por trás de suas obras.
Veja a seguir um exemplo de uma de suas obras:
GUAIXARÁ
Cala-te! Te guardarei!
Que a língua não te revele,
depois te libertarei.
SARAVAIA
Se não me viu, safarei.
Inda posso me esconder.
SÃO SEBASTIÃO
Cuidado que lançarei
o dardo em que o flecharei.
O período de colonização brasileiro foi marcado por muitas mortes e imposição da cultura europeia em detrimento da cultura indígena. A língua, os costumes, a religião e a terra foram tomados da população nativa que já habitava o país. Por isso, é importante olhar para o “descobrimento” como olhos críticos, para não se deixar levar por uma ideia romantizada sobre este período.
Bom, esperamos que você tenha gostado de conhecer sobre o Quinhentismo! Aproveite para ler nosso post sobre Pré-modernismo e saber ainda mais sobre literatura e gabaritar essa matéria no Enem e demais vestibulares!