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Saiba mais sobre o Parnasianismo e como esse movimento literário ocorreu no Brasil

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O Parnasianismo é um movimento literário de origem francesa surgido na mesma época do Realismo e do Naturalismo, ao final do século XIX. 

Seu nome vem da Parnase Contemporain (Parnaso Contemporâneo), que foram antologias publicadas em Paris a partir de 1866. Parnaso também é o nome dado à montanha consagrada ao deus Apolo e às musas da poesia na mitologia grega, as quais os poetas escreviam suas obras, inspirados pela aura do lugar.

Se você vai prestar o Enem ou algum outro vestibular, é muito importante que você tenha muito conhecimento sobre esse e outros movimentos literários. Assim, você vai obter uma boa nota nos conteúdos que abordam escolas literárias.

Neste artigo vamos te explicar tudo sobre o Parnasianismo, onde surgiu, como ocorreu no Brasil, suas características e principais autores. Bora conferir?

Surgimento do Parnasianismo

Como vimos, o parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França no final do século XIX.  Ele se opunha ao Realismo e ao Naturalismo que aconteciam naquela época. 

Este foi um período em que a Europa buscou uma literatura com novas formas de expressão, que estivesse em sintonia com as mudanças que ocorriam na sociedade e em diferentes áreas do conhecimento. A esse contexto, por exemplo, encontram-se as teses científicas e sociológicas de determinismo social bastante divulgadas. 

O Parnasianismo, apresenta o gênero lírico como sua principal manifestação, porém com a postura anti-romântica, uma vez que ele se baseava no culto da forma, na impassibilidade e impessoalidade, na poesia universalista e também no racionalismo.

Principais características do Parnasianismo

A principal característica desse movimento literário parte do seu próprio nome, o qual já indica seu grande interesse pela cultura greco-latina. 

Tal interesse relacionado à cultura clássica tinha por objetivo se opor à estética vigente do Romantismo.

Assim, os parnasianos apresentavam uma estética mais detalhista, ou seja, se preocupavam com a forma, vocabulário culto, bem como as rimas raras em seus sonetos.

Muitas características do Parnasianismo também encontram-se presentes no Realismo. 

Mas atente-se que no Parnasianismo foram criadas apenas poesias, pois não existe prosa parnasiana.

Veja as demais características deste movimento:

  • apego à tradição clássica;
  • busca da perfeição formal;
  • gosto pela mitologia greco-latina;
  • idealização da arte pela arte;
  • objetivismo;
  • preferência pela descrição;
  • preferência pelo soneto;
  • racionalismo;
  • rejeição ao lirismo;
  • rimas raras;
  • universalismo;
  • vocabulário culto.

Parnasianismo no Brasil

No Brasil, o Parnasianismo também se opôs ao romantismo, mesmo que os ideais românticos deram lugar ao realismo e ao naturalismo na prosa.

Assim, os poetas parnasianos incorporaram à poesia traços que se opunham ao Romantismo.

De fato, o Parnasianismo brasileiro começou a ser difundido a partir de 1870. Foi no final dessa década, que o jornal Diário do Rio de Janeiro gerou grande polêmica reunindo os adeptos do romantismo, do realismo e do parnasianismo.

O resultado disso ficou conhecido como a “Batalha do Parnaso”, movimento formado por escritores do Rio de Janeiro e São Paulo, que reagiram contra o Romantismo. Isso gerou uma difusão das ideias e das características do Parnasianismo nos meios artísticos e intelectuais.

no ano de 1882, a obra Fanfarras, de Teófilo Dias, inaugura o Parnasianismo no país. O movimento se prolongou até a Semana de Arte Moderna, em 1922. Isso é visto quando o também escritor Manuel Bandeira assinala: 

A estética parnasiana cristalizou-se entre nós depois da publicação de ‘Fanfarras’, de Teófilo Dias, livro em que o movimento anti-romântico começa a se definir no espírito e na forma dos parnasianos franceses, já esboçados em alguns sonetos de Carvalho Júnior…

Vejamos o exemplo de uma poesia da obra Fanfarras, de Teófilo Dias:

A ESTÁTUA

Fosse-me dado, em mármor de Carrara,

Num arranco de gênio e de ardimento,

Às linhas do teu corpo o movimento

Suprimindo, fixar-te a forma rara,

Cheio de força, vida e sentimento,

Surgira-me o ideal da pedra clara,

E em fundo, eterno arroubo, se prostrara,

Ante a estátua imortal, meu pensamento.

Do albor de brandas formas eu vestira

Teus contornos gentis; eu te cobrira

Com marmóreo cendal os moles flancos,

E a sôfrega avidez dos meus desejos

Em mudo turbilhão de imóveis beijos

As curvas te enrolara em flocos brancos.

Principais autores e obras do Parnasianismo no Brasil

Os autores do Parnasianismo no Brasil foram marcados pela preferência em retratar a realidade com impessoalidade, perfeição e objetividade, tomando os temas da cultura clássica como base nas suas produções. Vamos ver quais foram seus principais representantes e alguns exemplos de suas obras:

Teófilo Dias: Publicou o livro Fanfarras, primeira obra de poesia considerada parnasiano, em 1882. Escreveu ainda: Flores e amores (1874), Cantos tropicais (1878), Lira dos verdes anos (1876), A comédia dos deuses (1887) e A América (1887).

Alberto de Oliveira: Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, inclusive sendo eleito o “Príncipe dos Poetas” em 1924. Escreveu: Canções românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885), Versos e rimas (1895), Poesias – 1ª série (1900), Poesias – 2ª série (1906), Poesias – 2 vols. (1912), Poesias – 3ª série (1913), Poesias – 4ª série (1928), Poesias escolhidas (1933), Póstumas (1944).

Raimundo Correia: Também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escreveu os livros Primeiros sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).

Vicente de Carvalho: Publicou as seguintes obras: Ardentias (1885), Relicário (1888), Rosa, rosa de amor (1902), Poemas e canções (1908), Versos da mocidade (1909), Verso e prosa (1909), Páginas soltas (1911), A voz dos sinos (1916), Luizinha (1924).

Francisca Júlia: Apesar de sua consistência literária, não conseguiu ingressar na Academia Brasileira de Letras, na época, por ser mulher. Publicou as seguintes obras: Mármores (1895), Livro de infância (1899), Esfinges (1903), A feitiçaria sob o ponto de vista científico (discurso) (1908), Alma infantil (com Júlio César da Silva) (1912), Esfinges 2º ed. (ampliada) (1921), Poesias (organizadas por Péricles Eugênio da Silva Ramos) (1962).

Olavo Bilac (1865-1918): Foi o mais reconhecido nome da poesia parnasiana brasileira. Inspirou-se nos mestres franceses. Publicou as seguintes obras: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Sagres (1898), Crítica e fantasia (1904), Poesias infantis (1904), Conferências literárias (1906), Tratado de versificação (com Guimarães Passos) (1910), Dicionário de rimas (1913), Ironia e piedade (1916), Tarde (1919).

Vejamos o exemplo do poema mais conhecido na sua obra Poesias. Aproveite para notar que nos versos, o poeta trata sobre o amor de maneira descritiva e narrativa. Não há um aprofundamento sentimental apesar do lirismo. A estética formal é evidenciada pelas rimas preciosas, rimas artificiais que foram construídas a partir da combinação de palavras distintas no que se refere à classe e à aproximação fonética:

XIII 

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,

Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto

E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite,

enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo? “

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e e de entender estrelas

E aí? Gostou de saber mais sobre o Parnasianismo? Esperamos que este artigo tenha sido útil para você entender melhor as características e os principais autores desse movimento.  Agora, para continuar o seu aprendizado, veja o próximo artigo para aprender como estudar literatura!

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Autor

  • Sabrina Andrade

    Tecnóloga em Marketing e graduanda em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais. Apreciadora de crônicas e livros infanto-juvenis. Acredita que a educação possibilita um futuro melhor.

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