As figuras de linguagem possuem cadeira cativa nas provas de literatura do Enem e demais vestibulares. E é por isso que conhecê-las bem é fundamental.
E foi pensando em ajudá-lo a gabaritar a matéria de literatura e ter acesso ao Ensino Superior, que fizemos este post.
Nele, você vai encontrar tudo sobre a figura de linguagem gradação, o que é, com quais outras figuras ela se relaciona e ainda conhecer exemplos de sua aplicação na prática!
Então, bora conhecer este conteúdo fera??
O que é a gradação?
A gradação é uma figura de linguagem que consiste na ideia de utilizar uma sequência de palavras de maneira gradativa.
Como assim?
Ficou confuso? Eu explico melhor.
Para entender bem o que é uma gradação pense em uma escala de tons de cinza. Em um dos extremos teremos um cinza bem escuro, quase similar ao preto, enquanto em outra ponta teremos um cinza bem clarinho, quase um branco e entre estes extremos teremos as gradações dessas cores.
Viu só como é simples?
Para trazer isso aos textos literários, podemos substituir o tom mais escuro do cinza pela hipérbole (que é uma figura que utiliza-se do uso do exagero intencional), e podemos substituir o tom mais claro pelo eufemismo (que consiste em transformar uma mensagem ou um fato mais sério em algo mais ameno).
A gradação possui uma relação íntima com essas duas figuras de linguagem, já que a depender do sentido que o autor quer dar ao seu texto, ele pode utilizar uma sequência de palavras que podem ir se suavizando, e então teremos uma gradação eufêmica; ou poderá utilizar uma sequência gradativa hiperbólica e dar ao texto uma ideia de exagero.
Pois bem, a gradação é uma figura de linguagem que faz parte do grupo chamado de figuras de pensamento.
Mas se você não sabe muito bem o que são as figuras de pensamento, não há problema algum. A seguir, vamos te mostrar o que são elas. Acompanhe!
O que são figuras de pensamento?
As figuras de pensamento são aquelas ligadas ao sentido das palavras nas sentenças.
Elas chamam atenção do ouvinte ou leitor para a relação simbólica entre as palavras ou expressões do texto e estão muito associadas ao campo das ideias.
Conheça a seguir algumas outras figuras de linguagem que compõe junto à gradação, as figuras de pensamento:
- Antítese: essas são figuras de linguagem que fazem uma relação de termos opostos em uma mesma sentença. Veja um exemplo para que fique mais claro: “De tanto chorar, desejou voltar a sorrir.” Os termos chorar e sorrir possuem sentidos contrários e estão relacionados na mesma sentença.
- Paradoxo: essa é uma figura que costuma ser confundida com a antítese, mas, enquanto a antítese estabelece relação com termos opostos, o paradoxo vai mais longe e contrasta ideias. Veja um exemplo para entender melhor: “Quanto mais eu trabalho, menores são as oportunidades de reconhecimento na empresa.” Percebeu a diferença? Entenda, diferente da antítese que contrasta palavras, aqui aconteceu um contraste de ideias, afinal a ideia de trabalhar muito e não ser reconhecido em sua empresa não faz o menor sentido, né? Pois bem, o paradoxo brinca com a relação de ideias tão opostas que não fazem o menor sentido juntas.
- Personificação: essa figura se constitui como uma atribuição de características humanas a seres que não possuem esse tipo de característica. Veja um exemplo para deixar isso mais compreensível: “O sol hoje está tímido, não deu as caras até agora.”
- Hipérbole: essa é uma figura que faz uso de um certo exagero intencional. Por exemplo, se você quer dizer que está com muita saudade de seu/sua crush, você pode usar a seguinte frase: “Estou morrendo de saudades de você.” É claro que ninguém morre, literalmente, de saudades de alguém. Mas como você está muito apaixonado, busca dar a ideia de exagero intencionalmente.
- Ironia: essa é uma figura bastante conhecida e certamente você já deve tê-la visto em tirinhas e outros gêneros. Ela busca passar uma ideia contrária àquela expressada pelas palavras. Aí vai um exemplo para que você entenda melhor: “Ela parece um anjo, cria confusão por onde passa.” Bom, de maneira geral, anjos não causam confusão, portanto, a ideia que o interlocutor quis passar é que de anjo essa pessoa não tem nada.
- Sinestesia: essa figura consiste em uma fusão de sentidos em um mesmo enunciado. Sabe o tato, o paladar, a audição, o olfato e a visão? Na sinestesia eles são misturados e usados de uma maneira diferente. Veja um exemplo: “Esse perfume é muito doce.” As fragrâncias dos perfumes são sentidos pelo olfato, no entanto, é comum dizermos que um perfume é doce, ou seja, atribuímos ao perfume o sentido do paladar, indicado pela palavra “doce”.
Essa exposição de outras figuras de pensamento foi feita para que você consiga entender, de uma vez por todas, o que é esse grupo de figuras de linguagem e porque elas recebem esse nome. Porém, o nosso objetivo neste post é te contar sobre a gradação e, por isso, a seguir vamos te mostrar uma série de exemplos que empregam essa figura de linguagem. Confira!
Exemplos de uso da gradação
- Por mais que me procure, antes de tudo ser feito, eu era amor. Só isso encontro./Caminho, navego, voo,/- sempre amor. Perceba como nestes versos de Cecília Meireles há o uso da gradação em: Caminho, navego, voo.
- Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensangüentados (…). Aqui também há o emprego da gradação, quando Machado de Assis vai aumentando gradativamente os numerais: Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião.
- Em cada porta um freqüentado olheiro,/que a vida do vizinho, e da vizinha/pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,/para a levar à Praça, e ao Terreiro. Aqui é Gregório de Matos quem vai contando, por meio do uso da gradação, o que faz o olheiro com a vida vizinha e do vizinho.
- Oh, não aguardes, que a madura idade/Te converta em flor, essa beleza/Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada. Mais uma vez, Gregório de Matos utiliza a gradação para apresentar o ciclo natural da vida de maneira bastante poética.
- O trigo… nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se. Aqui, é Padre Antônio Vieira quem vai contando as fases do trigo, por meio da gradação.
- Ninguém deve aproximar-se da jaula, o felino poderá enfurecer-se, quebrar as grades, despedaçar meio mundo. Neste exemplo, Murilo Mendes, por meio do uso da gradação, nos conta sobre o que pode acontecer ao se aproximar da jaula do felino.
- Eu era pobre. Era subalterno. Era nada. Neste exemplo, Monteiro Lobato retrata de modo gradual, ou seja, fazendo uso da figura de pensamento gradação, o que era ser pobre.
- Carregando flores/E a se desmanchar/E foram virando peixes/Virando conchas/Virando seixos/Virando areia. Este é um trecho da música Mar e Lua de Chico Buarque, que também emprega a gradação em: virando peixes/Virando conchas/Virando seixos/Virando areia.
- E o meu jardim da vida/Ressecou, morreu/Do pé que brotou Maria/Nem margarida nasceu. Aqui, Djavan também utiliza a gradação para descrever que o seu “jardim da vida”: Ressecou, morreu. Este exemplo foi retirado da música “Flor de Lis”.
E aí, curtiu conhecer a gradação e já sabe como expressar seus sentimentos de modo gradativo? Aposto que sim, ein? ?♀️ Aproveite para ler nosso post sobre como estudar literatura e gabaritar essa matéria no Enem e demais vestibulares!