A Educação de Jovens e Adultos (EJA) desempenha um papel crucial na promoção da inclusão educacional e no oferecimento de novas oportunidades para aqueles que, por diversos motivos, não conseguiram completar sua educação formal na infância e adolescência. No entanto, os desafios da educação de jovens e adultos no Brasil são significativos e precisam ser enfrentados para garantir que todos os alunos tenham sucesso em seus estudos.
O Censo Escolar, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Inep em fevereiro de 2024, revelou uma redução de 27% nas matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) desde 2018, resultando na perda de quase um milhão de alunos. Assim, a EJA, que atendia 3,5 milhões de estudantes, passou a ter apenas 2,5 milhões em 2023. Entre 2022 e 2023, a queda no número de adultos matriculados foi de 7%.
O que é a EJA?
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino destinada a atender jovens e adultos que não completaram a educação básica. Essa forma de educação busca oferecer oportunidades para que esses indivíduos possam concluir seus estudos, adquirir novas habilidades e melhorar suas perspectivas de vida.
História e origens da modalidade
A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil tem suas raízes na década de 1940, quando a criação da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) marcou o início de um esforço institucional para promover a educação para essa faixa etária. Este foi um dos primeiros passos significativos para reconhecer e atender às necessidades educacionais de adultos que haviam sido excluídos do sistema educacional formal.
Na década de 1960, o cenário educacional passou por transformações com o surgimento de movimentos de educação popular, que ganharam destaque com as propostas pedagógicas de Paulo Freire.
No entanto, o regime militar que se instaurou no Brasil a partir de 1964 reprimiu as práticas educacionais baseadas nas ideias de Freire, considerando-as subversivas.
Essa repressão culminou na criação do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) em 1970, que substituiu as metodologias de Freire por práticas mais alinhadas com a ideologia do governo militar. O MOBRAL focava em uma abordagem mais tradicional e menos crítica da alfabetização, refletindo a censura e o controle estatal sobre a educação.
A partir dos anos 1980, com o fim do regime militar e a redemocratização do país, a EJA começou a se reconstituir e a reavaliar suas práticas. A EJA foi oficialmente reconhecida como uma modalidade de ensino para a Educação Fundamental e Média pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, aprovada em 1996.
Já em 2003, o Programa Brasil Alfabetizado teve como objetivo diminuir o analfabetismo e promover a inclusão social. O programa buscou oferecer oportunidades de alfabetização para adultos e jovens em situação de vulnerabilidade, priorizando regiões com altos índices de analfabetismo.
Quais são os desafios da educação de jovens e adultos no Brasil?
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é fundamental para promover inclusão e oportunidades para aqueles que não completaram seus estudos na idade regular. No entanto, a EJA no Brasil enfrenta desafios significativos, incluindo dificuldades de acesso, falta de recursos e baixa motivação dos alunos. Vamos entender esse panorama:
Diversidade de experiências e habilidades
Os alunos da EJA apresentam idades, bagagens culturais e experiências variadas, o que pode desafiar a adaptação do currículo e das metodologias de ensino. Educadores devem personalizar o aprendizado para atender às diferentes necessidades e níveis de competência dos alunos. Estratégias como a aprendizagem adaptativa e o uso de materiais diversificados podem ser eficazes para lidar com essa diversidade.
Fatores socioeconômicos
Muitos alunos da EJA enfrentam dificuldades financeiras que impactam diretamente sua capacidade de participar das aulas e realizar as atividades escolares. A necessidade de trabalhar para sustentar a família pode fazer com que a frequência e o desempenho acadêmico sejam prejudicados. Para mitigar esse desafio, é importante que as instituições ofereçam horários flexíveis e suporte adicional, como bolsas de estudo ou assistência para materiais didáticos.
Falta de motivação
Manter a motivação dos alunos é fundamental para o sucesso da EJA. Muitos estudantes podem se sentir desmotivados ou ter expectativas irreais sobre o que podem alcançar. Os educadores devem trabalhar para estabelecer metas claras e realistas, além de oferecer apoio constante e encorajamento. Programas de orientação e acompanhamento individualizado podem ajudar a manter os alunos engajados e focados.
Infraestrutura e recursos
A falta de infraestrutura adequada e de recursos é um desafio comum nas instituições que oferecem EJA. Salas de aula bem equipadas e materiais didáticos atualizados são essenciais para um ambiente de aprendizado eficaz. Investimentos em infraestrutura e em formação contínua para os professores são cruciais para melhorar a qualidade da educação oferecida.
Integração com a educação formal
Garantir que os alunos adquiram as competências necessárias em um período mais curto do que no ensino regular pode ser desafiador. A implementação de currículos flexíveis e estratégias de avaliação inclusivas pode ajudar a alinhar a EJA com os padrões educacionais e preparar os alunos para futuras oportunidades.
Repertórios para usar na redação
Confira alguns filmes e documentários que podem se encaixar nessa temática:
Segunda chamada (2019)
A série acompanha a rotina de uma escola pública voltada para a EJA, onde professores e alunos enfrentam diversos desafios. A trama se concentra em questões como a inclusão social, as dificuldades enfrentadas pelos alunos adultos e as complexidades do ensino em um contexto de vulnerabilidade.
Fora de série (2021)
“Fora de Série” é um documentário brasileiro que examina a situação da educação no Brasil através das experiências de alunos e professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A obra oferece uma visão profunda e crítica sobre os desafios enfrentados por esses protagonistas no sistema educacional brasileiro.
Preciosa – Uma História de Esperança (2009)
A trama segue Claireece “Precious” Jones, uma adolescente de 16 anos que vive em um ambiente abusivo e negligente com sua mãe. Ela enfrenta problemas como gravidez precoce, baixa autoestima, e pobreza extrema. Apesar dos obstáculos, Precious encontra uma oportunidade de mudança através da educação, ao ser incentivada por uma professora em uma escola alternativa que oferece um novo caminho para sua vida.
- Leia também: Como escrever sobre os desafios para democratizar o acesso à cultura no Brasil [Redação pronta]
Exemplo de redação sobre o tema:
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A Constituição Federal de 1988 garante a todos os indivíduos o bem-estar físico, mental e social. Contudo, essa não é uma realidade brasileira, visto que o índice de pessoas que não concluíram o ensino básico, devido aos problemas socioeconômicos, é alarmante. Sob esse aspecto, dois fatores não podem ser negligenciados: a falta de incentivo nos estudos desde a infância e a eficiência dos profissionais ao lidar com adultos de baixa escolaridade. Dessa forma, medidas cujo objetivo sejam aprimorar o aprendizado a jovens e adultos devem ser tomadas.[1][2]
Em uma primeira análise, deve-se relembrar o conceito de Rousseau que, em sua teoria, a partir do nascimento um indivíduo deve adquirir educação. Porém, diversos são os casos em que uma pessoa é obrigada a deixar a educação de lado, devido tanto a problemas financeiros familiares quanto a falta de um incentivo social. O Censo Demográfico de 2010 contabilizou 13,9 milhões de jovens e adultos com idade superior a 15 anos que não sabem ler e escrever. Como forma de reduzir essa taxa, o EJA[3] garante os direitos educativos à sociedade, entretanto, um jovem que cresceu sem o devido apoio nos estudos dificilmente irá iniciar, ou até mesmo concluir, essa modalidade. A falta de perspectiva em relação a aprendizagem é algo que deve ser combatido.[4][5]
Concomitantemente, soma-se ao supracitado que a oferta pública de EJA quase sempre conta com licenciaturas que não estão preparadas em atuar com adultos. Aulas aceleradas voltadas à reposição dos mesmos assuntos escolares infantojuvenis contribuem para a redução de matrículas nessa modalidade de ensino. De acordo com uma reportagem da Gestão Escolar, em 2004 havia cerca de 5 milhões de matrículas enquanto que, em 2013, esse número reduziu para 3 milhões.[6] Há uma grande diversidade de raça, gênero e geração dos educandos da EJA, portanto, para que mais pessoas participem efetivamente do programa é necessário que se tenha mais reconhecimento e acolhimento desses alunos.[7]
Perante o exposto, é necessário medidas intervencionistas governamentais. Urge que o Ministério da Educação torne obrigatório uma maior preparação dos professores, através de cursos especializantes e gratuitos, para que eles saibam lidar com alunos adultos, de forma que adequem suas aulas e tenham capacidade de dar o apoio necessário para que não haja desistência do curso. Além do mais, deve ser ofertada palestras aos sábados à tarde, com o intuito de motivar os alunos e demonstrar a importância de concluir o ensino básico e superior, para que, assim, aumente a garantia de que o conceito de que a educação é primordial para o desenvolvimento humano seja repassado para os familiares.[8][9]
Comentários sobre a correção da redação
Veja os comentários do corretor sobre a redação.
Competência I: demonstrar domínio da norma culta
- [3] É usual, quando se cita uma sigla pela primeira vez, descrever o que ela significa. Apesar de haver discordância entre professores, pois se trata também de estilo, é melhor evitar perda de pontos por algo tão simples.
Competência II: compreender a proposta
- [1] Você explicitou a tese que será defendida na introdução. Parabéns!
- [2] Você demonstra ter compreendido a proposta de redação ao apresentar o recorte temático na introdução.
Competência III: selecionar e relacionar argumentos
- [4] Muito bem! Estes dados deram credibilidade a seu argumento.
- [5] Esse argumento ficou muito bem relacionado à temática, parabéns!
- [6] Parabéns por apresentar dados que denotam credibilidade ao argumento apresentado.
- [7] Ótimo argumento, muito bem!
Competência IV: conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação
- [9] Parabéns! A adequação no uso dos conectivos e a utilização de sinônimos, proporcionaram uma leitura agradável da sua redação.
Competência V: elaborar a proposta de intervenção para o problema
- [8] Você elabora solução para os problemas apresentados na argumentação e demonstra que compreende quais são os elementos necessários para elaborar uma proposta de intervenção completa. Parabéns!
Comentário final
Parabéns, sua redação está muito bem clara, organizada, fundamentada, coesa e coerente, praticamente sem erros, continue assim.
Nota: 960
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