Se você tem dificuldades para fazer a prova de literatura, é importante que você estude as escolas literárias. Entendendo as características de cada uma, você conseguirá interpretar melhor as questões da prova do Enem e de outros vestibulares! Por isso, nesse post vamos te explicar tudo sobre o Realismo, uma escola literária muito presente nas provas de ingresso ao ensino superior.
Para entender o contexto histórico e a importância das escolas literárias, é interessante estar por dentro, também, dos principais temas da prova de história.
Então vamos conferir este conteúdo para te ajudar a tirar todas as suas dúvidas a respeito do realismo.
O que foi o Realismo?
O Realismo foi um movimento literário e cultural que teve início nas últimas décadas do século XIX em oposição ao Romantismo, escola literária que o antecede. A publicação do romance “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, em 1857, foi seu marco inicial.
O objetivo do realismo era retratar a realidade da sociedade da época, fazendo críticas a temas sociais. A linguagem utilizada é direta e objetiva, diferente do subjetivismo presente no Romantismo.
Os participantes desse movimento sentiam a necessidade de retratar os problemas e costumes das classes média e baixa sem se inspirar em modelos antigos, por isso, repudiavam a artificialidade do Romantismo e do Arcadismo.
Quais as principais características do Realismo?
Agora que você já entendeu o que é o realismo, entenda também suas principais características:
- Objetividade: Para se opor ao excesso de subjetividade existente nas obras românticas, repletas de idealizações, os autores realistas representavam a realidade exatamente como ela era.
- Contenção das emoções: Os realistas não tinham como objetivo produzir obras com forte teor sentimental e recheada com idealizações amorosas.
- Correção e clareza de linguagem: Utilizar uma linguagem direta e objetiva nas obras realistas era crucial para manter a representatividade da realidade vivenciada pela sociedade.
- Impessoalidade do narrador: Uma das estratégias utilizadas pelos autores é o uso do narrador em terceira pessoa. Isso ocorre porque esse tipo de narrador transmite certo grau de impessoalidade, enquanto o narrador em primeira pessoa impõe uma visão individual sobre a realidade.
- Narrativa lenta: Além de narrar um enredo, as obras realistas também buscavam construir análises da sociedade. Por isso, é comum ver longos trechos de digressão, que é a interrupção da narrativa para que o narrador promova uma reflexão. Nas obras de Machado de Assis esse recurso é muito presente.
Contexto histórico do Realismo
A revolução francesa e a revolução industrial foram fundamentais para o surgimento e o êxito do realismo, pois como consequência desses dois fatos históricos aconteceu o crescimento do poder da burguesia na sociedade.
Por isso, as pessoas migraram do campo para a cidade em busca de melhores condições de vida por meio do trabalho nas fábricas e comércios, fazendo com que as cidades passassem a ter cada vez mais pessoas.
Assim, o Realismo retratou, com subjetividade, o dia a dia dessas novas cidades comandadas pela burguesia. A realidade da população de classe média e pobre passou a ser tema de narrativas. Em algumas obras era possível perceber um forte tom de ironia e crítica social.
O Realismo no Brasil
O Realismo no Brasil teve como marco inicial a publicação do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Assim como ocorreu na Europa, o Realismo chegou ao Brasil como uma forma de contrapor o Romantismo.
Os fundamentos teóricos do Realismo europeu influenciaram o realismo brasileiro, confira alguns pontos pertinentes desse movimento no Brasil:
- Cientificismo: Enaltecimento das ciências exatas e sociais;
- Darwinismo: Valorização da teoria que afirma que só os mais fortes e adaptados sobrevivem;
- Empirismo: Valorização do método científico;
- Distanciamento: Impessoalidade para proporcionar uma visão objetiva dos fatos;
- Determinismo: O humano é definido pelo seu meio. (“O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, é um exemplo de uma obra determinista.)
Ademais, o determinismo estabelece uma mistura entre o realismo e o naturalismo, fazendo com que fossem consideradas uma mesma escola literária no Brasil. No entanto, o determinismo realista fundamenta os comportamentos do ser humano por meio da observação psicológica e o determinismo naturalista por meio da observação patológica e biológica.
A queda da monarquia, a instauração da República e o fim da escravidão são alguns dos fatores históricos que exemplificam a realidade brasileira perpassada por crises históricas e econômicas em fins dos oitocentos. Esse contexto se esboça nas obras literárias que deixam de retratar a nação de modo idealizado como faziam os românticos para abordá-la de modo mais crítico e sensato.
Principais autores do Realismo no Brasil
- Machado de Assis (1839 – 1908): É um dos escritores mais importantes da literatura brasileira. Foi autor de poesias, crônicas, teatro, romances, contos e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Algumas obras significativas de Machado são: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881),
Quincas Borba (1886), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
Selecionamos um trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas em que é exibido o comportamento da elite brasileira e o desprezo aos trabalhadores, demonstrando a separação de classes sociais:
“Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia — algumas vezes gemendo —, mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: “Cala a boca, besta!”—.”
No trecho é possível perceber como sua obra é marcada por temas sociais. Além disso, também é possível encontrar críticas à burguesia e uma profunda análise psicológica dos personagens nas suas obras.
- Visconde de Taunay (1843 – 1899): Foi escritor, crítico, sociólogo, músico, professor, político e historiador brasileiro. Também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Se destacou pelo romance “Inocência”, de 1872, em que retrata pessoas e costumes do interior da Paraíba no Sertão do Mato Grosso.
- Raul d’Ávila Pompeia (1863 – 1895): Foi um jornalista, escritor e orador brasileiro. Foi destaque no realismo ao publicar a obra “O Ateneu”.
E aí, curtiu conhecer mais sobre o Realismo? Confira também nosso post sobre o Simbolismo para conhecer melhor essa outra escola literária e mandar bem nas provas de literatura.