Você sabe fazer uso da crase de forma correta? A crase é o nome que se dá quando ocorre a união da preposição “a” com o artigo definido “a” e “as” ou com o “a” inicial dos pronomes demonstrativos, como “aquele”, “aqueles”, “aquela”, “aquelas” e “aquilo”, ou, ainda, com o “a” inicial dos pronomes relativos “a qual” e “as quais”.
A esse acento indicador de crase dá-se o nome de acento grave. Existem algumas regras para usá-la e é isso que vamos mostrar para você neste artigo. Bora aprender?
O que é crase
A palavra crase tem origem grega e significa mistura ou fusão. Como já mostramos rapidamente acima, na língua portuguesa, a crase indica a contração de duas vogais idênticas, ou seja, a fusão da preposição “a” com o artigo feminino “a” ou com o “a” do início de alguns pronomes.
Assim, sempre que existirem esses elementos, o fenômeno deve ser indicado através da presença do acento grave.
Para fazer uso da crase corretamente, é necessário compreender quando o fenômeno acontece. Aprender a colocar o acento grave depende, sobretudo, sobre verificar quando uma preposição e um artigo ou pronome se juntam.
Veja o exemplo:
- Ela deve retornar [a] + [a] escola hoje. = Ela deve retornar à escola hoje.
Elencamos abaixo os principais casos em que o acento grave deve ser utilizado, em que seu emprego é facultativo, que seu uso não é permitido e algumas dicas para lembrar como usá-lo.
1. Uso da crase obrigatório
O uso da crase é obrigatório:
Em expressões que indicam as horas: às 15h, das 8h às 18.
- Ela saiu às 13h e ainda não voltou.
- O evento acontecerá das 19h às 22h.
Em locuções adverbiais: às pressas, à tarde, às vezes, à noite e à vontade.
- Fique à vontade e sinta-se em casa.
- Eu prefiro estudar à tarde.
Em locuções prepositivas: à procura de, à frente e à espera de.
- Daniel está à procura de um emprego na área de TI.
- Minha mãe sempre esteve à frente do seu tempo.
Em locuções conjuntivas: à medida que e à proporção que.
- À medida que o tempo passa, ficamos mais experientes.
- Ele se destacava nas notas à proporção que estudava.
No artigo demonstrativo a: seguido de “que” ou “de”, se for equivalente a “aquela” ou “aquelas”.
- Esta TV é igual à que comprei.
- Comprou uma lapiseira igual à de sua amiga.
Com a preposição a + pronome demonstrativo: “aquele, aquela, aquilo”.
- O professor se referiu àquele senhor com muito respeito.”
- Não me refiro àquilo que aconteceu ontem.
Com o pronome relativo a “qual/as quais”: se for substituir por um substantivo masculino e aparecer “ao qual/aos quais”.
- Este é o aluno [ao qual] me referi no discurso de formatura.
- Esta é a aluna à qual me referi no discurso de formatura.
2. Casos especiais do uso da crase
Além das regras que apresentamos com o uso da crase obrigatório, também existem alguns casos especiais em que o emprego dela é facultativo.
Veja, a seguir, cada uma das situações:
Antes da palavra “terra”
Neste caso, o uso da crase não é recomendado quando a palavra “terra” tem sentido de chão firme. Mas se ela estiver se referindo ao planeta Terra ou indicar lugar de origem e estiver determinada, é recomendado o uso do acento grave.
Exemplos:
- Depois de horas navegando em alto-mar, chegamos [a terra].
- Vou voltar à terra da minha família no próximo ano.
- Os astronautas retornaram à Terra após uma longa expedição.
Antes da palavra “distância”
Neste caso, o uso da crase não é necessário quando a palavra estiver indeterminada. Porém, em situações em que ela esteja determinada, a acentuação é obrigatória.
Exemplos:
- Meu novo computador capta o wi-fi [a distância];
- Meu novo computador capta o wi-fi à distância de 20 metros.
Antes da palavra “casa”
Aqui, não é preciso o uso da crase se a palavra aparecer sem nenhum qualificativo. Mas, caso ela esteja determinada, é necessária a acentuação.
Exemplos:
- Depois de um ano fazendo intercâmbio, eu voltei [a casa];
- Depois de um ano fazendo intercâmbio, eu voltei à casa da minha família.
3. Casos facultativos do uso da crase
Antes de pronomes possessivos femininos: minha(s), tua(s), sua(s), nossa(s), vossa(s), sua(s).
- Encomendei os melhores brigadores a ou à minha amiga.
- Vamos à sua casa mais tarde!
Depois da preposição “até”
- Podemos ir até a ou à esquina para comprar um picolé?
Antes de nomes próprios femininos: porém, em casos que o nome próprio está determinado, é obrigatório o uso da crase.
- Devolvi a ou à Raquel o livro que havia me emprestado.
- Devolvi à estudante Raquel o livro que havia me emprestado.
4. Casos que não ocorre uso da crase
Antes de palavra masculina: pois antes de palavra masculina não ocorre o artigo “a”, indicador do gênero feminino, o “a” é apenas uma preposição.
- Como funciona o pagamento a prazo?
- Por fim, termine sua receita colocando sal a gosto.
Antes de verbo: pois antes de verbo não ocorre artigo, mas sim a preposição.
- O jovem está disposto a ajudar.
Antes de alguns pronomes: quando não ocorre a indicação do artigo.
- Ele falou alguma coisa a você?
- Ele disse a ela que não vai viajar.
Antes de nome de cidade: pois antes de nomes de cidade não se emprega artigo.
- Você não vai a Natal?
Expressões formadas por palavras repetidas
- Ficou cara a cara com o assaltante.
- De minuto a minuto os jovens olham as redes sociais.
“A” antes de palavras flexionadas no plural
- Os dados coletados não se referem a populações indígenas.
- As histórias de bruxas pertencem a fantasias literárias.
Depois de preposições como: “para”, “perante”, “com” e “contra” .
- O encontro foi marcado para as 18h.
- A manifestação é contra a corrupção.
Superdicas para fazer uso da crase corretamente
Além das regrinhas que mostramos, também existem algumas rimas conhecidas que podem auxiliar a fixar na sua mente o uso da crase.
Veja a lista abaixo:
Em locução adverbial, colocar crase é primordial.
- Às vezes, é preciso saber lidar com determinadas situações.
Diante de cardinal, crase faz mal.
- Li o livro da página 10 a 25.
Diante de masculino, crase é pepino.
- Márcio veio para casa a pé.
Diante de pronome, coloca crase ou some.
- Mostrei uma foto a ela.
Palavra determinada, crase liberada.
- Vamos à fazenda do meu tio.
Palavras repetidas, crase proibida.
- Segui o passo a passo do roteiro.
Quando for hora, crase sem demora.
- Vou sair do curso às 19h.
Sendo “à moda de”, crase, tem que ter.
- Adoro comida à moda italiana.
Vou a, volto da, crase há.
- Vou à Alemanha.
- Voltei da Alemanha.
Vou a, volto de, crase pra quê?
- Vou a Minas.
- Voltei de Minas.
“A” + “Aquele”, crase nele.
- Fiz queixas àquele homem.
Esperamos que você tenha entendido tudo sobre o uso da crase. Aproveite o assunto e leia nosso próximo artigo para saber como estudar gramática!