Desde pequenos, aprendemos sobre a importância de uma relação equilibrada entre o homem e o meio ambiente. Os impactos da ação humana na natureza, no entanto, aumentaram drasticamente nas últimas décadas, e as consequências vem atingindo cada vez mais a população.
Diante desse cenário, observamos o crescimento da preocupação com a preservação ambiental, com a poluição do planeta e até com a adoção de práticas mais ecológicas. No entanto, as mudanças positivas ainda acontecem num ritmo muito inferior ao necessário para que produzam algum impacto significativo.
Então o que fazer? Desistir de cuidar do meio ambiente não é uma opção, de modo que só nos resta pensar sobre o assunto e tentar elaborar alternativas. Neste conteúdo, te ajudamos a refletir sobre essa relação e a entender melhor o contexto em que nos encontramos hoje. Continue lendo e confira!
Como o homem interage com o meio ambiente?
Durante a pré-história, há cerca de 12 mil anos, o homem estava à mercê da natureza: não só éramos uma raça nômade, deslocando-nos de um ponto a outro para encontrar comida e condições favoráveis de vida, como também não tínhamos o conhecimento necessário para produzir as ferramentas que possibilitariam a nossa sobrevivência.
É só no período Neolítico (10.000 a.C. a 2.000 a.C.) que as relações entre o ser humano e o meio ambiente se estreitam e se modificam. Isso acontece graças à prática da agricultura, que permite a sedentarização e a construção de pequenas comunidades em diferentes regiões do planeta. Ou seja: há uma mudança na dinâmica com a natureza e o homem passa a ser capaz de “controlá-la”.
De lá para cá, o desenvolvimento de novas ferramentas e, mais tarde, de grandes máquinas e indústrias afetou ainda mais essa relação outrora harmônica. Graças à ação humana, o meio ambiente se tornou mais poluído; as áreas verdes diminuíram; inúmeras espécies foram levadas à extinção. E, agora, como consequência, nossa própria vida está ameaçada.
O impacto das revoluções
Ao longo da existência da espécie humana, atravessamos três revoluções fundamentais para a nossa sobrevivência. Cada uma delas, no entanto, mudou a nossa forma de nos relacionarmos com a natureza e os impactos que geramos no meio ambiente.
Na tabela abaixo, você entende um pouco melhor essa relação:
Revolução | O que foi? | Impactos no meio ambiente |
Agrícola | Momento em que os seres humanos desenvolvem técnicas de agricultura que possibilitam o sedentarismo e a construção de pequenas comunidades. | Maior controle sobre o meio ambiente, a partir do plantio e de técnicas mais avançadas de caça. |
Científica | Momento em que se desenvolve a ciência moderna, sobretudo a partir da matemática. São criadas novas filosofias e estruturas sociais, e têm início o domínio sobre outros povos. | O meio ambiente passa a ser entendido como um espaço a ser conquistado e dominado. Recursos naturais passam a movimentar a economia, o que incentiva a exploração. |
Industrial | Momento em que se desenvolvem as grandes indústrias. Dividida em três fases, a Revolução Industrial marca o domínio humano sobre as máquinas. | A natureza passa a sofrer as consequências da exploração em um nível mais acelerado. A qualidade do ar e dos rios diminui. As cidades se expandem, o que gera uma diminuição da vida agrícola. O foco é a sobrevivência em massa, então a tecnologia passa a ser aplicada no meio ambiente para aumentar a produção. |
É importante ter em mente que cada uma das revoluções impactou a nossa vida em diversos níveis, uma vez que as ações humanas estão sempre interligadas. Nesse sentido, nenhum evento histórico deve ser entendido como inteiramente bom ou ruim — o que importa, ao pensarmos na relação entre homem e natureza, é como cada um dos nossos avanços também pode representar, em outro aspecto, um retrocesso.
- Leia também: O lixo e a sociedade de consumo no Brasil
As consequências do aquecimento global
O aquecimento global não é um fenômeno recente, mas só passou a ser discutido com seriedade nas últimas décadas, desde a Eco-1992. Embora venha se tornando um tema central quando o assunto é a sobrevivência humana, ele ainda não é tratado com o cuidado necessário, e as ações humanas continuam a piorá-lo gradualmente.
Como consequência, lidamos cada vez mais com catástrofes naturais e eventos de assustadora magnitude, como furacões, queimadas, tempestades, enchentes e tsunamis. Afinal, o nosso planeta é um ecossistema delicado, e o desequilíbrio em uma parte tão importante quanto a sua temperatura ocasiona um efeito cascata de tragédias.
Qual é o papel do homem na preservação do meio ambiente?
Da mesma forma que a ação humana é a principal responsável pela destruição do meio ambiente, ela é a única capaz de restaurar pelo menos parte das condições ideais da natureza. Para isso, porém, é necessário que a raça humana se comprometa com ações de preservação ambiental.
A adoção de novas práticas, embora não seja sempre simples, pode ter um importante impacto na recuperação de melhores condições de vida. As principais delas são:
- A transição para fontes de energia renovável, que auxiliam a diminuir a queima de combustíveis fósseis, diminuindo a emissão de gases poluentes e freando o consumo de recursos naturais que não se renovam com facilidade.
- A implementação de práticas agrícolas sustentáveis, como é o caso da agricultura familiar, que diminui o impacto negativo do agronegócio, como a monocultura, a contaminação de solos e rios e a redução da biodiversidade. Essas práticas também garantem a sobrevivência de mais famílias e o acesso de mais pessoas a alimentos de qualidade, sem agrotóxicos.
- A conservação das florestas, que não só mantém o equilíbrio de fauna e flora, como também ajuda a regular a temperatura do planeta, melhora a qualidade do ar e diminui o número de acidentes naturais (como os deslizamentos).
- A adoção de práticas de turismo sustentável, que movimentam a economia local sem que haja prejuízo às comunidades e ao ecossistema.
- Leia também: Zoológicos: preservação ou exploração dos animais?
Como melhorar a relação do homem com o meio ambiente?
Para que a relação entre homem e meio ambiente seja repensada, é necessário que diferentes agentes sociais atuem em direção a esse objetivo. Os esforços devem ser, portanto, coletivos, visando uma melhora na qualidade de vida de toda a humanidade, ainda que isso represente alguns sacrifícios.
A seguir, você conhece alguns desses agentes e compreende qual é o papel que eles podem desempenhar na construção de um relacionamento mais saudável do homem com a natureza.
Dica! Na hora de escrever uma redação sobre esse eixo temático, esses são alguns dos chamados GOMIFES, agentes que podem aparecer na sua proposta de intervenção!
O papel da escola
A escola é um dos primeiros espaços onde aprendemos a desenvolver a nossa consciência ambiental. Por isso, ela é um agente fundamental quando o assunto é a melhoria da relação entre homem e meio ambiente.
Por meio da Educação Ambiental, a escola pode promover uma mudança na maneira como entendemos a nossa relação com o espaço que habitamos no mundo. Além disso, pode incentivar a reflexão sobre as consequências das nossas ações a curto, médio e longo prazo.
Com a educação ambiental, portanto, é possível formar cidadãos conscientes e engajados em pautas ambientais. Isso significa que, no futuro, esses cidadãos poderão optar por caminhos e soluções mais sustentáveis, reduzindo, aos poucos, o impacto humano no meio ambiente.
O papel do poder Legislativo
O poder Legislativo é o principal responsável pela criação de leis nos diferentes âmbitos políticos (federal, estadual ou municipal). Por isso, o seu papel na melhoria da relação entre o homem e o meio ambiente está relacionado a elaborar as normas padrões que devem ser seguidas para que seja mantido o equilíbrio da natureza.
Nesse sentido, é papel do Estado e dos agentes do poder Legislativo definir os limites das ações do homem no meio ambiente, bem como as punições adequadas para quem os desrespeitar.
O papel do poder Executivo
O poder Executivo é o responsável por garantir que sejam executadas as leis e normas propostas e aprovadas pelo poder Legislativo. Por isso, o seu papel na melhoria da relação entre homem e meio ambiente é o de investigar quais agentes não estão cumprindo a legislação.
Faz parte do poder Executivo, por exemplo, o Ministério do Meio Ambiente. Criado em 1992, ele tem como principal missão promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção e a recuperação do meio ambiente. E, para isso, atua:
- Na política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos;
- Na política de preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas e biodiversidades;
- Na proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais;
- Nas políticas para a integração entre meio ambiente e produção;
- No zoneamento ecológico-econômico.
O papel da mídia
A mídia é considerada, no Brasil e no mundo, o “quarto poder”, isto é, um agente de transformação não oficial, capaz de influenciar as ações humanas. Quando se trata do meio ambiente e da relação entre homem e natureza, portanto, sua principal tarefa é servir como um instrumento de denúncia de crimes ambientais e de conscientização ambiental.
Através da mídia, toda a população de uma região pode ficar ciente dos impactos negativos de algumas ações no meio ambiente. Também pode ser ela a responsável por divulgar novas políticas públicas, novas leis e mesmo de incentivar a adoção de práticas individuais que podem ter impactos significativos na proteção do meio ambiente.
Por fim, a mídia pode ser um importante agente de comunicação para explicar a urgência de melhorarmos o nosso relacionamento com a natureza. Através de notícias, documentários e entrevistas com especialistas, por exemplo, podemos atingir cada vez mais pessoas e promover uma maior consciência ambiental.
Redação pronta sobre o tema
Agora, leia uma redação pronta sobre o tema “Os desafios da relação entre o homem e o meio ambiente“:
Em suas memórias póstumas, Brás Cubas certa vez disse que não teve filhos para não transmitir a nenhuma criatura o legado da miséria humana. No que tange à preservação ambiental, tal pensamento torna-se assertivo, uma vez que a relação entre o homem e o meio ambiente tem se tornado cada vez mais deteriorada, evidenciando a degradação ambiental. Nesse sentido, deve-se observar as causas de tais atitudes e suas consequências. [1][2]
É preciso analisar, antes de tudo,[3], as causas desse desgaste ambiental. A partir da revolução industrial que ocorreu no século XVIII, a sociedade passou a utilizar cada vez mais os recursos naturais em prol de obter o maior lucro possível com seus produtos industriais, fortalecendo assim o capitalismo. Nesse sentido, o homem enxerga a natureza como uma fonte[5] essencial e inesgotável para o seu progresso. Entretanto, o meio ambiente não consegue renovar-se no mesmo ritmo em que é desgastado, o que torna essa relação danosa e desproporcional.
Consequentemente, notam-se inúmeros problemas devido ao convívio entre o homem e o meio ambiente. Dentre os quais pode-se citar: desaparecimento de espécies, poluição de rios e mares, destruição de habitats e alterações climáticas. Tais impactos são catalisados pelo consumo atual, uma vez que, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman,[6], vive-se em uma sociedade de consumo, e que este já faz parte do “metabolismo” humano. Assim, é evidenciado o colapso em que vive o ecossistema terrestre.[4]
Fica claro, portanto,[7] a urgência em resolver esse impasse. Primeiramente, é preciso que o Ministério do Meio Ambiente desenvolva projetos, em parceria com a iniciativa privada, a fim[9] de utilizar os recursos naturais de forma consciente, mesclando o progresso financeiro com a preservação ambiental. Ademais, esse ministério, em parceria com a Mídia, deve instruir a população, por meio de debates e ficções engajadas, a ser menos consumista e potencializar a capacidade de reutilizar e reciclar produtos, poupando assim, os recursos naturais. Dessa forma, o homem poderá viver em harmonia com o meio ambiente, e deixar um legado do qual Brás Cubas iria se orgulhar.[8]
Comentários sobre a correção da redação
Veja os comentários do corretor sobre a redação.
Competência I: demonstrar domínio da norma culta
- [9] Seu texto apresentou precisão vocabular e obedeceu às regras gramaticais. Parabéns! O domínio da norma culta será fundamental para construção de sua nota no exame do ENEM.
Competência II: compreender a proposta
- [1] Apresentou boa compreensão da proposta, atendendo à delimitação temática.
- [2] Muito bem! Explicitou logo na introdução a tese a ser defendida.
Competência III: selecionar e relacionar argumentos
- [4] Ótimo! Apresentou um argumento válido, completo e muito produtivo à argumentação.
- [5] Você poderia ter explorado um pouco mais esse argumento. Seria relevante que você argumentasse que o governo também tem um papel nesse problema. Pelo menos cite brevemente essa relação entre o papel do governo na preservação natural.
- [6] Parabéns pela citação, ela enriqueceu seu texto!
Competência IV: conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação
- [3] Excelente! O texto foi articulado de forma muito eficiente, deixando clara qual informação e interpretação que gostaria que o leitor tivesse.
- [7] Não houve inadequação no uso de conectivos, nem repetição de palavras, o que contribuiu para a leitura fluida e agradável da redação. Muito bem!
Competência V: elaborar a proposta de intervenção para o problema
- [8] Excelente! Você resolveu os problemas apresentados na argumentação e, ainda, compreendeu muito bem o que é necessário conter na proposta de intervenção.
Comentário final
A sua redação está muito boa, mas seguem algumas dicas de desenvolvimento e abordagem de problemáticas na correção que podem melhorá-la ainda mais. Boa sorte no Enem. 😀
Nota: 960
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