De acordo com o último levantamento de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de idosos brasileiros matriculados em cursos superiores ultrapassa 51 mil — um aumento de 56% no período de uma década.
A busca pelo ensino superior completo vem crescendo nessa população. E os motivos variam muito: melhores condições de vida, possibilidade financeira de retomar os estudos, desejo de realizar um sonho e até tédio depois da aposentadoria. No entanto, diante desse novo cenário, é preciso pensar: as instituições de ensino superior têm a infraestrutura necessária para recebê-los? Quais desafios podem ser enfrentados por esse público?
Para te ajudar a responder algumas dessas questões, preparamos este conteúdo! Continue lendo para entender o crescente interesse da população idosa no ensino superior, quais são os desafios e como superá-los!
Por que o número de idosos no ensino superior aumentou?
O interesse da população da chamada terceira idade pelo ensino superior vem aumentando no país durante a última década. Os motivos para a retomada ou o início desses cursos são muito variados. Confira alguns abaixo:
1. Possibilidade de retomar os estudos
Com a chegada da terceira idade, não é incomum que a população idosa, agora com mais tempo disponível, busque retomar atividades que, durante a maior parte de suas vidas, tiveram que ser interrompidas.
Os motivos para essa pausa também variam: em alguns casos, era a necessidade de ingressar no mercado de trabalho; em outros, a maternidade. Há quem tenha parado de estudar porque perdeu um parente e precisou ajudar com as despesas; há quem tenha lidado com doenças graves e ficado impossibilitado de retornar para a sala de aula.
Seja graças a uma maior estabilidade financeira, seja porque sentem que têm tempo e disposição para lidar com esses novos desafios, um grande volume de idosos admite procurar um curso superior para terminar um projeto que, até então, não podia ser concluído.
2. Vontade de realizar um sonho
Em um país tão desigual quanto o Brasil, o acesso ao ensino superior ainda é considerado um privilégio para poucos. Há algumas décadas, no entanto, ele era muito mais restrito — o que significa que grande parte da população hoje idosa pode não ter tido a oportunidade de acessá-lo.
Dedicar-se aos estudos e a um interesse específico não é uma garantia de todos os brasileiros. Por isso, na terceira idade, algumas pessoas decidem ir atrás desse sonho “pausado”.
3. Fazer o curso que queria ter feito mais jovem
A opção por cursos com retorno financeiro mais rápido não é nada atual: há muitos anos, jovens escolhem o seu caminho profissional não com base no que gostam, mas com base nas promessas de um bom futuro depois da formatura.
Por isso, parte da população idosa retorna à sala de aula para estudar algo que sempre sonhou, mas que não considerou na sua época de vestibular.
Quais são os benefícios?
O acesso à educação superior é bastante benéfico tanto para a população idosa, quanto para o país em geral. Entenda o porquê:
Para os idosos
Os principais benefícios para os idosos que decidem ingressar no ensino superior estão associados à melhora da qualidade de vida em geral. Eles incluem:
- Mais contato com outras pessoas, diminuindo o isolamento (comum conforme o avanço da idade);
- Maior estímulo cerebral, fator que pode ser protetivo inclusive para o desenvolvimento de doenças, como o Alzheimer;
- Maior sensação de “utilidade”, uma vez que são estimulados a completar tarefas e trabalhos e podem ter a sensação de avançar na carreira acadêmica.
Esses benefícios também promovem um ganho de saúde mental, que pode afetar positivamente os índices brasileiros: hoje, o número de casos de depressão na população idosa vem aumentando — segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, eles são uma das populações mais afetadas pela doença.
Nesse sentido, os estudos podem ser uma forma de fazer com que eles se sintam mais motivados.
Para o Brasil
Para além de beneficiar a população idosa, o maior acesso ao Ensino Superior também pode colaborar para a economia brasileira como um todo. Afinal, com maior qualificação profissional e mais motivação, os idosos podem viver mais e contribuir com a economia por mais tempo.
Esse impacto positivo pode ser observado, em primeiro lugar, nos índices de Ensino Superior do país e no setor educacional. No entanto, também se reflete mesmo nas atividades do dia a dia, com a movimentação econômica dos pequenos negócios e até o incentivo ao espírito empreendedor.
Quais são os principais desafios de incluir os idosos no ensino superior?
Embora a presença de mais pessoas idosas no ensino superior seja benéfica tanto para essa população quanto para o país como um todo, ela não é tão simples.
É importante lembrar que o Brasil ainda enfrenta dificuldades para a alfabetização de idosos, por exemplo, e que a sua permanência no ensino depende de uma série de fatores. Entenda, a seguir, dois dos principais desafios.
1. Falta de incentivos
A falta de políticas públicas que incentivem a entrada e permanência de idosos no ensino superior ainda é uma realidade.
Hoje, o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741) estipula os direitos assegurados a pessoas com mais de 60 anos, e a Lei nº 13.535 determina que as instituições de educação superior devem ofertar cursos e programas de extensão focados em pessoas idosas. No entanto, essas políticas, sozinhas, não são suficientes.
Isso porque elas não garantem que as pessoas idosas terão as mesmas chances de ingressar na educação superior que a população mais jovem. Depois, porque não implementam ferramentas que auxiliem a permanência dessa população na universidade, como ações que promovam maior acessibilidade aos materiais usados, além de educação digital.
2. Preconceito
O preconceito contra pessoas idosas também é uma realidade que afasta essa parte da população do ensino superior. A estigmatização recebe, inclusive, um nome próprio: etarismo. Ela parte do princípio de que uma pessoa mais velha não é capaz de acompanhar o raciocínio ou as atividades, como se fosse fraca e indefesa.
Os casos de etarismo não são raros no Brasil: no mercado de trabalho, por exemplo, as pessoas mais velhas costumam ser desconsideradas para as vagas apenas por conta da sua idade. Essa postura, além de discriminatória, também reforça sentimentos negativos, podendo afetar a saúde mental e autoestima dessa população.
Exemplo de redação sobre o tema
Agora, confira um exemplo de boa redação sobre o tema “Desafios para a inclusão do idoso no ensino superior“, além do feedback completo:
O filme “Um senhor estagiário” narra a história de Ben Whittaker, um aposentado de 70 anos que se torna estagiário sênior em um site de moda em ascensão e logo enfrenta problemas com as novas tecnologias e é subestimado por seus colegas de trabalho. Fora das telas, no Brasil, um número cada vez maior de idosos tem ingressado em Instituições de Ensino Superior (IES). No entanto, esse grupo enfrenta constantemente diversos entraves para ter acesso e dar continuidade aos seus estudos, isso ocorre devido à insuficiência de políticas públicas, além do preconceito constante por parte da sociedade.[1][2]
Primeiramente, vale ressaltar a existência da lei 13.535/2017, que exige que as IES ofertem cursos e programas de extensão aos idosos.[4] Todavia, tal medida não se mostra suficiente para garantir o pleno ingresso dos idosos no ensino superior, uma vez que os candidatos de idade avançada e que, em sua maioria, concluíram seu ensino médio há anos, concorrem às vagas juntamente aos jovens recém-formados e, portanto, mais preparados para os vestibulares.[5] Segundo os dados do INEP,[3] no ano de 2012 apenas 0,21% dos ingressantes eram idosos e parte desses evadiram de seus cursos, comprovando a urgência de novas intervenções governamentais.[6][7]
Outrossim, embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estime altos índices de idosos potencialmente ativos nos próximos cinquenta anos, existem, ainda na atualidade[8] estereótipos errôneos quanto à pessoa idosa.[9] Segundo a Folha de São Paulo, 31% das pessoas acima dos 60 anos afirmam ter sido discriminados por sua idade.[10] A imagem de um ancião cansado, fraco e indefeso contribui para a formação de preconceitos no ambiente acadêmico, sobretudo por parte dos discentes jovens, que duvidam da capacidade de seus colegas de idade avançada, tal qual aconteceu a Bem Whittaker.[11][12]
Portanto, o acesso de idosos ao ensino superior configura-se como um desafio para a sociedade e seus governantes. Logo, cabe ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), junto ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), democratizar o ingresso nas IES por parte da população envelhecida. Para isso, deverão ser criadas ações afirmativas específicas para cidadãos de idade avançada nos programas do Governo Federal, ao passo que também serão realizadas campanhas de conscientização da população acadêmica sobre a quebra da estigmatização dos idosos. Dessa forma, garante-se um país mais humanizado e igualitário.[13]
Comentários sobre a correção da redação
Veja os comentários do corretor sobre a redação.
Competência I: demonstrar domínio da norma culta
- [3] É usual, quando se cita uma sigla pela primeira vez, descrever o que ela significa. Apesar de haver discordância entre professores, pois se trata também de estilo, é melhor evitar perda de pontos por algo tão simples.
- [8] Insira uma vírgula.
Competência II: compreender a proposta
- [1] Muito bem! Explicou logo na introdução a tese a ser defendida.
- [2] Seu parágrafo introdutório explana o recorte temático, mostrando que compreendeu a proposta.
- [4] Parabéns! Aqui você confirmou sua tese. Não se esqueça de fazer isso em todos os parágrafos.
Competência III: selecionar e relacionar argumentos
- [5] Esse argumento ficou muito bem relacionado à temática, parabéns!
- [6] Muito bem! Estes dados deram credibilidade a seu argumento.
- [9] Ótimo argumento, muito bem!
- [10] Parabéns por apresentar dados que denotam credibilidade ao argumento apresentado.
- [11] Esse argumento ficou muito bem relacionado à temática, parabéns!
Competência IV: conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação
- [7] Não houve inadequação no uso de conectivos, nem repetição de palavras, o que contribuiu para a leitura fluida e agradável da redação. Muito bem!
- [12] Você utiliza adequadamente os conectivos e os sinônimos, e isso faz com que sua redação tenha uma leitura agradável. Parabéns!
Competência V: elaborar a proposta de intervenção para o problema
- [13] Excelente! Você resolveu problemas apresentados na argumentação e, ainda, compreendeu muito bem o que é necessário conter na proposta de intervenção.
Comentário final
Parabéns, excelente argumentação e reflexão. Bons estudos!
Nota: 960
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