Desde 2008, o Brasil lidera o ranking de países que mais usam agrotóxicos no mundo. O grande incentivo ao agronegócio e a falta de controle sobre as substâncias permitidas no país, porém, causam danos irreparáveis à saúde da população e ao meio ambiente.
Pensando nisso, a equipe da Imaginie preparou um conteúdo completo sobre o assunto. Aqui, você entende como o uso de agrotóxicos acontece no Brasil e quais os seus principais impactos. Além disso, confere uma redação pronta sobre o assunto e dicas para abordá-lo no vestibular. Continue lendo e saiba mais!
O que são agrotóxicos?
Agrotóxicos são produtos químicos usados em grandes plantações para controlar pragas — como insetos, larvas, fungos e carrapatos — que afetam a lavoura e podem causar doenças. Eles podem ser aplicados durante a limpeza do terreno, a preparação do solo, nas pastagens, no acompanhamento da lavoura etc.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em países em desenvolvimento, agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano, levando à morte. Outros mais de 7 milhões de casos de doenças agudas e crônicas não fatais também são registrados.
- Leia também: Entenda como a relação do homem com o meio ambiente impacta a nossa vida [+ Redação pronta]
Como é o consumo de agrotóxicos no Brasil?
De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com 720 mil toneladas para o uso agrícola. Esse valor representa quase 60% a mais do que a quantidade usada pelos Estados Unidos, que fica em segundo lugar no ranking.
O Brasil é o país com maior consumo destes produtos desde 2008, graças ao desenvolvimento do agronegócio no setor econômico. Apesar de ser um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, porém, o controle do uso de pesticidas ainda é muito inferior ao necessário.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que mais de 20 substâncias permitidas e usadas no Brasil já foram banidas de outros países. Além disso, cerca de 50% dos agrotóxicos usados na nossa agricultura não são admitidos nos seus países de origem, o que levanta uma série de questões sobre os possíveis impactos na saúde da população brasileira.
Principais consequências
Como são substâncias tóxicas, é evidente que o uso de pesticidas e agrotóxicos acarreta uma série de riscos e consequências para a população e para o meio ambiente. Abaixo, você entende melhor esse impacto em três grupos: os trabalhadores rurais, a população em geral e a natureza.
Para os trabalhadores rurais
A grande quantidade de agrotóxicos usada no Brasil representa um risco igualmente preocupante para aqueles que trabalham diretamente na aplicação do insumo. Os trabalhadores rurais diariamente expostos aos pesticidas têm risco de desenvolver problemas de saúde graves, desde intoxicações agudas até danos ao sistema nervoso, reprodutivo e endócrino.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a contaminação ocorre em diferentes etapas do trabalho — ou seja, o manuseio, a diluição, a mistura, a aplicação e o descarte de agrotóxicos. Além disso, a limpeza de recipientes e o manuseio de culturas também são portas de contato com as substâncias tóxicas.
A preocupação aumenta quando levamos em consideração o impacto das mudanças climáticas. Com o calor excessivo, esses trabalhadores também suam mais, o que aumenta a capacidade de absorção da pele. Dessa forma, têm ainda mais risco de se contaminar.
Nesse cenário, o uso de equipamentos de proteção se torna indispensável. Ainda assim, é frequentemente deixado de lado, uma vez que as condições de trabalho — sob o sol intenso, durante muitas horas e em ambientes com muita poeira — não são propícias para o tipo de traje recomendado, em geral pesado e com muitas camadas.
Para a população em geral
Embora os trabalhadores rurais sejam o grupo mais atingido pelo uso de agrotóxicos, toda a população está exposta a essas substâncias e corre o risco de apresentar problemas de saúde.
As principais formas de contato incluem o consumo de alimentos e água contaminados. Em 2022, foi encontrado um “coquetel” com mais de 27 tipos de pesticidas na água de 210 municípios brasileiros. Embora a concentração de cada agrotóxico estivesse dentro do permitido pelo Ministério da Saúde, a grande mistura de substâncias pode ocasionar efeitos ainda desconhecidos na saúde.
A dispersão dos pesticidas no ar também pode chegar às cidades e atingir a população. Além disso, contamina a chuva: um estudo da Unicamp revelou que a chuva de pelo menos três regiões do estado de São Paulo está contaminada por venenos agrícolas, incluindo substâncias proibidas no Brasil.
Mesmo os produtos industrializados não são totalmente seguros: um levantamento do Instituto de Defesa dos Consumidores (Idec) mostrou que 12 marcas de alimentos ultraprocessados brasileiros apresentam resíduos de agrotóxicos.
Os efeitos na saúde também podem ser diversos, variando desde a intoxicação até o desenvolvimento de doenças agudas crônicas, como o câncer e o Parkinson, além de lesões no fígado, pele e pulmão, alterações hormonais e, em alguns casos, alterações genéticas.
Para a natureza
Por fim, o uso excessivo de substâncias tóxicas também é prejudicial para a natureza, contaminando a água e o solo e causando efeitos irreversíveis em outras espécies além daquelas consideradas prejudiciais para as plantações.
Um problema recorrente é a contaminação do solo, que afeta as populações de microrganismos benéficos para a saúde da terra. Assim, a produção de nutrientes é reduzida, o que impacta inclusive a qualidade dos alimentos.
O uso de sprays também é prejudicial ao solo e ao ar, uma vez que as substâncias utilizadas podem se espalhar por vários quilômetros além da área onde são aplicadas. Uma consequência comum são os danos a outras plantas, além da redução drástica na qualidade das sementes.
Por fim, pesticidas hidrossolúveis alcançam águas superficiais, como rios e lagos, graças ao escoamento das plantas tratadas e do solo contaminado. Contudo, alguns agrotóxicos também podem penetrar o solo, atingindo aquíferos — o que leva a um problema muito mais grave, já que pode demorar anos até que essa água seja descontaminada.
Essa combinação de contaminações se reflete, é claro, na vida animal, chegando à cadeia alimentar e alcançando, enfim, a vida humana. Nesse sentido, o impacto ambiental é também um impacto à saúde da população que consumirá esses alimentos. Daí o incentivo à compra de produtos orgânicos — que, por sua vez, costumam ter um custo mais alto e serem menos acessíveis à população em geral.
Como reduzir o consumo de agrotóxicos?
A redução do uso de agrotóxicos passa por uma mudança estrutural no Brasil, que leva em conta o nosso principal modelo de produção agrícola, políticas públicas e fiscalização. Nesse sentido, algumas alternativas incluem:
1. Incentivo à agroecologia
As práticas agroecológicas são baseadas no desenvolvimento sustentável e respeitam o ciclo natural dos alimentos, além da biodiversidade. Nesse sentido, adotam-se medidas como a rotação de culturas, a adubação natural e o controle biológico de pragas.
2. Investimento em novas pesquisas
Estudos e pesquisas focados no controle biológico de pragas, no uso de bioinsumos e na produção de sementes mais resistentes são alguns exemplos de maneiras de reduzir o uso de pesticidas e ainda aumentar o desenvolvimento tecnológico do país.
3. Fortalecimento da agricultura familiar
A agricultura familiar já é responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira, e também é mais adaptável a métodos sustentáveis. O incentivo a esse modelo também pode ajudar na redução dos impactos ambientais e no desenvolvimento econômico da população.
4. Novas medidas de regularização
A proibição de substâncias altamente tóxicas, que ainda são usadas no país, e projetos como a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA) são maneiras de diminuir o uso de pesticidas.
5. Maior fiscalização
A exigência de uma rotulagem mais clara nos alimentos e o controle das substâncias utilizadas são duas etapas indispensáveis para que as medidas de regularização sejam aplicadas e respeitadas.
Como falar sobre agrotóxicos na redação?
Para tratar, na redação, de um tema tão amplo e complexo quanto o uso excessivo de agrotóxicos no Brasil, o primeiro passo é se familiarizar com o assunto. Dessa maneira, você conhece os dois lados do debate, formula a sua opinião e consegue elaborar uma tese com mais facilidade.
Para isso, você pode expandir o seu repertório sociocultural consumindo mais conteúdos sobre o tema. Aqui vão alguns exemplos:
- O veneno está na mesa (2011): Este documentário, dirigido por Silvio Tendler, é um grande clássico para tratar do uso descontrolado de agrotóxicos no Brasil e seu impacto na saúde. A sua sequência, O veneno está na mesa 2 (2014), foca em alternativas agroecológicas.
- Céu sujo (2022): O foco deste documentário é mostrar a relação entre os agrotóxicos, o avanço do agronegócio e as mudanças climáticas.
- Podcast Fumaça: O episódio “Agrotóxicos no prato e na política” entrevista especialistas sobre o lobby do agronegócio e os impactos dos agrotóxicos no Brasil.
- Podcast Oxigênio (Unicamp): O episódio “Agrotóxicos e saúde pública” aborda os efeitos à saúde do uso de pesticidas, especialmente em regiões rurais.
Você também pode apostar no uso de dados na redação, que ajudam a reforçar a sua argumentação e a provar um ponto. Mas lembre-se de citá-los a partir de sites confiáveis.
Confira uma redação pronta com o tema: “O uso de agrotóxicos no Brasil e no mundo”
A Revolução[1] Verde[2], ocorrida na segunda metade do século XX, foi responsável por introduzir técnicas inovadoras de produção no campo, como a transgenia de alimentos e o uso de agrotóxicos.[3] Em primeira instância essas mudanças foram positivas, uma vez que aumentaram a produtividade agrícola, entretanto com o uso desregulado de agrotóxicos, os impactos ambientais foram atenuando-se paralelamente aos riscos à saúde humana, pois, sendo necessário instituir políticas mais severas quanto à liberação de novos tóxicos, a fim de preservar os ambientes e processos que envolvem a cadeia produtiva da agricultura.[4]
Em primeiro lugar, vale ressaltar que o uso de insumos tóxicos gera um grave desequilíbrio ecológico e coloca em risco o bem estar, não apenas do ser humano mas também de diversos outros seres vivos. Nesse sentido é perceptível que a contaminação ocorre por meio de duas maneiras: a primeira através do contato direto, sujeita a agricultores responsáveis por aplicar o veneno e a trabalhadores do campo, a segunda por meio do contato indireto, como o consumo de alimentos. Em ambos os casos a presença de resíduos tóxicos no organismo pode causar a falência respiratória, câncer e lesões renais,[5] tal como apontado pela Organização[6] Mundial[7] da Saúde[8] “OMS”. Em adição, tais problemas no ambiente natural acarretam na morte da fauna e alteram de maneira drástica as relações ecológicas em equilíbrio.
Dessa forma,[9] surge a problemática da possibilidade de ocorrer o aparecimento de pragas mais resistentes e imunes aos agrotóxicos. Pois de acordo com o princípio da “Seleção Natural” de Charles Darwin, os pesticidas podem ou eliminar predadores naturais de outros seres vivos que podem vir a se tornarem pragas, ou realizar a seleção de insetos mais resistentes gerando sua posterior reprodução em larga escala. Não obstante, esse cenário tende a ser minimizado nos países da Europa e nos Estados Unidos, em razão de que os mesmos proibiram o uso de diversos defensivos agrícolas. Em contrapartida, o Brasil apresenta preocupante flexibilização quanto à liberação de novos agroquímicos, incluindo alguns até mesmo proibidos em outros países, tal como apresentado pela pesquisadora da USP[11] Larissa Mies, especialista em agrotóxicos.[12]
Em síntese,[13] a fim de evitar que os impactos na sáude[14][15] humana e no meio ambiente sejam acentuados é preciso que o ministério[16] da agricultura[17] proiba[18] o uso de insumos tóxicos classificados de alto risco e que não sejam extremamente essenciais à agricultura, isso deve ser feito buscando referência internacional analisando os agrotóxicos já proibidos por outros países. Ademais uma alternativa a ser aplicada é o uso do controle biológico de pragas,[19] e incentivo à agricultura familiar, em quase sua totalidade isenta de agrotóxicos, por fim, diminuindo os riscos à sauide[21] humana e ao meio ambiente.
Comentários sobre a correção da redação
Veja os comentários do corretor sobre a redação.
Competência I: demonstrar domínio da norma culta
- [1] Esta palavra é grafada com letra maiúscula.
- [2] Esta palavra não é grafada com inicial minúscula.
- [6] Esta palavra é grafada com letra maiúscula.
- [7] Esta palavra não é grafada com inicial minúscula.
- [8] Esta palavra é grafada com letra maiúscula.
- [11] É usual, quando se cita uma sigla pela primeira vez, descrever o que ela significa. Apesar de haver discordância entre professores, pois se trata também de estilo, é melhor evitar perda de pontos por algo tão simples.
- [14] Cuidado com a acentuação das palavras! Esta palavra requer acento.
- [15] Acentuar inadequadamente uma palavra pode comprometer a ideia que se quer passar. Ex.: Sabiá ≠ Sabia.
- [16] Esta palavra não é grafada com inicial minúscula.
- [17] Esta palavra é grafada com letra maiúscula.
- [18] Esqueceu-se de acentuar a palavra.
- [19] Retire a vírgula.
- [21] Esta palavra foi escrita incorretamente. Atenção!
Competência II: compreender a proposta
- [4] Muito bem! Explicitou logo na introdução a tese a ser defendida.
Competência III: selecionar e relacionar argumentos
- [3] Parabéns pela citação, ela enriqueceu seu texto!
- [5] Muito bem! Estes dados deram credibilidade a seu argumento.
- [10] Você fez bom uso da citação e isso deixou sua argumentação mais relevante e retira um possível caráter clichê do texto. Parabéns!
- [12] Parabéns pela citação, ela enriqueceu seu texto!
Competência IV: conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da argumentação
- [9] Não houve inadequação no uso de conectivos, nem repetição de palavras, o que contribuiu para a leitura fluida e agradável da redação. Muito bem!
- [13] Você utiliza adequadamente os conectivos e os sinônimos, e isso faz com que sua redação tenha uma leitura agradável. Parabéns!
Competência V: elaborar a proposta de intervenção para o problema
- [20] Excelente! Você resolveu os problemas apresentados na argumentação e, ainda, compreendeu muito bem o que é necessário conter na proposta de intervenção.
Comentário final
Olá, aluno (a)! Você iniciou sua redação com uma citação e isso ajudou muito em sua nota, além de fazer ótimos usos de dados estatísticos que deram grande credibilidade para sua argumentação. Excelente escolha no uso dos conectivos, seu texto ficou muito coeso. Ótima proposta de intervenção. Ao fazer o uso de siglas, descreva seu significado. E por fim fique atento aos erros de pontuação, acentuação, grafia e no uso da letra maiúscula, ademais, parabéns, seu futuro será brilhante, continue assim. Bons estudos!
Nota: 920
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