Se você está se preparando para o Enem e demais vestibulares sabe que para mandar na área de literatura deve dominar todas as figuras de linguagem, né?
Isso porque elas são um dos assuntos que mais caem nas provas que dão acesso ao Ensino Superior.
E foi pensando nisso que elaboramos este artigo para você. Nele, você vai conhecer a hipérbole, uma figura de linguagem amplamente utilizada em nosso dia a dia.
Então, bora conhecer a hipérbole?
O que é hipérbole?
Podemos dizer que a hipérbole é o oposto do eufemismo. Enquanto o eufemismo é uma figura de linguagem que procura amenizar as situações, por meio de palavras e expressões mais brandas, a hipérbole faz, justamente, o oposto, dando uma ênfase exagerada às emoções e sentimentos.
De modo geral, a hipérbole é utilizada quando queremos dar um maior enfoque aos sentimentos — como o amor, a tristeza, a alegria e outros —, às emoções — como o cansaço, sono, estresse etc. —, às ações — como correr, dançar e chorar, por exemplo. Por isso, essa figura de linguagem é muitíssimo utilizada em textos literários, mas também em músicas mais românticas.
As propagandas também costumam usar e abusar da hipérbole, já que que querem chamar a atenção dos telespectadores para determinado produto ou serviço oferecido.
Resumindo: a hipérbole é usada quando queremos intensificar determinadas frases, sentimentos e expressões e, para isso, utilizamos o valor conotativo das palavras e expressões.
Mas, afinal, o que é conotação e denotação? ?
A conotação é utilizada quando queremos modificar o sentido de alguma palavra ou expressão. Ao invés de usarmos o seu sentido real e literal, optamos por um sentido figurado. A conotação vai então ressignificar o sentido real das palavras.
É comum encontrarmos o sentido conotativo em conversas informais e mais comum ainda em gênero literários, como narrativas e, sobretudo, poesias.
Veja um exemplo para entender melhor:
- Poema de Carlos Drummond de Andrade:
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
(…)
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Neste poema, percebe-se como a linguagem é usada não em tom objetivo e real, mas sim em tom poético e conotativo, dando um novo significado às palavras.
E é por isso que o sentido conotativo é um atributo das figuras de linguagem e mais especificamente as figuras de pensamento.
Ao contrário, a denotação pode ser conceituada como o sentido literal das palavras e expressões.
O sentido denotativo pode ser explicado também como o sentido real de termos da língua portuguesa.
Geralmente, usamos a denotação em gêneros textuais mais sérios e objetivos, como artigos científicos, textos descritivos objetivos, na redação Enem, em textos dissertativos-argumentativos, enfim, o sentido denotativo é utilizado, principalmente, em textos mais objetivos e reais, quando se quer passar informações literais.
Veja alguns exemplos para entender melhor:
- “Amor: Grande afeição que une uma pessoa a outra, ou a uma coisa, e que, quando de natureza seletiva e eletiva, é frequentemente acompanhada pela amizade e por afetos positivos, como a solicitude, a ternura, o zelo etc.; afeto, devoção.” Definição de amor retirada do dicionário Michaelis.
- “A professora pediu à Maria que mostrasse o seu dever de Matemática.”
- “Hibisco: Denominação comum às plantas do gênero Hibiscus, da família das malváceas, originárias de regiões tropicais e subtropicais, providas de alcaloides, com folhas denteadas e grandes, cultivadas especialmente pelas flores exuberantes, de cores variadas, com propriedades medicinais e para produção de chás; beijo, graxa.” Definição de hibisco retirada do dicionário Michaelis.
- “Circo: Pavilhão ou recinto circular desmontável, coberto e cercado de lona, que tem no seu interior um picadeiro rodeado por cadeiras e arquibancadas, onde se apresentam atrações variadas que incluem, entre outras, acrobacias, equilibrismo, momices e pequenos atos histriônicos com palhaços, contorcionismo, animais adestrados etc.; burlantim: “Vou me segurar nele como faz um trapezista de circo” (Z4).” Definição de circo retirada do dicionário Michaelis.
O que melhor caracteriza o sentido denotativo são exemplos de verbetes retirados de dicionários, pois os dicionários tentam ao máximo dar o sentido literal de palavras e expressões, como nos exemplos anteriores.
Geralmente, quando os professores vão ensinar questões relacionadas à análise sintática, como, por exemplo, explicar o que é um complemento nominal ou um objeto direto e indireto, eles vão utilizar a linguagem denotativa. Já que na maioria das vezes os exemplos e as explicações são feitas por frases descontextualizadas, ou seja, frases que não estão dentro de textos.
Muito bem, agora que você sabe o que é denotação e conotação, vamos voltar à hipérbole. A seguir, vamos te mostrar exemplos de uso dessa figura de linguagem na literatura, em músicas e em frases do dia a dia. Acompanhe!
Exemplos do uso da hipérbole
Como mencionamos, a hipérbole é amplamente utilizada em textos literários, na música e mesmo em nosso cotidiano e foi por isso que resolvemos mostrar a você o emprego dessa figura de linguagem em diferentes contextos.
Hipérbole na literatura
A hipérbole é amplamente utilizada na literatura para enfatizar sentimentos, emoções, sensações etc. Confira a seguir um trecho do poema de Cecília Meireles:
“Brota esta lágrima e cai (…)
Mas é rio mais profundo
Sem começo e nem fim
Que atravessando por este mundo
Passa por dentro de mim”.
Perceba como Cecília Meireles faz uso da hipérbole comparando o choro e as lágrimas a um rio, passando essa ideia de demasiado exagero.
Hipérbole na música
Nas músicas, especialmente as mais românticas, a hipérbole também costuma se fazer presente. Veja a seguir a música “Exagerado” de Cazuza:
Amor da minha vida
Daqui até a eternidade
Nossos destinos
Foram traçados na maternidade
Paixão cruel desenfreada
Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras
Minhas mancadas
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar
E por você eu largo tudo
Vou mendigar, roubar, matar
Até nas coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
E por você eu largo tudo
Carreira, dinheiro, canudo
Até nas coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
Jogado aos teus pés
Com mil rosas roubadas
Jogado aos teus pés
Com mil rosas roubadas
Exagerado
Eu adoro um amor inventado
Esta música é um exemplo claro de uso da hipérbole, já que emprega termos, palavras e expressões exageradas, como o próprio título da música, para mostrar o amor do eu-lírico pela amada ou amado.
Hipérbole em frases do dia a dia
Por fim, mas não menos importante, trouxemos alguns exemplos de frases do dia a dia em que se emprega a hipérbole. Confere só:
- “Estava morta de fome!”
- “Chorei litros”
- “Sou eternamente grata a você!”
- “Ela demorou uma vida para escolher seu o presente”
- “Aquilo não foi uma chuva, foi um dilúvio”
- “Estou desmaiando de sono!”
- “Você demorou horas para secar o cabelo!”
- “Estou morrendo de saudade do meu crush!”
E aí, curtiu conhecer a hipérbole? Aposto que sim, ein? Bom, aproveite o embalo e conheça também a gradação, uma figura de linguagem que tudo tem a ver com a hipérbole! Afinal, quanto mais figuras de linguagem você dominar, melhor será sua nota na prova de literatura do Enem e demais vestibulares!